China mostra que rasga qualquer cartilha ocidental em nome de seus interesses comerciais
Compras chinesas dos EUA ainda gozarão de mais isenções de produtos não embargados pelo governo Biden (Imagem: REUTERS/Jason Lee)
Como sempre as decisões sobre o comércio internacional chinês chegam a conta-gotas, sem muitos detalhes, bem ao estilo do governo em não gerar movimentos especulativos imediatos dos fornecedores globais.
Mas, invariavelmente, mostram a gestão firme dos interesses nacionais, pautada pelo pragmatismo, independentemente de questões ideológicas, ou, mesmo, contrariando premissas vistas do Ocidente sobre a dependência do país de importações de alimentos.
No primeiro caso, a decisão comunicada na sexta foi uma destas, sem maiores explicações, em relação à extensão da isenção às importações de produtos americanos, num ponto onde as disputas políticas estão no seu ponto máximo com a administração de Joe Biden.
💥️Pequim anunciou que vai manter seguir beneficiando vários produtos dos Estados Unidos, por mais seis meses, num conjunto de itens que engloba produtos que foram liberados na fase I do acordo firmado entre Donald Trump e Xi Jinping e que tiveram impostos de importações reduzidos desde então.
A carne suína, por exemplo, pagava 12% e depois passou a pagar 8% para entrar na China.
Vários componentes tecnológicos e produtos de química fina estão na lista, desde que não estejam embargados pelas autoridades americanas.
O Brasil foi alvo recente da gestão comercial dos interesses chineses. Diante da proverbial necessidade de importações de carne bovina brasileira, o governo estendeu por mais de 3,5 meses a proibição ao produto nacional, após os casos da vaca louca.
O país nem ligou para o diagnóstico da Organização Mundial de Saúde Animal, atestando que os animais no Brasil estavam com a doença “atípica”, livre de contágios em humanos, e surpreendeu o mundo todo que não esperava que levasse tanto tempo para levantar o embago.
Certamente a China estava com estoques mais folgados – que ninguém nunca sabe -, e aproveitou para passar o recado ao governo brasileiro, sempre crítico ao parceiro comercial, enquanto controlava o apetite dos fornecedores por preços mais elevados.
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