Eletrobras (ELET6) entrega “balanço de transição”; ação não está precificada como deveria, dizem analistas
Eletrobras: Receitas superaram estimativas, mas despesas vieram maiores do que o previsto, avaliam analistas (Imagem: Reuters)
Especialistas do mercado não gostaram de alguns pontos nos 💥️resultados da 💥️Eletrobras (💥️ELET3;💥️ELET6). O que mais pesou nos números divulgados pela companhia, apesar do crescimento nas receitas, foram as provisões.
O lucro líquido do quarto trimestre de 2023 da estatal caiu mais de 50% em relação a igual período de 2023, para R$ 610 milhões.
O resultado foi negativamente impactado por provisões operacionais, com destaque à PCLD (provisão para créditos de liquidação duvidosa) de R$ 1 bilhão referente a risco de créditos a receber, pela holding e pela 💥️Eletronorte, contra a distribuidora Amazonas Energia, provisão relativa à passivo a descoberto da 💥️SPE (sociedade de propósito específico) Santo Antônio Energia de R$ 706 milhões (em adição à perda de R$ 697 milhões em participações societárias para a mesma SPE).
Por outro lado, a receita operacional líquida do quarto trimestre aumentou 27%, para R$ 11,5 bilhões. Tanto o segmento de geração quanto de transmissão apresentaram crescimento de receita.
💥️Ilan Arbetman, analista da 💥️Ativa Investimentos, classifica os resultados como um “balanço de transição”. As receitas superaram as estimativas, mas as despesas vieram maiores do que o previsto, refletindo o aumento do 💥️custo de energia comprada para revenda e o provisionamento do período.
Outro ponto que Arbetman destaca são as iniciativas frustradas em capex (investimentos), tanto em 💥️geração quanto em 💥️transmissão.
“Para frente, com a capitalização possivelmente dando certo, essa frustração diminuiria bastante. Teria tanto Itaipu quanto Angra fora, uma empresa separada. Haveria menor dificuldade de efetivar o capex”, afirma.
De acordo com 💥️Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da 💥️Quantzed, avaliar os resultados como bons ou ruins depende da linha que se leva em consideração.
Piovesan diz que, embora o resultado recorrente tenha vindo bom, o não recorrente veio “bem negativo”, com as provisões marcando “mais um trimestre pesado”.
O que o desempenho das ações conta sobre a privatização?
Em fevereiro, o O 💥️Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a primeira etapa da 💥️privatização da Eletrobras, que ocorrerá dentro do modelo de capitalização – ou seja, via 💥️oferta de ações.
Mesmo com o ministro Vital do Rêgo reconhecendo que o valor de venda da estatal está subestimado (para o magistrado, a empresa deveria ser privatizada por R$ 130 bilhões, quase o dobro do valor do patrimônio avaliado pelo governo, de R$ 67 bilhões), a aprovação foi realizada sob a modelagem apresentada pela União.
Em assembleia geral extraordinária, a maioria dos acionistas aprovou os termos para o processo de desestatização da companhia, entre eles a emissão das novas ações e a reestruturação societária da empresa. Os acionistas também deram sinal verde para o conselho de administração definir o cronograma, a estrutura e os demais termos e condições da oferta.
Agora, a pauta volta ao plenário do tribunal de contas para deliberação. O governo trabalha com a oferta de ações acontecendo em maio.
Contrariando as perspectivas quanto a uma melhora no ânimo dos investidores em relação ao processo de privatização, as ações da Eletrobras não estão reagindo muito.
Segundo Piovesan, a cotação atual do papel da estatal mostra que o mercado foi precificando cada vez mais uma descrença com a privatização, e não o contrário.
“É embutida uma probabilidade baixa de privatização no preço que está hoje”, diz.
É embutida uma probabilidade baixa de privatização no preço que está hoje, afirma analista da Quantzed, sobre as ações (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)
De acordo com o analista, a descrença dos investidores se deve à lentidão no andamento do processo, visto que o governo trabalhava inicialmente com a privatização acontecendo em 2023.
Piovesan não descarta a possibilidade de mais atrasos, considerando os empecilhos para chegar à aprovação final da proposta.
“A gente pode ver que o TCU não está jogando a favor do andamento do processo. E é ele que está com o poder para privatizar ou não”, destaca o especialista. “Eu vejo que, realmente, o tempo ficou muito apertado para ter uma aprovação dessa privatização ainda neste ano”.
O analista da Ativa acredita que existe um potencial muito grande ainda não precificado nas ações. Embora reconheça que existem riscos e alta volatilidade no curto prazo, Arbetman vê o momento atual como uma oportunidade.
“Vejo uma balança de risco e retorno que pode ser favorável ao acionista da companhia, tanto que, por ora, mantenho minha recomendação de compra ao papel”, afirma. “O preço de tela dialoga muito mais com a binaridade do processo [de privatização] do que com os ganhos fundamentais advindos dele”.
Segundo Arbetman, a companhia é negociada com 15% de desconto em relação ao EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) dos últimos três anos.
“Isso mostra o peso que essa binaridade tem sobre os papéis hoje. É fundamentalmente um papel que dialoga muito mais com as dúvidas com o avanço do processo de capitalização do que com as benesses que podem ser advindas dele”, completa o analista.
O 💥️Goldman Sachs, em relatório divulgado nesta segunda-feira (21), reforçou sua recomendação de compra para as ações da Eletrobras, com preço-alvo de R$ 48 (ELET3) e R$ 53 (ELET6). Na opinião do banco, a potencial capitalização deve continuar movimentando os papéis daqui para frente.
Hora de acordar o “gigante”
A precificação dos papéis mostram que a Eletrobras não vem sendo tratada da forma como deveria, avalia Arbetman.
“A gente está falando de um player que, por si só, é vanguardista, agente transformador, e que não vem sendo tratado dessa forma ao longo dos últimos anos”, afirma.
De acordo com o analista da Ativa, tem havido um subaproveitamento das operações. Para frente, com o avanço da capitalização, o especialista espera enxergar uma assertividade maior no capex para pavimentar uma avenida de crescimento sustentável, que gere valor para a companhia.
Ele lembra que a Eletrobras tem participado de 💥️leilões de transmissão para tentar crescer, mas não ganha nenhum certame há mais ou menos uma década.
“Isso mostra como o gigante está adormecido”, diz o analista.
Com a privatização, Arbetman enxerga a Eletrobras virando o jogo e se tornando protagonista em leilões, tanto em transmissão quanto em geração.
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