Casas de bruxa em busca de moradores se tornam epidemia no Japão

De Nossa

23/05/2023 04h00

Atualmente, corvos, cães e guaxinins fazem das mais de 8,5 milhões de 'casas de bruxas' suas moradas.

Misteriosas, elas se tornaram um símbolo do declínio demográfico de uma das sociedades mais ricas do oriente. Há ruas em cidades na região metropolitana de Tóquio em que quase todas as residências estão abandonadas.

É o caso de Setagaya, uma das regiões mais exclusivas ao redor da capital, mas que possui cerca de 50 mil akiyas. O ciclo que estes imóveis viram é relativamente simples: seus proprietários envelheceram, faleceram e os herdeiros, quando existem, foram morar nos grandes centros urbanos.

Ainda segundo o Times, frequentemente o custo de demolição (ou revitalização) da antiga residência da família é maior do que o valor de venda do seu terreno. Para os herdeiros, portanto, torna-se mais vantajoso simplesmente "esquecer" delas do que lidar com o endereço que fez parte da história dos antepassados.

Há outro agravante. Construções anteriores à Segunda Guerra foram feitas para durar, já que a expectativa era que elas abrigassem as famílias por diversas gerações. Após os bombardeios, esta dinâmica mudou. Residências precisavam ser construídas rapidamente e o investimento na qualidade foi colocado de lado.

Assim, residências no Japão não mantêm seu valor. São como carros, logo elas valem significativamente menos do que quando foram erguidas e adquiridas.

"Para os filhos de pais recentemente falecidos, a casa antiga em um beco estreito de Tóquio se torna mais um peso do que um bem. As casas de bruxas são contagiosas, o conjunto de casas abandonadas ainda prejudica o valor daquelas ao redor", explica Richard Lloyd Perry, editor de Ásia do The Times.

Por isso, um terço de todas as casas japonesas estarão desocupadas até 2033, a não ser que sejam demolidas, de acordo com um relatório do Instituto de Pesquisa Nomura divulgado pelo The Japan Times.

Algumas prefeituras japonesas já investem em métodos para combater o problema: oferecer casas gratuitas ou por pechinchas a novos moradores — como acontece na Itália — cobrar impostos pelo abandono ou tentar encontrar manobras legais para derrubá-las.

Em Okutama, uma das cidades que doou casas segundo o jornal Nikkei, algumas delas vêm sendo transformadas em negócios, como oficinas e restaurantes. Tochigi e Nagano preferem a abordagem do preço amigo: uma casa de bruxa pode sair por irrisórios 50 mil ienes ou R$ 1.800.

No entanto, desde 2008, a população japonesa já perdeu 2 milhões de pessoas. Mal-assombradas ou não, parece inevitável que as casas ancestrais do Japão contarão, em breve, a história de um passado fantasmagórico.

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