De Portugal à Bulgária: por que existem tantas 'pontes do diabo' na Europa?
Minha amiga Karin Hueck, em seu livro "O Lado Sombrio dos Contos de Fadas", chama o sistema de "uma imensa tabela periódica do folclore": "Ele funciona como uma grande taxonomia de fábulas, que confere um 'nome científico' para cada uma delas. Primeiro, analisa o que elas têm em comum - uma heroína bonita, um animal falante, uma moral parecida -, para depois inventar um título para cada uma delas."
Dessa forma, há contos de animais, religiosos, populares, anedotas etc. "Cinderela", por exemplo, é um conto popular, categoria "história da heroína perseguida". Seu código é 510A.
Já as entradas 1000 a 1199 são reservadas aos contos com gigantes e demônios. Da 1170 à 1199 ficam as histórias de almas salvas pelo diabo. Nessa subcategoria, o item 1191 trata das pontes do demônio.
Ou seja, existem tantas lendas de pontes associadas ao coisa-ruim que os estudiosos as catalogaram. Em geral, são pontes de pedra muito antigas, em arco, com uma arquitetura que impressionava as pessoas da época, a ponto de inspirarem lendas.
A maioria dessas pontes fica na Europa, continente que concentra o foco da catalogação do sistema ATU. Isso, por sua vez, é motivo de críticas, dada a limitação geográfica do tabelão.
Este site ligado à Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos) enumera 16 lendas de pontes do diabo. Um levantamento feito pelos editores da Wikipédia contabilizou 96 pontes do tipo, a maioria na França. Mas há muito mais.
As lendas giram em torno da dificuldade de construir as estruturas - o desafio de engenharia era tamanho que equivalia a derrotar o diabo. Em outras versões, o construtor terceiriza a obra ao demo, que exige como pagamento a alma da primeira pessoa a cruzar a ponte ou algo nessa linha.
Aspergiu água benta na direção do pé-de-gancho e testemunhou o arco formado pelas gotas sagradas no ar se converter em pedra, materializando-se em uma ponte. O padre se livrou do demônio, expulso para o fundo do rio, correu e chegou a tempo de salvar o moribundo ladrão.
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