Gigante chinesa BYD reforça aposta no Brasil com carros elétricos
A BYD, que tem origem na produção de baterias para celulares de aparelhos eletrônicos e começou a fabricar carros na China em 2003 (Imagem: Reuters/Alberto Alerigi Jr.)
Quase 10 anos após ter estraeado no 💥️Brasil, a gigante industrial chinesa BYD anunciou na quarta-feira dois lançamentos de carros elétricos, parte de uma aposta da empresa que pode envolver um investimento bilionário no maior mercado da💥️ América Latina no momento em que a mudança de governo pode fazer o país focar em tecnologias que reduzam emissões de carbono.
A BYD, que tem origem na produção de baterias para celulares de aparelhos eletrônicos e começou a fabricar carros na 💥️China em 2003, lançou dois utilitários esportivos elétricos no Brasil, parte de um plano de ter cerca de um terço de seus modelos sendo vendido no Brasil até o final do próximo ano.
Atualmente, a empresa produz ônibus elétricos e painéis fotovoltaicos em Campinas (SP)e tem uma fábrica de baterias para veículos elétricos em Manaus. Ela também tem dois projetos de monotrilho no Brasil, um em Salvador e outro em São Paulo.
A companhia, maior fabricante de veículos elétricos da China, também tem negociado a venda de um lote de carros elétricos para a companhia de transporte por aplicativo 99.
Mas com os lançamentos da quarta-feira, os modelos Song Plus & híbrido plug-in & e Yuan Plus & 100% elétrico & a BYD amplia foco no setor de consumo no país, aproximando-se do preço cobrada por SUVs elétricos e híbridos no país, de 250 mil reais.
O preço ainda é salgado, mas coloca a empresa em melhor posição de disputar o segmento com grupos como Stellantis, Toyota e Caoa Chery, uma vez que os dois únicos modelos vendidos hoje pela BYD no Brasil & Tan e Han & custam cerca de 500 mil reais e focados no mercado de luxo.
Apesar dos valores, o mercado de carros elétricos e híbridos no Brasil tem acelerado, mesmo sem uma política nacional clara de incentivo.
Em 2022 até outubro, as vendas no segmento subiram 44% sobre mesmo período do ano passado, mesmo com os modelos mais baratos no mercado nacional custando mais de 140 mil reais.
“Acredito que agora é o momento certo política e ambientalmente para investirmos na construção destas novas tecnologias no Brasil”, disse a presidente da BYD para as Américas, Stella Li, à 💥️Reuters, durante o lançamento. “Mas vai ser um processo muito desafiador e precisamos de um governo que tenha a cabeça aberta para que a tecnologia cresça aqui.”
O presidente-eleito, 💥️Luiz Inácio Lula da Silva, tem prometido uma agenda de combate às mudanças climáticas. No final de outubro, o coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo precisa estimular um processo de reindustrialização focado em uma “💥️economia mais verde” e citou que a indústria automotiva nacional precisa se modernizar para incluir veículos híbridos.
Em outubro, a BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia que pode abrir linhas de produção de veículos na área industrial abandonada pela Ford em Camaçari. O governo baiano mencionou investimentos pela empresa da ordem de 3 bilhões de reais, mas Li evitou dar detalhes, afirmando que uma decisão sobre o projeto deve sair até o final deste ano.
Questionada sobre o risco representado pelo histórico brasileiro de turbulências políticas, econômicas e jurídicas, além de medidas adotadas por governos petistas que privilegiaram marcas estabelecidas no país em detrimento de rivais asiáticos, Li disse que a BYD “tem muita paciência com o Brasil”.
“A BYD está no Brasil há quase 10 anos…Vivemos muitas mudanças políticas neste período, além de cambiais, e com inflação. Mas eu acho que no longo prazo o Brasil tem suas próprias vantagens”, disse a executiva.
Ela citou fatores como o tamanho do mercado, disponibilidade de matéria-prima para baterias como lítio e um novo governo que aparenta estar mais aberto a incentivar o setor. “Estamos em momento muito bom para começar a realmente expandir as tecnologias no Brasil…e com o tempo o Brasil poderá desenvolver sua própria indústria”, disse a executiva, referindo-se aos veículos elétricos e híbridos.
Li citou a carga tributária como um dos principais motivos para os elevados preços dos veículos elétricos e híbridos no país em comparação com outros mercados, mas espera que o governo de Lula mude o quadro.
Segundo o diretor de sustentabilidade e marketing da BYD no Brasil, Adalberto Maluf, enquanto carros a combustão pagam entre 5% e 10% de IPI, híbridos e elétricos pagam de 7% a 14%.
“Se você cobrar imposto elevado, você mata a indústria antes que ela possa crescer”, disse Li.
Maluf afirmou que a BYD trabalha com um cenário em que 10% das vendas de veículos do Brasil serão de modelos elétricos e híbridos até 2025 ante um patamar atual de 2,4%. Depois disso, a fatia, segundo o executivo, deverá saltar para 30% em 2030.
“Para nós é uma corrida na América Latina. Precisamos de uma posição de liderança na região e agir rapidamente”, disse Li.
Na região, a BYD está presente também no Chile, Uruguai, Colômbia, Equador, Panamá, Costa Rica e México.
No Brasil, o plano, segundo Maluf é elevar o número de concessionárias da BYD de 15 para 25 até dezembro, ampliando para 50 até julho de 2023, chegando a 100 no final do próximo ano. Isso dará uma cobertura de 85% do mercado nacional, segundo o executivo.
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