Elefantes que entretêm turistas na Tailândia têm futuro incerto
No entanto, ele e seu criador (ou ✅mahout), Sornsiri "Lek" Sapmak, estão passando por dificuldades.
Ele costumava ganhar a vida com a participação de Kwanmueang em cerimônias para ordenar novos monges, ou vestido como um elefante de guerra para reencenar batalhas históricas. Tudo isso parou durante os confinamentos impostos pela pandemia de covid-19.
Mais elefantes são usados para o turismo na Tailândia — acima de 3 mil — do que em qualquer outro lugar do mundo. Diferentemente de outros países com populações cativas, os da Tailândia são quase todos de propriedade privada. Sendo assim, o colapso do turismo durante a pandemia teve um impacto devastador sobre os elefantes e seus donos, que não ganham mais o suficiente para cuidar deles.
Mesmo com o início da recuperação do turismo, outra ameaça paira sobre essa indústria única. Preocupações éticas sobre como os animais em cativeiro são mantidos e treinados estão levando muitos visitantes estrangeiros a boicotar os shows de elefantes, que antes eram uma atração clássica para os turistas, levantando questões sobre se o turismo de elefantes pode voltar ao que era antes da covid-19.
Lek e Kwanmueang voltaram para o vilarejo natal de Lek na província de Surin — uma região cujo povo é famoso por sua habilidade em manter, treinar e, no passado, capturar elefantes.
"A covid parou tudo", diz ela. "Os ✅mahouts, os donos e os elefantes estão todos desempregados. Nos acampamentos turísticos, as fêmeas são mantidas separadas dos machos, mas aqui todos andam juntos, e os elefantes têm feito sexo. Não os forçamos. Eles fazem isso em seu próprio tempo. Então a população está aumentando."
Joy conta que pensou em vender seu bebê elefante para arrecadar fundos — eles chegam a valer tanto quanto um carro de luxo —, mas ela se preocupa com o quão bem ele seria tratado. Joy morou quase toda a vida com a mãe dele, de 39 anos, herdada dos avós.
"Queríamos ser totalmente éticos, focar na conservação. Então decidimos interromper os programas de banhos e alimentação de elefantes para turistas", diz ela.
Isso custou metade de suas reservas. E, segundo ela, as operadoras de turismo disseram que não poderiam enviar clientes para lá porque todo mundo "quer tocar e abraçar os elefantes, quer colocar as mãos neles".
A Tailândia costumava ter cerca de 100 mil elefantes vivendo na natureza
Mas a Tailândia não tem uma estratégia para isso. Na verdade, a regulamentação dos elefantes domésticos é uma confusão, dividida entre três ministérios que não estão coordenados entre si.
Então, o futuro dessas criaturas magníficas fica em grande parte nas mãos dos seus donos, muitos deles ainda em situação financeira precária.
Os ✅mahouts estão contando os dias para que os turistas voltem aos números de antes, mas também temem que o único negócio que muitos deles conhecem possa estar ameaçado pela mudança de gostos.
Levar seus elefantes de Phuket para Surin custou a Joy mais de US$ 2 mil. Ela diz que não pode se dar ao luxo de voltar para lá até ter certeza de que os shows estão atraindo grandes multidões novamente.
"Neste momento, é muito difícil para nós, porque não temos dinheiro suficiente. Os elefantes e os humanos estão desempregados. Ainda haverá shows? Acho que haverá, mas não tantos, porque alguns turistas estrangeiros pensam que nós, aqueles que criam elefantes, não os amam, que os torturamos com ganchos para fazê-los se apresentar. Acho que as coisas vão mudar."
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64151738
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