Nas mãos de mulheres, produção de cervejas ajudou a colonizar os EUA
A salvação veio quando eles descobriram que podiam produzir tabaco. Graças à exportação de fumo, navios carregados de vinho das ilhas da Madeira e Canárias e cerveja inglesa supriam as necessidades dos colonos.
Mas era um abastecimento irregular e insuficiente. Faltavam matérias-primas e conhecimento para produzir localmente.
💥️Cerveja foi salvação
A solução encontrada pelos habitantes do assentamento, hoje no estado americano da Virgínia, foi convocar mulheres. Ou melhor: mulheres com talentos na arte de fazer cerveja.
Para a autora, além desses fatores, o encolhimento do papel das mulheres no álcool envolveu também um "entusiasmo dos homens pelas novas formas científicas de produção, o aumento da população e as exigências de fornecimento de bebidas alcoólicas ao Exército durante a Revolução Americana".
Mas, no século 17, ainda se tratava de uma atividade feminina. Na Inglaterra, mulheres faziam cerveja, sidra, hidromel, uísque e conhaque em suas cozinhas, para o consumo de homens (e crianças) em casa.
💥️Bebida de "comer"
A solução era se adaptar. As mulheres substituíram o lúpulo por essência de abeto para cumprir a função de conservante natural e dar amargor. No lugar da cevada, milho, melado, abóbora, gengibre, sálvia, centeio e até caqui eram ingredientes comuns.
✅"Pegue quatro onças [8 colheres de sopa] de lúpulo, deixe ferver meia hora em um galão [4 litros] de água, coe a água do lúpulo e adicione dezesseis galões [60 litros] de água morna, dois galões [7,5 litros] de melaço, oito onças [16 colheres de sopa] de essência de abeto, dissolvido em um litro de água, coloque em um barril limpo, em seguida, agite bem, adicione meio pint [1 xícara] de leveduras, depois deixe descansar e trabalhe uma semana, se o tempo estiver muito quente, menos tempo, quando for retirado para a garrafa, adicione uma colher de melaço a cada garrafa."
💥️No Brasil
Já se bebia cerveja desde muito antes da chegada dos primeiros europeus. Não a cerveja maltada que conhecemos, feita a partir da fermentação de grãos germinados, mas uma insalivada, em que as enzimas presentes naturalmente na saliva induzem o processo de fermentação.
O cauim, feito em geral por meio da mastigação e salivação da mandioca, estava em todos os eventos e rituais indígenas. De novo, quem comandava a produção eram as mulheres.
Por isso, os europeus que introduziram a produção de cerveja no Brasil não foram os portugueses, mas os holandeses. Durante o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco, Dirck Dicx, membro de uma tradicional família cervejeira da cidade de Haarlem, desembarcou no Recife em 1640 para instalar uma fábrica.
Mapa que celebra o domínio holandês sobre Olinda, em Pernambuco (1630)
"Se somarmos as dificuldades enfrentadas para o abastecimento na colônia, a vasta produção de açúcar no nordeste brasileiro, a experiência de um mestre cervejeiro como Dicx e a tradição de cervejas na Holanda do século 17, talvez a primeira cerveja brasileira tenha contido uma quantidade de malte de trigo e algum açúcar para facilitar a fermentação", explicam a cientista política Tatiana Rotolo e o geógrafo Eduardo Marcusso em um artigo publicado na revista "Contextos da Alimentação", do Senac. Era, segundo relatos, uma "cerveja forte".
O experimento não deu muito certo. Segundo os autores, a falta de matérias-primas e a dificuldade de abastecimento de insumos decretaram o fim da cervejaria.
Diferentemente dos portugueses, que assimilaram as formas indígenas de lidar com a terra, os holandeses tiveram dificuldades em se adaptar. Tentavam manter a mesma dieta que tinham nos Países Baixos e acabavam se frustrando e se revoltando com a falta de trigo e outros produtos.
Se fizessem como as pioneiras americanas e usassem ingredientes que tivessem à mão, talvez a fábrica teria durado mais tempo. A produção comercial de cerveja só começou no Brasil no século 19.
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