Macron ou Le Pen: o que eleição pode significar para França, UE e Ocidente
Eleições na França darão recado ao mundo: o quem esperar do embate Macron ou Le Pen? (Imagem: Reuters/Benoit Tessier)
Os franceses decidirão no domingo se reelegerão o atual presidente pró-negócios Emmanuel Macron ou se quebrarão uma sequência de décadas de consenso em favor da candidata de extrema-direita Marine Le Pen.
Aqui está o que esperar deles em questões importantes:
Economia
💥️LE PEN: A herdeira de extrema-direita transformou a antiga Frente Nacional, mudando o partido antes a favor do livre mercado e da redução do Estado de seu pai numa sigla protecionista e pró-gastos.
Ela quer implementar uma política de “compre francês” para gastos públicos, reduzir a idade mínima de aposentadoria para 60 anos para quem começou a trabalhar antes dos 20, eliminar o imposto de renda para menores de 30 anos e reduzir o imposto sobre valor agregado (IVA) de energia de 20% para 5,5%.
Ela também gastaria 2 bilhões de euros ao longo de 5 anos ao aumentar os salários dos funcionários hospitalares e recrutando mais 10 mil deles. Os salários dos professores aumentariam 15% em 5 anos.
Gilles Ivaldi, cientista político da Sciences-Po, diz que o programa econômico do partido de Le Pen está mais à esquerda do que há décadas.
“O livre comércio mata o planeta”, disse ela durante um debate na TV com Macron.
💥️MACRON: O líder francês planeja dobrar as reformas do lado da oferta que implementou durante seu primeiro mandato, com o principal objetivo de seu manifesto sendo o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 65 anos.
“Não quero aumentar nossos impostos, não quero aumentar nossa dívida, quero até começar a pagá-la nos próximos cinco anos”, disse Macron durante o debate. “Então eu quero que trabalhemos mais.”
Macron também promete condicionar alguns benefícios sociais a 15 a 20 horas de treinamento, semelhante às políticas de países como Estados Unidos ou Reino Unido. Os benefícios de auxílio-desemprego estariam ligados à força da economia.
Em tentativa de permanecer fiel a seu lema “nem esquerda, nem direita”, ele também prometeu tornar os benefícios automáticos para aqueles que se qualificam, em vez de exigir que os possíveis beneficiários se inscrevam.
Europa
💥️LE PEN: Ela insiste que não tem “agenda secreta” para a França — membro fundador da UE — deixar o bloco de 27 nações, sua moeda única ou a zona Schengen, que não exige a apresentação de passaportes nas fronteiras.
Opositores acreditam que suas políticas, na melhor das hipóteses, criariam novas tensões dentro do bloco & cuja unidade foi testada nos últimos anos por uma crise migratória, a saída do Reino Unido e a pandemia de Covid-19& e, na pior das hipóteses, levariam a um “Frexit”.
Le Pen disse que cortaria as contribuições francesas para o Orçamento da UE, renegociaria o acordo de Schengen e reintroduziria verificações de mercadorias que entram no país de outros países da UE.
Ela buscaria restabelecer a primazia da lei francesa sobre a lei da UE & a base fundamental da integração europeia& e quer que o bloco se torne uma associação mais frouxa de países soberanos cooperantes.
“Isso equivale a um esvaziamento completo do que a UE vem tentando alcançar todos esses anos”, disse um diplomata sênior. “Mas não é apresentado dessa maneira.”
💥️MACRON: O ardente eurófilo continuaria seu esforço para desenvolver o que ele chama de “autonomia estratégica” da Europa em defesa, tecnologia, agricultura e energia e reduzir a dependência do bloco de outras potências.
Macron também deve pressionar por mais regulamentação das gigantes de tecnologia dos Estados Unidos e disse que queria criar um “💥️metaverso europeu” para competir com o Facebook.
A relação entre Paris e Berlim continuaria a ser fundamental para moldar o futuro da Europa. “Acredito no casal franco-alemão”, disse Macron.
Aliança Ocidental
💥️LE PEN: A candidata quer tirar a França do comando integrado da aliança militar transatlântica da Otan, num desafio à arquitetura de segurança pós-Guerra Fria do Ocidente.
Opositores a acusam de estar muito perto de Moscou. Seu partido recebeu um empréstimo bancário de um banco russo em 2014 e ela foi recebida pelo presidente russo Vladimir Putin no Kremlin pouco antes da eleição presidencial de 2017.
Macron acusou Le Pen de estar na folha de pagamento de Putin, dizendo a ela: “Você fala sobre seu banqueiro quando fala sobre a Rússia.”
Ela condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas diz que Moscou pode ser uma aliada novamente no pós-guerra. Ela disse que seguiria uma política externa à mesma distância de Washington e de Moscou.
💥️MACRON: Embora Macron tenha irritado toda a aliança transatlântica, principalmente na Europa Oriental e na Alemanha, quando disse, em 2023, que a Otan tinha “morte cerebral”, ele disse que a invasão russa da Ucrânia “a trouxe de volta à vida”.
Ele, no entanto, procuraria tornar os europeus menos dependentes das forças armadas dos EUA para segurança.
Ele tem sido cauteloso sobre se buscaria cooperar com a nova aliança de segurança EUA-Reino Unido-Austrália contra a China ou tentar persuadir a UE a seguir sua própria política independente em relação a Pequim.
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