Pré-Mercado: Dia de menor liquidez também pode ter emoção
Investidores locais reunidos para saber o que fazer sem o volume americano | O Soldado que Não Existiu (2022)
💥️Bom dia, pessoal!
Na ausência de mercado nos EUA, em função do feriado do Memorial Day, as Bolsas globais acabam operando com liquidez reduzida, inclusive a brasileira. Ainda que a semana comece assim, mais tranquila, isso não serve de sinalização de como serão os próximos dias & particularmente agitados por alguns dados americanos, como o Livro Bege do Fed e os dados de emprego, os famosos payrolls.
Lá fora, os mercados de ações asiáticos fecharam o dia predominantemente em alta nesta segunda-feira (30). Isso porque ele foi seguindo as movimentações amplamente positivas de Wall Street na sexta-feira (27), em meio ao arrefecimento das preocupações com aumentos nas taxas de juros. Por outro lado, os dados dos EUA mostraram uma desaceleração no crescimento dos preços ao consumidor americano no mês de abril.
As Bolsas europeias acompanham o tom positivo, uma vez que os dados dos EUA contribuíram para o otimismo de que o Fed diminuirá o ritmo de aperto da política monetária no segundo semestre do ano — como comentaremos a seguir, a leitura da inflação mostrou que a renda nos EUA aumentou um pouco menos do que o esperado.
A ver…
Novidades fiscais
Na expectativa para alguns dos principais dados da semana, sendo eles o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril e o IGP-M de maio, ambos a serem apresentados hoje (30) pela manhã. Os investidores também ficam atentos à fala do diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, marcada para esta segunda-feira.
Para a semana, chamam a atenção as discussões fiscais envolvendo: i) o resultado das contas do governo central de abril; e ii) a reunião entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e membros do Fórum dos Governadores e do Comitê de Secretários de Fazenda (Comsefaz) sobre o projeto do ICMS, aprovado na Câmara na semana passada — há nervosismo com a possibilidade de que a medida gere pressão fiscal.
Por falar em ambiente político, durante a semana, a Câmara deverá analisar projetos que podem resultar em diminuição no preço da energia elétrica para os consumidores (tema que pode ser bem lido pelo mercado considerando seu impacto na percepção inflacionária). Enquanto isso, o PSDB volta a se reunir para discutir apoio à candidatura de Simone Tebet. É a última chance de a terceira via tentar se estabelecer.
Sem mercado, mas com assuntos a serem tratados
Sem mercado nos EUA, devido ao feriado do Memorial Day, os investidores ainda repercutem os dados sobre gastos de consumo pessoal, o PCE, que cresceu 0,9% em abril. A sinalização foi positiva ainda que esteja elevado, pois veio abaixo das expectativas e mostrando uma desaceleração, evidenciando o fato de que a inflação possa ter chegado ao pico — o Fed olha para o PCE como seu principal indicador de inflação ao tomar decisões de política monetária.
Agora, os investidores começam a olhar para uma semana que, por mais que tenha começado calma com um feriado, ainda terá bastante coisa a ser discutida. A terça-feira (31), por exemplo, conta com o índice de confiança do consumidor do mês de maio, enquanto a sexta-feira (3) traz o relatório de empregos para o mês — a previsão média dos economistas é de um ganho de 317,5 mil empregos não agrícolas e uma taxa de desemprego de 3,5%.
Tensões sobre o petróleo, a Europa e a China
Na semana, o mercado de petróleo, a commodity mais arbitrada do mundo, tem dois eventos importantes. O primeiro deles é a cúpula dos líderes da União Europeia para discutir sobre as sanções russas – a proposta é que o petróleo que chega de navio seja proibido (a Hungria continua a ser um obstáculo a uma resposta coordenada). O segundo é a reunião da Opep+, marcada para quinta-feira (2).
Os dois temas são relevantes para a formação das expectativas em torno da demanda de petróleo, mas ainda estão aquém do vetor positivo que a China pode vir a se tornar, principalmente com as notícias de remoção gradual do lockdown em Xangai. Claro, como os dados de hoje à noite devem confirmar, a atividade chinesa foi afetada nos últimos meses, mas o alívio de certas restrições pode soar bem para o mercado.
A flexibilização é principalmente um problema para a demanda doméstica – as exportações chinesas continuaram a crescer durante as restrições, por exemplo. O próximo foco é se as autoridades oferecerão suporte adequado aos consumidores chineses.
Anote aí!
Sem pregão nos EUA, a agenda internacional de destaque para hoje fica por conta da Europa. Por lá, investidores digerem a divulgação da inflação de preços ao consumidor de maio da Alemanha e da Espanha — é provável que o pico da inflação europeia seja posterior ao pico de março nos EUA.
Por aqui, contamos com falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participarão de eventos ao longo do dia. Os investidores ficam atentos para a possibilidade de greve dos servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), além dos dados do IGP-M, na expectativa para a divulgação do PIB do primeiro trimestre do ano ao longo da semana.
Muda o que na minha vida?
A Geração Z da China, nascida a partir de meados da década de 1990, está cheia de dinheiro e disposta a gastar. Você acha pouco? Bem, são apenas 270 milhões deles (mais do que a população brasileira em apenas uma geração) e são os principais compradores de tudo, de cosméticos a serviços turísticos.
Como a geração Z é menos inclinada a ter filhos ou comprar imóveis, que estão se tornando cada vez mais caros, eles gastam consigo mesmos e cerca de um quarto deles não economiza – em comparação com a média global de poupança de 15%. Seus gastos devem aumentar quatro vezes para US$ 2,4 trilhões até 2035, dando o suporte necessário para a criação de um forte mercado consumidor chinês.
Uma diferença? Eles são cada vez mais nacionalistas e inclinados a evitar marcas e empresas estrangeiras, o que coloca as empresas ocidentais em uma situação delicada. Os padrões de consumo das próximas gerações serão muito importantes para entender para onde as empresas caminharão nas próximas décadas.
Um abraço,
Jojo Wachsmann.
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