Cesp inicia operação de 1ª usina termossolar do Brasil, estuda novas tecnologias
O sistema construído pela Cesp controlada pela VTRM, uma joint venture entre Votorantim e Canada Pension Plan Investment Board usa calhas parabólicas (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)
A 💥️Cesp colocou em operação uma planta piloto de geração termossolar, que utiliza o calor do sol para produzir 💥️energia elétrica, avançando com sua proposta de estudar e integrar novas tecnologias ao portfólio.
Erguida no município de Rosana (SP), a usina tem 0,5 megawatt (MW) de capacidade e é a primeira do 💥️Brasil a usar a fonte, também chamada de heliotérmica ou CSP, que tem características diferentes da solar fotovoltaica, bastante disseminada e aplicada em usinas de pequeno a grande porte.
A termossolar, fonte já com maior desenvolvimento em países como 💥️Estados Unidos e 💥️China, utiliza um processo semelhante ao de termelétricas tradicionais.
Mas, em vez de 💥️combustíveis fósseis, recorre ao calor do sol para aquecer um fluido que produz vapor e movimenta turbinas para gerar eletricidade.
O sistema construído pela Cesp controlada pela VTRM, uma joint venture entre Votorantim e Canada Pension Plan Investment Board usa calhas parabólicas, formadas por painéis compostos por espelhos côncavos que seguem a posição do sol.
O calor capturado aquece um fluido que circula por tubos posicionados na linha de foco dessas calhas.
Segundo Luis Paschoalotto, gerente de Engenharia de Operação e Manutenção da Cesp, a principal vantagem da fonte heliotérmica em relação a outras renováveis intermitentes é a possibilidade de armazenamento de calor para utilização em momentos de maior necessidade para o sistema elétrico.
O calor capturado aquece um fluido que circula por tubos posicionados na linha de foco dessas calhas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
“Quando transformamos raio solar em calor, em fluido quente, é relativamente simples de guardar essa energia. No nosso caso, guardamos num tanque de óleo quente… as fontes solares são suscetíveis à variação, conforme entra nuvem, sai nuvem… como podemos estocar calor, essa é uma vantagem para manter a produção da planta”, explicou.
Os custos relacionados ao desenvolvimento de uma planta termossolar são mais elevados que os de uma usina fotovoltaica, mas a expectativa é de que tende a ganhar competitividade com ganho de escala.
Paschoalotto afirmou que a companhia mapeou duas aplicações para a tecnologia: a geração de energia centralizada, principalmente em usinas 30 a 50 MW, e o aproveitamento do calor em processos industriais, como na cogeração. Nesse último caso, eventuais aplicações ainda estão em fase de estudos acadêmicos.
A usina da Cesp começou a ser desenvolvida em 2017 e recebeu investimentos de 57 milhões de reais, no âmbito de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica. São parceiros no projeto Instituto Lactec, Eudora Energia, MRTS Consultoria e MFAP Consultoria.
Nova Fonte
A planta termossolar foi instalada no complexo de energias alternativas da hidrelétrica Porto Primavera, uma espécie de laboratório da Cesp para “tatear” novas tecnologias, como hidrogênio verde e sistemas de armazenamento de energia, disse Paschoalotto.
“A companhia criou esse laboratório… para que em algum momento usasse esse know-how adquirido.”
A Cesp está em processo de incorporação à nova geradora de energia dos controladores Votorantim e Canada Pension Plan Investment Board. O novo veículo para investimentos em energia nascerá com uma matriz diversificada, de 3,3 GW combinando as hidrelétricas da Cesp e eólicas da Votorantim Energia, além de uma carteira de 1,9 GW em projetos.
Termossolar em Casa
Em linhas gerais, a tecnologia do projeto da Cesp é a mesma utilizada em aquecedores solares de água, equipamentos com ampla adoção no Brasil e que podem ajudar a aliviar o sistema elétrico em horários de ponta, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol).
Um levantamento da entidade aponta que o volume de aquecedores solares já instalados no país é equivalente a 13,5 gigawatts (GW), quase a mesma potência da usina hidrelétrica de Itaipu.
Recentemente, a entidade cobrou do governo a inclusão da tecnologia em planos nacionais de expansão de energia.
“É uma omissão inexplicável, pois se trata de uma tecnologia totalmente nacional, extremamente eficiente e capaz de ajudar o Brasil a evitar blecautes”, disse Luiz Antônio dos Santos Pinto, presidente da Abrasol, em comunicado.
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