Alta da Selic: Brasil vive situação esquizofrênica, diz gestor da Ibiuna
Rodrigo Azevedo, um dos responsáveis pela gestão da estratégia macro, foi o quinto entrevistado de mais um episódio do podcast Market Makers (Imagem: Market Makers)
Na próxima terça e quarta-feira, o 💥️Banco Central se reúne, novamente, para definir os destinos da taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
A expectativa de parte do mercado é que o BC eleve em 0,5 ponto percentual e encerre o ciclo a 13,75% ao ano & outra parte ainda acredita em novas altas até o fim do ano.
Diante da incerteza, alguns gestores continuam com o pé atrás sobre o futuro da economia do país, pelo menos no curto prazo.
Esse parece ser o caso da 💥️Ibiuna. Com R$ 30 bilhões sob gestão e 200 mil investidores, a gestora está zerada ou vendida em Bolsa brasileira e com uma posição “leve” em Brasil.
Rodrigo Azevedo, um dos responsáveis pela gestão da estratégia macro, foi o quinto entrevistado de mais um episódio do podcast Market Makers, produzido por Thiago Salomão e Renato Santiago em parceria com a Empiricus (controladora do 💥️Money Times).
Para ele, o Brasil vive um momento “meio esquizofrênico”.
“A política monetária está tentando desacelerar a economia para tentar trazer a 💥️inflação para a meta. Mas temos uma política fiscal que, por conta das eleições, resolveu acelerar a 💥️economia. Estamos em uma situação meio esquizofrênica”, afirma.
Para ele, uma frente do governo está pisando no freio e outra está acelerando. “É lógico, se você tem alguém pisando no acelerador, precisará dos juros mais altos”, coloca.
Nas últimas semanas, o 💥️governo Bolsonaro aprovou a PEC Kamikaze, com uma série de benefícios, entre elas a elevação do💥️ Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, e vouchers para categorias como de caminhoneiros e taxistas. Serão gastos R$ 41 bilhões no pacote.
💥️Veja o episódio na íntegra:
Eleições
Apesar de reconhecer que o Brasil está mais avançado no combate à 💥️inflação do que outros países, Azevedo cita o risco das eleições presidenciais para se manter cético com o Brasil.
“A questão da eleição pode afetar completamente a trajetória dos juros, seja porque existe um gasto eleitoral em cima da hora, seja porque, no médio prazo, não sabemos qual será o regime fiscal que teremos no ano que vem”, comenta.
Ele diz ainda que essa infinição não depende do candidato “a” ou “b”. 💥️Lula e 💥️Bolsonaro lideram as pesquisas de intensão de votos com desconfianças por parte do mercado.
“Os dois têm uma incerteza enorme. Essa incerteza não vai se dissipar até, pelo menos, outubro. [A posição em Brasil] tem retorno bom, mas balança tanto que atrapalha o seu portfólio”, completa.
Selic em mais de 14%?
Questionado se a 💥️Selic poderia assubir acima dos 14% no ano que vem, Azevedo diz ser possível, mas improvável. Ele argumenta que qualquer presidente eleito terá que “arrumar a casa”.
“Para subir, precisaria ter um tamanho descontrole fiscal, que ia fazer o câmbio e a dívida explodir”, afirma.
Para o gestor, nenhum candidato quer “instalar o caos”.
“O incentivo que existe é que o presidente que chegar realize um ajuste e, com isso, traga a inflação para baixo. Pode-se discutir o quão rápido e para que nível, no entanto”, completa.
💥️Veja o episódio na íntegra:
A idiossincrasia do Brasil
Azevedo relata ainda que o comportamento da 💥️inflação no Brasil costuma ser diferente e mais agressiva do que em outros países. Ele explica que mecanismos de reajustes, como o IGP-M, conhecido como índice dos aluguéis, provocam efeitos em cascata na economia.
“Com o reajuste automático, aquela alta de 10% de inflação por causa de um choque na 💥️Ucrânia vira aluguel que sobe 10%. E você pedirá 10% de aumento para o seu chefe. Ou seja, quando todo munto reajusta, aquele choque inicial de 10% vira inflação. E vários países que não tem esse histórico de inflação passada, esse limite é mais tênue. No Brasil, a chance de um choque inflacionário se perpetuar é muito maior. Com isso, o Banco Central precisa atuar mais cedo e de uma maneira mais forte”, completa.
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