ETFs de venda coberta são alternativa para lucrar em tempos difíceis; veja como
“Uma das formas que entendo que possa auxiliar o investidor a atravessar esses mares revoltos é por meio da compra de 💥️ETFs de 💥️venda coberta”, diz Enzo Pacheco (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)
Seguimos buscando entender as dinâmicas dos 💥️mercados internacionais. Mesmo após os últimos números da 💥️inflação ao consumidor nos 💥️Estados Unidos (medido pelo 💥️CPI) mostrarem um leve aumento na leitura anual em relação ao mês anterior — o que reforça a ideia de que o 💥️Federal Reserve está longe de afrouxar sua política monetária —, os principais 💥️índices americanos tiveram dias tranquilos desde então.
E entendo que esse “chove-mas-não-molha” pode gerar frustração para o💥️ investidor. Ser confrontado todos os dias com algo que você acredita que não esteja funcionando de maneira correta resulta em um cansaço mental em que é preciso muita resiliência para enfrentar.
Mas já que o mercado não decide para onde vai, cabe ao investidor buscar alternativas para os seus recursos. E uma das principais formas que vejo nessa atual conjuntura é apostar em 💥️ativos que gerem💥️ renda ao portfólio.
Lembrando que essa não é a maneira mais eficiente para o portfólio, uma vez que, ao abrir uma conta no exterior e se declarar um 💥️investidor internacional, toda renda proveniente de💥️ juros e 💥️dividendos já conta com a retenção de 30% desse valor na forma de impostos.
[E não pense que o investidor conseguiria escapar dessa tributação ao comprar 💥️BDRs: a única diferença aqui é que o custodiante do ativo é quem sofre com esse imposto na fonte, e repassa ao detentor do título o valor líquido, descontando ainda de 3% a 5% os custos relacionados a conversão desses valores de dólar para real].
ETFs de venda coberta: um modo de rentabilizar a carteira
Uma das formas que entendo que possa auxiliar o investidor a atravessar esses mares revoltos é por meio da compra de 💥️ETFs de 💥️venda coberta.
Para quem não conhece esse tipo de operação, a venda coberta é uma estratégia que engloba a posição em um ativo e a venda de💥️ opções de compra (também conhecidas no mercado como ‘💥️call’) desse mesmo ativo com um preço de exercício (‘strike’) acima do preço de tela.
Um exemplo: um investidor adquiriu 100 ações da 💥️Apple nos preços atuais (US$ 155). Este mesmo investidor acredita que, após a alta de mais de 23% da criadora do 💥️iPhone nesses primeiros 45 dias do ano, a perspectiva que até o final do próximo mês o papel se valorize mais 10% (atingindo os US$ 170) é baixa.
Neste caso, ao olhar o mercado de opções para Apple, o investidor encontra uma call com vencimento no dia 17 de março, com o strike de US$ 170, sendo negociada por US$0,55 por opção — importante salientar que neste mercado o que são negociados são contratos, sendo que cada contrato possui 100 opções.
Desta forma, ao vender um contrato da call de US$ 170, o investidor receberá US$55 na sua conta (US$ 0,55/opção vezes 1 contrato vezes 100 opções). Considerando o valor investido nas ações, de US$ 15.500 (US$ 155 vezes 100 ações), o valor recebido com a call representa um retorno de 0,35% (que, anualizando, equivale a 4,3%).
Falando assim, parece que o esforço envolvido nas transações não compensam o retorno obtido. Mas caso o investidor consiga repetir esse tipo de operação ao longo do ano, é possível rentabilizar aquelas posições que o mesmo não tem interesse de se desfazer, a não ser que atinja níveis de preços que ele considera atrativo.
Importante salientar que esta não é uma operação sem risco: caso as ações ultrapassem o strike, o investidor que fez a venda coberta tem a obrigação de vender o ativo pelo preço previamente acordado (US$ 170).
Independente se o valor final for US$ 171 ou US$ 200, o ganho máximo da operação será o preço do strike menos o valor pago pelas ações mais o que foi recebido com a venda das opções (neste exemplo, US$ 170 & US$ 155 + US$ 0,55 = US$ 15,55/ação).
Por outro lado, caso as ações se desvalorizem, o valor recebido na venda das opções ao menos abate parte do prejuízo total — isso se o investidor quiser se desfazer das ações. Caso decida continuar com a posição, ele pode fazer novas vendas cobertas, ainda que com um strike menor do que o original.
Ainda assim, nem todo mundo tem a paciência para fazer tais operações de maneira recorrente. Mas nem tudo está perdido.
Por onde começar as operações de ETFs
Isso porque é possível encontrar no exterior ETFs que realizam esse tipo de operação com alguns dos principais índices americanos — casos dos 💥️Global X S&P 500 Covered Call ETF (B3: BXYL39 | NYSE: XYLD), Global X Nasdaq 100 Covered Call ETF (B3: BQYL39 | NYSE: QYLD) e Global X Russell 2000 Covered Call ETF (B3: BRUL39 | NYSE: RYLD).
No caso do 💥️S&P 500, o mandato do ETF determina em que o fundo invista nas empresas que compõe o índice (com os mesmos pesos) ao mesmo tempo que vende calls para gerar renda — essa posição atualmente, por exemplo, tem um strike de 3.920 pontos e vence amanhã, dia 17 de fevereiro. Quando essas opções vencerem, o fundo irá vender novas calls, coletando assim novos recursos.
A questão aqui é que esse tipo de fundo tem uma performance pior em mercados de alta. Caso estejamos entrando em um novo 💥️bull market (o que os leitores dessa coluna já entenderam que não é o cenário-base desse escriba), a tendência é que ele não acompanhe a variação do índice, porque ele teria que vender parte de suas posições com um lucro menor do que somente ter feito uma estratégia de “buy and hold“.
Entretanto, mesmo nesses mercados de alta, o resultado auferido é positivo. Ainda que seja muito menor do que o ganho que o investidor teria se decidisse investir apenas no índice, pelo menos ele ainda tem um lucro na operação — como é o caso deste ano.
Por outro lado, em mercados de queda igual do ano passado, as perdas observadas nesse tipo de ativo são menores do que as do índice. Isso porque a renda gerada com vendas de calls que não foram exercidas foram mantidas pelo fundo. O 💥️XYLD, por exemplo, distribuiu 13,5% em dividendos para seus acionistas nos últimos doze meses (e considerando a distribuição mais recente, o valor para 2023 deve ficar ainda próximo dos 13%).
Gráficos 1, 2 e 3. Performance dos índices americanos e seus respectivos ETFs de venda coberta | Fontes: Bloomberg e Empiricus
Obviamente, não é para o investidor alocar todos os seus recursos nesse tipo de ativo, por mais tentador que possa ser, nem deve mantê-lo por um longo período em carteira.
Desde a sua concepção, em meados de 2013, o XYLD gerou ganhos da ordem de 90% (considerando já os dividendos recebidos). Já o S&P 500, no mesmo período, valorizou quase 154%, ou 60 pontos percentuais a mais do ETF. Se o investidor pensa em investir apenas por conta do 💥️alto rendimento, ele pode perder uma grande multiplicação do seu capital.
Só que em um período de alta incerteza, me parece que um rendimento perto dos 13% (em dólar) é um bom instrumento antes da volta a tempos mais normais.
✅💥️Enzo Pacheco é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Um entusiasta do assunto “investimentos” — tendo se interessado desde os tempos de universitário —, desde 2017 foca exclusivamente na análise dos mercados internacionais nas séries da Empiricus voltadas a esse propósito (Investidor Internacional e MoneyBets).
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