Mudança climática: Mais de US$ 270 trilhões em investimentos são necessários para cumprir as metas de emissão para 2050
Se os investimentos realizados ano a ano fossem elevados de forma gradativa, a lacuna poderia se fechar em meados do século, revela estudo (Imagem: Pixabay)
Para que o 💥️Acordo de Paris e os objetivos de emissões líquidas zero em 2050 sejam cumpridos, os 💥️investimentos climáticos devem ser feitos o quanto antes e em maior escala.
Isto é o que revela o novo estudo do Swiss Re Institute – um fornecedor mundial de resseguros, seguros e outras formas de transferência de riscos – que acompanha os progressos na descarbonização da 💥️economia.
A comparação dos investimentos necessários para atingir a emissão líquida zero com os gastos realizados até agora mostra uma lacuna de investimento climático de mais de US$ 270 trilhões nos setores de energia, transportes, construção e indústria entre 2022 e 2050.
Atrelado a isso, um em cada sete fundos classificados como sustentáveis tem uma intensidade de emissões de carbono maior que a média em todos os fundos de investimento, e nenhum fundo marcado pelo clima tem uma carteira totalmente alinhada com a meta do Acordo de Paris.
Lacuna de investimento
A lacuna de investimento climático abrange os quatro principais setores emissores de carbono: energia, transportes, construção e indústria, conforme o revela o estudo.
A janela em direção às metas de emissão líquida zero está no setor de transportes, estimada em US$ 114 trilhões, com a maioria dos investimentos necessários para equipar estradas para 💥️veículos elétricos.
Vale lembrar, que, em linhas gerais, as emissões líquidas zero podem ser alcançadas removendo da atmosfera tanto gás de efeito estufa quanto as emissões, de modo que a quantidade líquida adicionada seja zero.
No setor de energia, a lacuna prevista é de US$ 78 trilhões, com o principal déficit em energia renovável.
Os setores de construção e industrial requerem investimentos estimados em US$ 65 trilhões e US$ 14 trilhões, respectivamente, sendo a eficiência energética a principal alavanca de descarbonização para ambos os setores.
Economia líquida zero
O estudo identifica também que, se os investimentos realizados ano a ano fossem elevados de forma gradativa e consistente para além da tendência de crescimento anual, a lacuna poderia se fechar em meados do século.
Para o Group Chief Economist da Swiss Re, Jérôme Haegeli, “para colocar em perspectiva o novo número da lacuna de investimentos climáticos, a realidade é: se os investimentos em descarbonização continuarem a crescer ao ritmo atual, a meta de 2050 será provavelmente perdida em 20 anos”.
Isto poderia ser alcançado alinhando cada vez mais os gastos de capital atuais com os objetivos de emissão líquida zero. “Identificar a lacuna de investimento climático torna possível acompanhar o progresso anual em direção a uma economia líquida zero”, afirma o executivo.
Ação público-privada
Segundo o levantamento, a maior parte deste investimento precisa vir do setor privado.
Já o setor público, precisa criar a estrutura para que o setor privado redirecione o capital existente aos investimentos climáticos. “A mudança só pode acontecer no ritmo necessário se os setores público e privado trabalharem coordenadamente para desbloquear o capital e canalizá-lo de forma direcionada”, diz Haegeli.
Além do investimento público direto em projetos verdes, os governos precisam criar confiança nos principais mercados com uma estrutura política clara e incentivos, enquanto os reguladores financeiros devem estabelecer regras padronizadas para fazer cumprir as metas.
A transição verde
Dado o cenário de longo prazo de suas obrigações e capital, também de longo prazo, a ser comprometido, os investidores institucionais, tais como fundos de pensão ou companhias de seguro, estão bem posicionados para desempenhar um papel na transição verde, pontua o estudo do Swiss Re Institute.
Por exemplo, a indústria de seguros poderia impulsionar o mercado financiando soluções de descarbonização emergentes, tais como tecnologias de captura e remoção de carbono e investimentos em infraestrutura sustentável.
Como um absorvedor de riscos, o setor poderia melhorar o perfil de retorno de risco dos projetos de investimento favoráveis ao 💥️clima.
Ao precificar riscos e compartilhar conhecimentos especializados sobre os mesmos, o setor poderia permitir aos participantes do mercado tomar decisões de investimento claras e fundamentadas.
“Na verdade, o mercado de títulos verdes ainda representa menos de 5% do valor do mercado global, o que significa que é muito pequeno. É necessária uma ação mais forte para reduzir as barreiras ao investimento e a convergência internacional na taxonomia para investimentos climáticos e verdes”, afirma Haegeli.
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