E se tudo der errado em 2022?

2022 é ano de eleição e a farra será menor, adverte Paulo Battistella Bueno, gestor e sócio na Santa Fé Investimentos (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

💥️Por Paulo Battistella Bueno

Entramos 2023 otimistas com as perspectivas para os 💥️mercados de ações aqui no Brasil e também lá fora, a eleição de um presidente democrata nos EUA, os trilhões de dólares injetados como estímulo e a chegada das vacinas contra o 💥️Covid-19 embasavam nossa convicção.

Para 2022 o desafio é o final do “Tapering” ou recompra de títulos pelo FED e a calibragem do aumento de juros por lá. Covid não parece mais fazer preço nos mercados, apesar da 💥️variante Ômicron mais contagiosa, mas menos letal.

Mas essa primeira semana do ano nos forçou a fazer algumas reflexões e lembrar de tempos longínquos que nem todos os gestores da moda se quer vivenciaram, 💥️os tempos de inflação elevada e consequente perda de valor da moeda, a forte depreciação do real e o stress na curva de juros realmente acendem uma luz amarela.

A luz amarela ficou vermelha em 2023 💥️e segue preocupando em 2022. Inflação, fiscal e barulho político serviram para pressionar o 💥️dólar cuja alta também provocou inflação.

Resta saber se em ano de eleição o BC conseguirá retomar o controle da inflação, mesmo com um governo que com uma péssima comunicação e que, ao quebrar o Teto Fiscal, teve sua credibilidade abalada.

Na verdade, nesse início de ano tivemos uma mensagem clara dos mercados, 💥️estamos em um ciclo longo de alta nas commodities refletido na alta do minério de ferro, aço, soja, milho, petróleo, 💥️bitcoin e ouro, em parte a causa disso é a gigantesca liquidez mundial causada pelos estímulos para combater a crise da Covid-19 tendo como consequência principal inflação pela frente.

Para 2022, o ciclo de alta das commodities, com destaque para o petróleo e agrícolas, 💥️segue em alta e vai continuar pressionando a inflação.

Todavia, agora os BCs mundo afora começam a enxugar o excesso de liquidez. Se errarem a mão, teremos problemas por aqui.

Aqui no Brasil o quadro se agrava muito com a nossa fragilidade fiscal e com a incapacidade dos políticos de avançar com as reformas tão necessárias

2022 é ano de eleição e a farra será menor, mas se o atual governo não conseguir recuperar sua popularidade, um eventual desespero poderia pegar forte no fiscal e prejudicar os mercados.

Mas o que fazer diante desse cenário? O que muda na nossa visão de longo prazo?

Para responder essas perguntas precisamos voltar ao final da década de 80 e a toda a década de 90 onde a inflação reinava por aqui, mas com uma grande diferença os juros praticados eram estratosféricos, e mesmo assim a consequência que víamos a um cenário de inflação e descontrole fiscal era sempre a mesma, fuga para os ativos reais (ouro, dólar, imóveis e ações).

Muitos dos que fazem o mercado hoje não viveram nessa época, não sabem o que um cenário desses significa, nós sabemos.

Mas afinal o que muda no nosso cenário?

Não muda muita coisa, seguimos acreditando que estamos em pleno ciclo de alta de commodities e também do mercado de ações principalmente aqui no Brasil, um eventual descontrole do fiscal que ainda nos parece improvável não mudaria esse quadro pois provocaria inflação e fuga para os ativos reais, desta feita muito mais agressiva pois os juros estarão em níveis bem mais comportados.

Aqui nada mudou e, em caso de descontrole, esse sempre será o cenário principal e é importante ter ele em mente aqui no Brasil.

Resumindo, a luz amarela que vimos acender essa semana com a desconfiança do mercado em relação ao fiscal é gasolina para alta das commodities e das ações.

Não foi em 2023 que o descontrole aconteceu. Romperam-se alguns paradigmas, como por exemplo a quebra do Teto de Gastos, precedente perigoso.

Um candidato pirotécnico poderia ativar esse modo descontrole, mas na nossa visão qualquer que seja o próximo presidente haverá necessariamente um alinhamento ao centro e com o mercado, portanto acreditamos que mesmo com muita turbulência as coisas voltarão para o eixo.

Seguimos otimistas!”

Difícil ser otimista em momentos em que reina o pessimismo nos mercados, mas é justamente nesses momentos que se encontram as melhores oportunidades, portanto somos otimistas sim com o ano de 2022!

Que venha!

Paulo Battistella Bueno é gestor e sócio na Santa Fé Investimentos.

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