Se o País tivesse fertilizante, teria oferta interna ante a pressão mundial? “É a economia, estúpido”
Em 2023, o Brasil exportou mais arroz diante dos preços externos e demanda
Fosse o Brasil já 💥️produtor de 💥️fertilizantes, com boa folga para suprir suas necessidades, os produtores locais estariam pagando preços razoáveis, sem risco de desabastecimento, diante da demanda mundial gritando pela falta de potássicos e nitrogenados?
A resposta parece bastante clara. Não.
Na disputa com as principais agriculturas mundiais concorrentes do País, mandaria o poder de compra de cada um – neste momento, haveria uma pequena vantagem brasileira diante do real mais valorizado -, e a explosiva cotação internacional prevaleceria no mercado interno.
O Brasil já viveu isso com o arroz, soja e milho recentemente.
O encurtamento da oferta da Rússia e de Belarus, que não é de hoje, em até 80% do consumo brasileiro de fertilizantes, se agravou com o conflito militar na 💥️Ucrânia e o Brasil acordou para projetos privados e sobre mineração antes engavetados.
As empresas que agora manifestam interesse sabem que muito dificilmente o fluxo de fertilizantes vai ser normalizado e os preços vão compensar a exploração. Não acordaram por nacionalismo.
A 💥️Petrobras (💥️PETR4) desinvestiu em três plantas no governo Temer justamente porque os custos não tinham equilíbrio comercial, mesmo tendo um vasto consumo à disposição no Brasil.
Falar, portanto, que a produção nacional, até o ufanismo da autossuficiência como já se diz, será a salvação da lavoura, é um exagero rematado.
E tentar vender um nacionalismo muito desonesto. Melhor dizer que é importante estar presente nesse segmento como mais um a diversificar a extensa cadeia agropecuária.
E, como nas outros, vai ser balizado pela lei de oferta e demanda. Não é nada errado, por sinal.
Quando, em 2023, o Brasil disparou a exportar arroz (pelo represamento em seus mercados internos pelos asiáticos diante da pandemia), soja e milho, a autossuficiência brasileira foi para o espaço.
Só não houve desabastecimento interno porque as indústrias tiveram que pagar o desafio dos preços internacionais, mais a valorização do dólar, para terem os produtos internamente.
As famosas inflações do arroz e do óleo de soja, e suas causas exportadoras, estão aí ao alcance de qualquer pesquisa do Google.
No milho, por exemplo, o governo zerou a alíquota de importação para aliviar a indústria de proteína animal, que nunca mais conseguiu se recuperar porque ao longo de 2023 não houve alívio também nas cotações internacionais.
Estavam errados os exportadores? Não. É do jogo do capitalismo.
Dizer que esses exemplos não foram a mesma coisa que pudesse estar acontecendo com os fertilizantes ‘made in Brazil’, é viver em outra realidade. São, sim, a mesma coisa.
É uma daquelas coisas que cabem no guarda-chuva da famosa frase do economista James Carville, durante a campanha vitoriosa de Bill Clinton contra George Bush: “É a economia, estúpido”.
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