Nas previsões do Focus, a contribuição do agro tangencia, mas sem surpresas até aqui
Soja impactou o saldo da balança comercial em 2022 por exportações menores (Imagem: Envato Elements)
Prever as influências diretas dos principais setores sobre os 💥️indicadores econômicos não é tão visível com tantas variáveis ainda difusas misturando cenários atuais e passados, externos e internos, 💥️quando não sujeita a erros. Com relação ao 💥️Relatório Focus desta segunda (19), o 💥️agronegócio se revela mais tangencialmente que diretamente, mas com sinais já vindo de antes.
Pelo menos em relação a três rubricas nas quais é possível detectar mais os movimentos das atividades econômicas produtivas & 💥️inflação, 💥️PIB e 💥️balança comercial -, o economista Antônio Da Luz viu a participação do setor na esfera esperada.
Um dos únicos, senão único, profissional diretamente ligado ao agro ouvido pelo relatório do 💥️Banco Central (Bacen) enquanto economista-chefe da Farsul, Da Luz chama atenção que entre os vários grupos que compõem a inflação a menor pressão dos alimentos já estava presente em agosto, embora “evidentemente que a deflação do mês foi puxada pelos combustíveis”.
O Focus previu o IPCA em dezembro em 6%, saindo dos 6,40%, e há um mês a previsão era de 6,83%. Em agosto, houve a segunda deflação mensal, em 0,30%.
Mas pode-se prever alguns pontos do agronegócio que darão contribuição maior para manter a taxa inflacionária do ano mais acomodada, como a safra de milho de inverno e a maior oferta de leite que já se faz sentir na redução dos preços, entre outros.
Parte dos efeitos positivos deste resto de 2022 se repetirão em 2023, já que o Focus também estabeleceu a meta de 5,01%, de 5,33% de 30 dias atrás.
“As expectativas de inflação [inclusive para 2024] estão se ancorando porque o Bacen fez um excelente trabalho de subir os juros quando a inflação iniciou”, diz o economista, que espera nova deflação em setembro.
Para o Produto Interno Bruto, o Focus de hoje movimentou a alta pela 12ª vez para seguida, a 2,65%, uma expressiva elevação referente há um mês, quando a previsão foi de 2,02%, antes de o IBGE referendar a atividade econômica em alta de 2,5% (depois de mais 3,2% no 2º trimestre). “Estamos na contramão”, pontua o economista da Farsul, fazendo analogia à recessão que “vem aí” no mundo.
Aqui, não houve nenhum reflexo algum do agronegócio, acostumado sempre a se descatar. Mas, sim, do setor de serviços.
Pode-se até dizer que o agronegócio segurou a maior expansão, uma vez que caiu no 1º trimestre e teve crescimento marginal no segundo. Deve dar maior contribuição do 3º trimestre em diante, com as exportações ganhando mais ritmo.
Para o ano que vem, os economistas do Focus adicionaram 0,50% de expansão ao PIB.
Por fim, o indicador da balança comercial traz mais dados que justificam, inclusive, também a baixa contribuição do agronegócio na soma do faturamento bruto da economia até aqui, apesar das altas dos preços internacionais que deram mais força mesmo contra volumes menores, em alguns setores.
As estimativas para 2022 falam em superávit se reduzindo de US$ 66,92 bilhões (da segunda passada) para US$ 65 na divulgação desta segunda. Nesse indicador, também está na conta as menores exportações de soja, por exemplo.
“Estamos exportando menos porque colhemos menos. Só isso, o problema é de oferta”, acredita Antônio Da Luz.
Vale lembrar, no entanto, que as compras chinesas estão mais baixas desde o começo do ano também, devendo fechar abaixo do patamar previsto.
Porém, o movimento deve ser melhor até o final do ano, daí mantendo a queda nesse patamar, porque a safra de inverno do milho se adiantou bem, como também pode ser lembrado o café.
Para 2023, o Focus cortou US$ 5 bilhões do saldo entre exportações e importações brasileiras, seguindo os US$ 60 bilhões pela segunda semana, certamente temendo pelos problemas de demanda pressionada que o mundo deverá vivenciar com mais intensidade.
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