Desaceleração da economia global: Brasil está preparado para enfrentar este desafio?

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Conjuntura atual não é favorável e impacto de recessão global sobre economia brasileira pode ser ainda maior devido às incertezas internas (Imagem: Shutterstock/Montagem: Julia Shikota)

Por Geizebel Schieferdecker*

A inflação acendeu um sinal de alerta mundial em 2022 mostrando-se mais persistente do que o esperado. Choques tanto do lado da 💥️oferta, pressão sobre as 💥️cadeias globais de suprimentos e a guerra na Ucrânia, quanto do lado da 💥️demanda, com estímulos fiscais e monetários, resultaram em uma trajetória de alta inflacionária.

A fim de controlar o avanço dos preços, os países adotaram uma política monetária contracionista. Ou seja, de aumento das taxas de juros. Porém, nem todos fizeram um prognóstico acurado e muitos demoraram para perceber que a inflação não era transitória.

Nos 💥️Estados Unidos, a inflação começou a ceder apenas recentemente. Com isso, já era esperado que houvesse uma desaceleração no ritmo de aperto dos juros.

Contudo, duas importantes perguntas continuam em aberto. Afinal, quanto tempo será necessário manter os juros em um patamar elevado? E, consequentemente, qual será a intensidade da desaceleração da economia americana?

💥️Previsão é de retração global

Segundo matéria divulgada pelo ✅The Wall Street Journal “💥️Big Banks Predict Recession, Fed Pivot in 2023” mais de dois terços dos economistas de grandes instituições financeiras que atuam com o Federal Reserve indicam uma recessão em 2023. Porém, ainda não há consenso quanto à intensidade dessa retração econômica.

Mas a economia dos EUA não será a única a passar por uma retração na atividade.  Segundo o último relatório Perspectivas Econômicas Globais, o crescimento econômico mundial está desacelerando e espera-se que ocorra de forma generalizada. Portanto, deve atingir tanto economias avançadas quanto economias emergentes e países em desenvolvimento.

As projeções de crescimento mundial são de 1,7% em 2023 e +2,7% em 2024.

💥️Panorama doméstico de incertezas

Já no Brasil, apesar de o Banco Central ter iniciado uma política contracionista quase um ano antes do 💥️Fed, a queda da taxa juros já é cada vez menos esperada em 2023. De forma geral, essa mudança nas expectativas refletem uma preocupação dos agentes com o cenário fiscal.

É importante destacar que além do efeito na demanda agregada, uma política fiscal expansiva, também possui efeitos na economia através de outros canais. Por exemplo, via preços de ativos, expectativas de inflação, taxa de juros neutra e grau de incerteza na economia.

Assim, em um ambiente que coloque em xeque a sustentabilidade a dívida pública, estímulos fiscais significativos, podem ter um efeito muito maior na inflação do que na atividade econômica.

Além disso, as medidas aprovadas no último governo & bem documentadas no artigo “O Executivo e o Congresso distribuíram presentes. A conta vai chegar”, de Marcos Lisboa e Marcos Mendes publicado no ✅Brazil Journal & irão se refletir em uma deterioração das contas públicas . Somadas, as atuais medidas, como a aprovação da PEC de Transição, prorrogação da isenção de impostos sobre combustíveis, além do discurso contrário ao teto de gastos acentuam uma piora no ambiente doméstico.

E tudo isso se reflete em uma queda dos indicadores de confiança da economia. Desde setembro de 2022, o índice de Confiança do Empresário Industrial (ICE) já apresenta uma tendência de queda. Porém, agora, em janeiro de 2023, o índice caiu para baixo da linha divisória de 50 pontos.

Isso demostra um estado de falta de confiança no setor industrial, primeira vez desde julho de 2023. Tal queda na confiança gera menor investimento no setor. Além disso, a manutenção da taxa Selic em patamares elevados tende a amplificar os desestímulos aos investimentos privados.

Portanto, essas expectativas são importantes pois influenciam a tomada de decisões dos agentes econômicos. Juntos, tudo isso dificulta ainda mais o crescimento econômico.

Com isso, um dos grandes desafios do governo brasileiro é criar um ambiente com maior segurança para atrair investimentos. Por ora, as medidas divulgadas recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visando reduzir o déficit fiscal primário através do aumento de receitas não corroboram para este ambiente.

Assim, a conjuntura atual não é favorável, e o impacto de uma recessão global sobre a economia brasileira pode ser intensificado pelo cenário interno gerando, com isso, uma retração maior na atividade econômica.

*Geizebel Schieferdecker é bacharel em Administração de Empresas e em Economia pelo Insper, mestranda em Economia pela FGV e sócia da Squad Capital Investimentos.

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