Crise de energia eleva produção de etanol e pressiona açúcar
Com o salto dos preços dos combustíveis, Brasil e Índia devem produzir mais etanol a partir da cana-de-açúcar, o que deve manter a oferta da commodity apertad (Imagem:REUTERS/Paulo Whitaker)
A crise energética global pressiona o mercado de açúcar com os maiores exportadores mundiais convertendo mais cana em etanol.
O 💥️açúcar atingiu a maior cotação em quatro anos em outubro enquanto a escassez de energia abalava os mercados de 💥️commodities, afetando a produção de vários produtos, de magnésio a tomates.
Com o salto dos preços dos combustíveis, Brasil e 💥️Índia devem produzir mais etanol a partir da cana-de-açúcar, o que deve manter a oferta da commodity apertada.
“Esses são os dois grandes players no mercado de açúcar, e a pressão sobre eles para produzir mais etanol nos próximos 12 meses é favorável aos preços do açúcar”, disse John Stansfield, operador e analista do Group Sopex.
O contrato ativo de açúcar branco negociado na ICE subia 1,2% em Londres na segunda-feira, levando a valorização deste ano para 22%. O açúcar bruto avançava 1,1% em Nova York. Ambos os contratos registraram forte alta em agosto, quando ficou claro que as geadas afetariam a safra brasileira deste ano.
Em São Paulo, os preços da gasolina na bomba chegaram a R$ 6 por litro pela primeira vez no mês passado, aumentando a demanda por etanol como alternativa. As importações de gasolina pelo Brasil multiplicaram por mais de 10 no terceiro trimestre, para 42 mil barris por dia, segundo dados divulgados pela 💥️Petrobras (💥️PETR3;💥️PETR4) em outubro.
“O mercado interno de etanol e o mercado internacional de açúcar disputam a cana brasileira”, disse Andy Duff, chefe de pesquisa de alimentos e agronegócios da América do Sul Rabobank, em entrevista por telefone de São Paulo. O petróleo acima de US$ 80 o barril criou um piso de cerca de 17 centavos de dólar por libra para o açúcar, disse.
Segundo maior exportador do mundo, a Índia planeja que o etanol responda por 20% da mistura de combustíveis para veículos até 2025, aproveitando o excesso de açúcar que inundou os mercados mundiais nos últimos anos.
Essa estratégia pode resultar em queda na produção de açúcar refinado no próximo ano, disse a Indian Sugar Mills Association (ISMA) na quinta-feira.
“O ‘downsizing’ é algo lento, mas as estimativas da ISMA são um sinal tangível de que o processo começou”, disse Tobin Gorey, estrategista de commodities agrícolas do Commonwealth Bank of Australia em nota na sexta-feira.
As exportações de açúcar indiano podem cair mais da metade na temporada 2022-23 em relação aos 6 milhões de toneladas deste ano, disse a Engelhart Commodities Trading Partners em conferência recente.
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