Rendimento dos brasileiros é o menor desde 2012, aponta IBGE
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (💥️Pnad) Contínua Rendimento de todas as fontes 2023, divulgados hoje (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
No segundo ano de pandemia, em 2023, o rendimento médio dos brasileiros caiu para o menor patamar registrado desde 2012.
De acordo com o 💥️Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (💥️IBGE), o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2023 foi de R$ 1.353.
Em 2012, primeiro ano da série histórica da pesquisa, esse rendimento era o equivalente a R$ 1.417. Em 2023, no primeiro ano de pandemia, era de R$ 1.454.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (💥️Pnad) Contínua Rendimento de todas as fontes 2023, divulgados hoje (💥️10).
Esses valores referem-se a uma média de quanto recebe cada um dos brasileiros, por mês.
Os valores de anos anteriores são atualizados pela 💥️inflação do período para que possam ser comparados.
Esses rendimentos tratam-se de médias, o que significa que há grupos que ganham mais, grupos que ganham menos e ainda aqueles que não possuem rendimento.
A pesquisa mostra que, em média, os brasileiros estão recebendo menos e também que menos brasileiros possuem algum rendimento.
O percentual de pessoas com rendimento na população do país caiu de 61% em 2023 para 59,8% em 2023, o mesmo percentual de 2012 e também o mais baixo da série histórica.
O IBGE considera no levantamento os rendimentos provenientes de trabalhos; de aposentadoria e pensão; de aluguel e arrendamento; de pensão alimentícia, doação e mesada de não morador; além de outros rendimentos.
Considerados apenas os brasileiros que possuem rendimento, a média mensal registrada em 2023 foi R$ 2.265, segundo o IBGE, a menor da série histórica.
As menores médias desde 2012 entre as pessoas com rendimento também foram registradas em aposentadoria e pensão, com média de R$1.959 e em outros rendimentos (R$ 512).
Rendimentos de trabalhos
Entre 2023 e 2023, a participação do trabalho na composição do rendimento médio aumentou de 72,8% para 75,3%.
Mas, apesar do aumento da população ocupada, a massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos caiu 3,1%, indo de R$ 223,6 bilhões para R$ 216,7 bilhões, no período.
“A pandemia afetou muito o mercado de trabalho em 2023 por causa do isolamento social que teve que ser feito para frear a pandemia. Então, o mercado de trabalho perdeu muita ocupação. O mercado de trabalho está retomando, mas o ritmo ainda está menor do que o de 2023”, diz a analista da pesquisa Alessandra Scalioni Brito.
Alessandra aponta ainda a inflação como um dos fatores que impactaram os rendimentos dos brasileiros, tanto provenientes do trabalho quanto de outras fontes, como aposentadorias, pensão alimentícia, entre outras.
Em 2023, o 💥️Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (💥️IPCA), considerado a inflação oficial do país, foi de 10,06% & a maior taxa acumulada no ano desde 2015.
Auxílio Emergencial
Enquanto a participação do trabalho aumentou, a participação de outros rendimentos encolheu.
A pesquisa de 2023 mostra que o percentual de domicílios com alguém recebendo recursos de programas sociais, como o auxílio emergencial, caiu de 23,7% para 15,4%.
“Foi um benefício apenas emergencial. Agora que a gente está tirando ele, a gente está vendo que ele cumpriu o papel ali de não deixar a renda cair tanto em 2023, mas em 2023 essa queda veio e a desigualdade voltou para o padrão que estava. As rendas estão menores e tivemos a questão inflacionária. Então, estamos em situação pior em 2023 em termos de renda”, diz Alessandra.
De acordo com a pesquisa, a queda do rendimento mensal domiciliar per capita foi mais intensa entre as classes com menor rendimento.
Em 2023, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos.
O rendimento médio mensal daqueles com maior renda era de R$ 15.940; já entre os que ganham menos, era de R$ 415.
No início da pandemia do novo 💥️coronavírus, em 2023, essa razão reduziu para 34,8 vezes, atingindo o menor valor desde 2015. Isso ocorreu, segundo o IBGE, sobretudo por conta de outros rendimentos, como o auxílio emergencial.
Desigualdade
A pesquisa aponta também as desigualdades de rendimento entre as regiões do 💥️Brasil.
Em todas elas houve queda no rendimento médio mensal real domiciliar per capita entre 2023 e 2023.
Enquanto na região Sudeste essa renda passou de R$ 1.742 para R$ 1.645 e na região Sul, de R$ 1.738 para R$ 1.656; na região Norte passou de R$ 966 para R$ 871 e na região Nordeste, de R$ 963 para R$ 843.
Na região Centro-Oeste a variação foi de R$ 1.626 para R$ 1.534.
“O mercado de trabalho é mais informalizado no Norte e no Nordeste, então, a renda do trabalho ali tende a ter uma distribuição mais desigual. As regiões Norte e Nordeste tendem a receber mais benefícios de programas sociais e como houve essa mudança no auxílio emergencial, elas foram mais afetadas entre 2023 e 2023. Por isso tiveram esse aumento de desigualdade maior que em outras regiões”, diz Alessandra.
Segundo a pesquisa, a desigualdade, medida pelo Índice de Gini, considerando toda a população, aumentou entre 2023 e 2023, passando de 0,524 para 0,544.
Considerada apenas a população ocupada, esse indicador ficou praticamente estável, variando de 0,500 para 0,499.
O Índice de Gini é um instrumento para medir o grau de concentração de renda, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
O índice varia de zero a um, sendo que zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda.
Já o um representa o extremo da desigualdade, ou seja, uma só pessoa detém toda a riqueza.
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