Aumento definitivo da participação dos derivados no mix da soja só com China ‘descobrindo’ o Brasil
Aumento da produção e exportação de derivados de soja não definitivo (Imagem: REUTERS/Claro Cortes)
Andou-se falando que o Brasil poderia mudar o mix exportador do complexo soja, incorporando cada vez mais os derivados que em 2022 estão em alta. Para esse novo status, quando os grãos diminuiriam o volume embarcado, a mudança ocorreria definitivamente quando a China se voltasse mais para os produtos de maior valor agregado do Brasil.
O aproveitamento atual do fator Argentina, onde a crise econômica tem feito os produtores segurarem as exportações de farelo (maior exportador mundial) e óleo, como reserva de valor à brutal depreciação cambial, é momentâneo e não se pode apostar que se perpetuará.
Essas considerações de André Nassar, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), também valem para dois outros fatores fundamentais, que proporcionaram o crescimento dos volumes brasileiros dos derivados da soja em 2022.
Caso, por exemplo, da ruptura do fluxo de exportações de óleo vegetal pela Ucrânia, com a invasão pela Rússia também inviabilizando o de trigo, milho e outros cereais de inverno.
E também o capítulo referente ao óleo de palma, o mais consumido no mundo, embora restrito à Asia. Já houve interrupções e volta atrás pela Indonésia, maior produtor, e agora o governo local discute a possibilidade de aumento da mistura ao diesel, de modo a aumentar o mandato do biodiesel no país.
Os prêmios alcançados pelo óleo ao longo do ano, em uma safra que Nassar chama atenção por ser diferente – “safra menor, esmagamento maior” -, não deverão se repetir se todos os cenários traçados voltarem ao normal.
Somente a China teria esse poder de alterar o quadro do processamento, quando 80% da soja que fica no mercado interno vira farelo e 20% acabam se destinando ao óleo.
Até maio, pelos dados da Abiove, 17,1 milhões de toneladas foram processadas, alta de 8% sobre o ano passado, sendo 13,1 milhões em farelo e 3,4 milhões de toneladas de óleo de soja.
As projeções da entidade, recordando, são de exportações de 77,8 milhões de toneladas (77 da pesquisa anterior), o processamento subirá de 48,1 para 48,3 milhões de toneladas, enquanto farelo alcançará 18,5 milhões/t e 2,1 milhões/t de óleo.
A projeção da safra em torno de 125 milhões de toneladas, contra mais de 130 do ciclo anterior.
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