Reta final: Esses fatores devem ditar o último mês do Ibovespa em 2022
Ibovespa: Mercado está em modo de observação (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
O ano de 2022 está perto de acabar. No acumulado, o 💥️Ibovespa avança mais de 6%, mas a volatilidade causada pelas incertezas com a situação fiscal do Brasil e a composição do 💥️governo Lula a partir de 2023 pressiona o índice e levanta dúvidas em alguns analistas quanto a um potencial rali de fim de ano.
Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análise da 💥️Terra Investimentos, afirmam que, além da 💥️PEC da Transição, a postura do novo governo de não divulgar de imediato os planos econômicos para os próximos quatro anos e a falta do nome que estará à frente do 💥️Ministério da Fazenda impossibilitam que os investidores se comprometam com o mercado.
Os analistas avaliam que a proposta apresentada pelo governo eleito que permite um furo de até R$ 198 bilhões no teto de gastos a partir do próximo ano para cumprir com as promessas de campanha foi “uma grande quebra de expectativa sobre o desfecho das eleições”.
“O mercado já esperava que o governo fosse tomar medidas fiscalmente negativas para assegurar os recursos dos programas sociais. Entretanto, a magnitude da PEC coloca em dúvida a estabilidade fiscal do país, caso aprovada”, explicam.
A Terra diz que o mercado está em modo de observação, à espera do desfecho para se posicionar.
“Assim, o índice deve seguir lateralizado até que esse ou outros fatores modifiquem a perspectiva dos investidores”, completa a corretora.
Graficamente falando, o Ibovespa apresenta dificuldades em iniciar um movimento de recuperação, aponta uma análise do 💥️Itaú BBA.
Incerteza, a vilã
Leonardo Neves, especialista em renda variável da 💥️Blue3, lembra que o investidor gosta de ter clareza sobre o que ele pode enfrentar mais à frente. Quanto mais previsibilidade ele tem, mais à vontade ele fica na hora de tomar riscos, reforça.
Pensando nisso, Neves ressalta que a sensação de que pode haver um descontrole fiscal no próximo ano assusta tanto investidores estrangeiros quanto locais.
“Essa sensação de que o teto de gastos pode ser ultrapassado em um valor exorbitante pode assustar os estrangeiros e os investidores aqui no Brasil”, diz.
Para Neves, a partir do momento que houver uma definição, a Bolsa brasileira pode sair favorecida e até aproveitar um rali de fim de ano tardio em 2022.
O analista e co-fundador da 💥️Escola de Investimentos Rodrigo Cohen não está tão otimista. Ele acha difícil ter uma boa expectativa para o Ibovespa no fim do ano, citando também a incerteza como fator.
Na avaliação de Cohen, o cenário político não está precificado.
“Lula ainda é uma incógnita e está atuando de forma bem diferente do que era esperado”, comenta.
Victor Paganini, analista da 💥️Quantzed, afirma que os investidores podem esperar, no mínimo, um fim de ano altamente volátil, com uma combinação ruim de incerteza e um cenário macroeconômico desfavorável, atrelado ao contexto político.
Paganini acredita que as chances de recuperação do mercado em dezembro são mínimas.
“Temos menos de um mês e um mercado sem sinal de que vai se recuperar. Essa questão de incerteza vai ficar no radar. É muito difícil esperar um movimento positivo neste fim de ano”, avalia o analista.
Impacto do exterior
O analista da Quantzed observa um efeito de descolamento dos mercados globais com o mercado local. Ultimamente, as Bolsas internacionais têm experimentado uma tendência positiva, enquanto o risco fiscal e os juros ainda elevados jogam pressão sobre o Ibovespa.
Segundo Paganini, como o foco principal do Ibovespa está no cenário político brasileiro e o mês de dezembro é o mais importante por conta da transição, o mais provável é que o movimento doméstico continue descolado com o desempenho lá fora.
Cohen, da Escola de Investimentos, destaca que o cenário exterior está mais frouxo.
“💥️[Jerome] Powell deu a entender que fará altas de juros em ritmo menor. Também não há nenhuma notícia nova em relação à Rússia e à Ucrânia. A 💥️China está caminhando para diminuir as políticas de Covid Zero, o que o mercado vê de forma muito positiva. Com isso, o cenário exterior tem ficado mais frouxo”, resume o analista.
Cohen diz que o peso do exterior só fará grande efeito se acontecer algum imprevisto que pegue o mercado de surpresa. Como Paganini, ele reforça que o ambiente doméstico está pesando mais para o Ibovespa.
Neves, da Blue3, observa que, caso os riscos externos e a situação no Brasil mostrarem desfecho mais favorável para a economia em geral, pode-se esperar um rali de fim de ano & ainda que não tão forte quanto no passado.
O especialista ressalta, no entanto, que o movimento contrário também pode acontecer.
“Se esses dois assuntos trouxerem aspectos negativos para a economia, a gente pode ver a Bolsa não só não ‘performar’ um rali de fim de ano, como também acabar tendo uma queda mais expressiva durante o último mês do ano”, completa.
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