Geraldo Alckmin: vice de Lula é a linha de atuação entre José Alencar, Michel Temer e o vice decorativo
Geraldo Alckmin não será ministro, mas terá papel de superministro (Imagem: Amanda Perobelli / Reuters)
Com apenas 4,7% dos votos válidos na eleição presidencial de 2018, 💥️Geraldo Alckmin, então no PSDB, teve sua carreira política praticamente encerrada por diversos especialistas, jornalista e analistas. Ex-governador de 💥️São Paulo, Alckmin foi deixado de lado pelo próprio partido, que passou a priorizar os nomes de 💥️João Dória e 💥️Eduardo Leite.
Quatro anos depois, 💥️Alckmin foi o nome encontrado por 💥️Lula e o 💥️PT para quebrar uma barreira de desconfiança sobre um terceiro mandato petista e mostrar ao 💥️mercado e ao mundo político o projeto da chamada frete ampla.
Inspiração em José Alencar para aproximação com mercado
Na eleição de 2002, Lula moderou o discurso, deixou um pouco de lado sua essência sindicalista e abraçou o que foi descrito posteriormente como “Lula paz e amor”. A mudança foi feita com a intenção de quebrar a desconfiança em torno de seu nome, muito ligado ao radicalismo.
Para isso, o nome escalado para compor a chapa que seria vitoriosa naquela eleição foi o de José Alencar. Recém eleito senador por Minas Gerais, Alencar era um empresário consolidado, fundador da Coteminas, tendo sido inclusive presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
Então presidente da Fiesp, Paulo Skaf descreveu a importância do empresário no governo Lula. “Alencar foi a consciência crítica da sociedade no Pode Executivo federal e, ao mesmo tempo, um interlocutor do governo ante a população, as empresas, as entidades de classe e os sistemas produtivos”, disse Skaf, que foi sucedido pelo filho de Alencar, Josué Gomes, no comando da Fiesp.
Aliás, era comum nos dois primeiros mandatos de Lula, que José Alencar representasse o governo federal em reuniões com empresário e entidades. Fato que deve ser comum com Alckmin, que deve fazer esse meio de campo.
Meio de campo político como Michel Temer
Quando deixou o governo federal no final de 2010, Lula emplacou não só a eleita 💥️Dilma Rousseff como sua sucessora, como também deixou a missão de fazer a ligação com o Congresso para 💥️Michel Temer, então vice na chapa.
Dilma fez carreira como secretária de governo e ministra de estado, sem nunca ter sido eleita para nenhum cargo, enquanto Temer tinha largo histórico como político, tendo sido inclusive presidente da 💥️Câmara dos Deputados. A relação não terminou bem, com a petista acusando o medebista de articular um golpe contra ela para assumir a cadeira de presidente.
Em carta enviada à então presidente, Temer dizia que passara os quatro primeiros anos de governo como “vice decorativo”, tendo perdido “todo o protagonismo político que tivera no passado”.
Assim, Lula e o PT sabem que precisam de alguém para falar em nome do governo com o Congresso e que não tenha relação forte com o partido. Assim, é preciso alguém associado à articulação e negociação política.
“Ele [Alckmin] nunca agiu de forma intempestiva. A coisa mais imprevisível que ele fez durante sua carreira política foi sua adesão à candidatura de Lula”, descreve o cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) e ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Assim, o vice-presidente eleito terá a missão de liderar o que foi chamado de frente ampla também com os congressistas. Ficará a cargo de Alckmin facilitar o relacionamento entre os demais partidos, o PT e Lula.
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