Há 74 anos, família fugiu da guerra e trouxe perfumada culinária síria a SP

Quase sempre, cruzavam o planeta para fugir de conflitos — e foi também por essa razão que os Aris abandonaram a cidade síria de Alepo. Alistados para lutar na Primeira Guerra Árabe-Israelense, que estourou em 1948 e colocou em campos opostos os países da Liga Árabe e o recém-criado Estado de Israel, o pai e o tio de Mouna preferiram desertar, deixar o país natal para trás e colocar mulheres e filhos em segurança.

Os Aris na vinda ao Brasil - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL

Meu pai, George, tocava violão, meu irmão de 6 anos tocava uma espécie de pandeiro e eu dançava. A gente subia para a ala chique do navio, se apresentava e ainda ganhava um dinheirinho", ela conta.

O trajeto demorou muito mais do que o esperado, porque a família foi separada em algum porto no meio do caminho, à espera da legalização dos documentos. "Ficamos três meses lá, e ainda mantiveram meu pai trancado no navio, até que tudo fosse resolvido."

Em Santos, o alívio: a tia-avó de Mouna estava à espera no porto e os Aris foram acolhidos pelos parentes que já viviam em São Paulo, uma etapa importante para a família que, com três crianças para cuidar, não falava uma palavra de português.

💥️Culinária árabe e um desjejum curioso

Instalaram-se no bairro da Penha, onde o clã mantinha um pequeno empório, e ali o pai de Mouna, que na Síria era guarda civil e pintor de imagens de santos, começou a trabalhar. Cinco anos depois, já com um certo domínio do idioma, mudaram-se para o bairro do Brás, onde George abriu o próprio armazém de secos e molhados.

As prateleiras eram abastecidas com itens corriqueiros da cozinha brasileira, mas a casa da família era uma espécie de enclave sírio em plena Zona Leste paulistana.

Minha mãe, Ratiba, cozinhava todo dia e tinha muito ciúme de sua cozinha. Eu só podia ficar no canto, observando. A maior parte do cardápio do dia a dia era árabe, receitas simples e nutritivas que ela fazia questão de preparar, porque nossa situação financeira não era muito boa."

Gisele Gaspar e sua mãe Mouna Aris Gaspar - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL As esfihas de Mouna Aris Gaspar - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL Gisele e Mouna na cozinha - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL Mouna e o marido - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal Mãe e filha se divertem fazendo esfihas de carne, herança de família - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL Gisele Gaspar e sua mãe Mouna Aris Gaspar, num verdadeiro banquete sírio - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL Pratos sírios produzidos por Gisele Gaspar e sua mãe Mouna Aris Gaspar - Keiny Andrade/ysoke - Keiny Andrade/UOL

💥️Rendimento: 70 unidades

💥️Ingredientes

💥️Massa

  • 2 ovos
  • 1/3 de xícara de óleo
  • 30 g de fermento biológico fresco
  • 2 colheres (sopa) de açúcar
  • 2 xícaras de água morna
  • sal a gosto
  • 1 kg de farinha de trigo

💥️Recheio

  • 5 tomates picados, com pele e sem sementes
  • 2 cebolas picadas
  • 1 kg de patinho bem limpo, moído (ou alcatra)
  • 50 ml de limão
  • 150 ml de azeite
  • salsinha fresca picada a gosto
  • hortelã fresca picada a gosto
  • sal a gosto

💥️Modo de fazer

💥️Massa

Em uma tigela, bata os ovos com o óleo. À parte, misture o fermento com o açúcar e incorpore aos ovos, até obter uma pasta homogênea. Adicione a água morna e misture bem.

Em outra tigela grande, incorpore o sal à farinha de trigo e vá juntando aos poucos a pasta de ovos, misturando bem com as mãos até que a massa desgrude dos dedos. Deixe fermentar por até 2 horas em temperatura ambiente.

💥️Recheio

Misture todos os ingredientes com as mãos e reserve.

💥️Montagem

Abra a massa com o rolo, em espessura não muito fina, e corte em círculos com ajuda de um aro ou a boca de um copo. Deixe que descansem e fermentem por mais 15 minutos.

Disponha os discos em assadeiras untadas com óleo e distribua o recheio, deixando uma pequena borda nos círculos. Levante as bordas para finalizar e asse em forno preaquecido a 220ºC, por cerca de 15 minutos, até que estejam douradas.

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