Dólar volta a cair com ajuste a exterior e cenário eleitoral ganha mais peso

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O dólar à vista caiu 0,92%, a 5,4172 reais, menor valor para um fechamento desde 11 de novembro do ano passado (Imagem: Unsplash/ Celyn Kang)

O 💥️dólar (💥️USDBLR) voltou a mostrar expressiva queda nesta quinta-feira, chegando a romper a linha dos 5,40 reais, em meio a um novo rali de moedas de risco patrocinado por otimismo sobre a 💥️China e acomodação nas taxas de juros nos 💥️EUA, enquanto o mercado local aproveitou para seguir desmontando posições contra a divisa brasileira atento ao cenário político.

O dólar à vista caiu 0,92%, a 5,4172 reais, menor valor para um fechamento desde 11 de novembro do ano passado (5,4031 reais).

No piso do dia, a cotação foi a 5,3813 reais, recuo de 1,57%.

É o segundo dia seguido de forte queda do dólar. Na véspera, a cotação já havia perdido 1,68%, a 5,4673 reais, quebrando, assim, o suporte técnico representado por sua média móvel linear de 100 dias.

Na 💥️B3 (💥️B3SA3), às 17:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,11%, a 5,4485 reais. Na mínima, o dólar futuro desceu a 5,3905 reais, menor patamar intradiário desde 1º de outubro passado.

A queda do dólar futuro é menor do que no à vista porque na quarta-feira a cotação na B3 já havia recuado mais que a taxa spot, que nesta quinta ampliou as perdas.

O dólar futuro caiu 2,28% na quarta, contra declínio de 1,68% na moeda no interbancário.

Na véspera, quando o dólar à vista registrou a maior baixa percentual diária desde o fim de dezembro, os não residentes se desfizeram, em termos líquidos, de 611 milhões de dólares entre contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial, conforme dados da B3, perto da metade da venda líquida de 1,463 bilhão de dólares no ano até quarta-feira (dado mais recente).

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O dólar futuro caiu 2,28% na quarta, contra declínio de 1,68% na moeda no interbancário (Imagem: Pixabay/webandi)

Moedas pares do real, como rand sul-africano, peso chileno e peso colombiano, apreciavam até 0,8% ante o dólar, com perspectiva de mais demanda da 💥️China por matérias-primas após a segunda maior economia do mundo voltar a cortar taxas de juros para aquecer a atividade.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil.

Ajudou ainda a estabilização das taxas dos títulos do Tesouro dos EUA, cujo rali nos últimos dias levou agentes financeiros a fugir de ativos de risco, como o real.

À tarde, o mercado acompanhou ainda declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o Bacen atuará no mercado cambial em caso de “desconexão”, em referência a preços e fundamentos. As falas tiveram impacto limitado nos preços da taxa de câmbio.

A tônica do ajuste a excessos nos preços do dólar prosseguiu, mas analistas ainda preveem um ano conturbado para o câmbio.

“O amplo intervalo no qual a taxa de câmbio flutuou no início de 2022 reforça nossa visão de que a moeda deverá seguir trajetória volátil neste ano”, disse o 💥️Santander Brasil (💥️SANB11) em relatório de cenário macro.

“Ademais, seguimos avaliando que o real irá se desvalorizar ao longo de 2022, já que as incertezas quanto à trajetória de longo prazo da dívida pública e as decisões de política econômica para tratar do problema fiscal deverão permanecer elevadas”, completou.

O Santander projeta dólar de 5,70 reais ao fim de 2022, 5,22% acima do patamar atual. Estima, porém, apreciação do real a 5,20 por dólar ao término de 2023, “assumindo sinais positivos no quarto trimestre de 2022 sobre um provável retorno de negociações para reformas macroeconômicas no ano seguinte”.

Para o economista da gestora Rio Bravo João Leal, os ativos brasileiros ainda devem ser penalizados neste ano, como é típico em período eleitoral, mas algumas sinalizações iniciais de presidenciáveis sobre âncora fiscal e preços já descontados podem limitar os sobressaltos ao longo de 2022.

“Nosso cenário-base é de um mercado que ainda vai operar sob tensão eleitoral no ano. Pode ser, contudo, que essa tensão seja historicamente menor, uma vez que as sinalizações dos presidenciáveis confirmem uma gestão com maior responsabilidade fiscal”, afirmou Leal.

Nesse contexto, com juros mais altos e boa parte das más notícias precificadas, a Rio Bravo até vê uma taxa de câmbio levemente mais apreciada ao fim de 2022, com o dólar valendo 5,50 reais, ante 5,5735 reais do fim de 2023.

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