Um "adeus" que se espera "até já": Treinador Orlando Costa analisa a &

Um olhar sobre a época de Vizela e do GD Chaves, pelos olhos do treinador e ex-selecionador de Barbados. Um Samuel Essende (E) do Vizela disputa a bola com Ygor Nogueira do Desportivo de Chaves durante o jogo da Primeira Liga de futebol, disputado no estádio Futebol Clube Vizela, 15 de abril de 2024. ESTELA SILVA/LUSA © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O  Vizela e o Desportivo de Chaves são os clubes que sofrem a “dor” da descida à Liga 2. Apesar de desde cedo na temporada os sinais não se tornarem muito positivos para ambos os conjuntos, o triste fado veio a concretizar-se nas 32 ª e 33 ª jornadas, respetivamente, com o culminar da descida de divisão.

💥️Vizela: Instabilidade interna e a inconsistência do campeonato

Na temporada 2022/23 e com o comando técnico de Álvaro Pacheco e Tulipa, os vizelenses atingiram o 11.º lugar. Após uma época com a conquista de um lugar estável, o clube desce à Liga 2. Neste caso, de uma época para a outra, verificaram-se mudanças na constituição do plantel com saídas de nomes importantes, tais como: Kiki Bondoso, Bruno Wilson, Igor Julião, Claudemir, Ivanildo Fernandes, entre outros.

O Vizela foi o primeiro clube a deser à Liga 2 após uma derrota em casa dos vizinhos, Moreirense, por 1-0. No entanto, teve a oportunidade de se despedir dos seus adeptos e da Liga Portugal Betclic, em casa, com uma vitória imponente por 4-0 sobre o Estrela da Amadora. No início da época, os vizelenses apresentaram um novo treinador, após a anunciada saída de Tulipa. Neste sentido, o escolhido foi Pablo Villar.

Através do sistema tático de 1x4x3x3 como preferencial, a ideia de jogo consistia no controlo e manutenção da posse de bola com bastante preponderância para a procura dos espaços entrelinhas dos adversários. Desta maneira, estes espaços seriam explorados pelos seus extremos e médios centro mais adiantados e a partir daí criar situações em velocidade e 1x1 ofensivo para conseguir chegar a zonas de finalização. Deste modo, parte fundamental deste processo incidia na 1ª fase de construção.

Neste momento, estava presente a saída de jogo apoiado, desde o seu GR (Fabijan Buntic) de forma a atrair os seus adversários para que esse espaço dentro do bloco adversário existisse, e a partir daí progredir no campo de forma efetiva. Por sua vez, ocorre princípios muito importantes neste processo de construção, nomeadamente, a mobilidade que Samu Silva conjuntamente com Alex Méndez, Diogo Nascimento ou Lacava criavam de forma a inverter o triângulo do meio-campo, concebendo assim um 1x4x2x3x1, gerando com isso mais espaço para encontrar os jogadores livres dentro do bloco adversário.

Em organização defensiva e para manter o domínio sobre os opositores, Pablo Villar optou, no seu processo defensivo, pela utilização de um bloco médio/alto através do qual desde cedo tentava condicionar os adversários. Contudo, após a realização de 18 jogos, o técnico conquistou apenas 5 vitórias, 5 empates e 8 derrotas. Neste conjunto de 18 jogos, o Vizela garantiu 11 pontos atingindo um registo de 19 golos marcados e 25 sofridos. Posto isto, e para substituir Pablo Villar, a escolha do Vizela recaiu em Rúben de la Barrera, antigo selecionador de El Salvador.

O novo treinador manteve a estrutura anteriormente utilizada, 1x4x2x3x1, contudo, apresentou nuances nas suas dinâmicas mais condizentes com as suas ideias. Neste caso, Orest Lebedenko e Matheus Pereira desempenharam um papel importante. Ambos os jogadores podem realizar a função de defesa-esquerdo, e em momento defensivo, o treinador optava por criar uma linha de 5 defesas. Nesta dinâmica, Matheus Pereira desempenhava a real função de defesa-esquerdo e Lebedenko posicionava-se em zonas mais centrais, assumindo o papel de defesa-central pela esquerda. Porém, esta dinâmica transformava-se em processo ofensivo quando Matheus Pereira se “desdobrava” para zonas adiantadas, posicionando-se assim como extremo-esquerdo, e Lebedenko, apesar de não se projetar tanto no terreno assumia uma posição de maior largura.

O técnico surpreendeu em 4 situações com a utilização de um sistema com 2 avançados, nomeadamente, num 1x4x4x2. Além disso, torna-se importante realçar que o sistema de 1x3x5x2 ainda foi testado. As ideias de ambos os treinadores eram semelhantes no processo ofensivo, apesar de Rúben de la Barrera pretender que os vizelenses assumissem um risco um pouco mais elevado aquando da sua 1ª fase de construção. O atual treinador do Vizela realizou, até ao momento, 21 jogos alcançando 4 vitórias (3 para o campeonato e 1 para a Taça de Portugal), 5 empates e 12 derrotas. Nestes jogos conquistou 14 pontos conseguindo um registo de 22 golos marcados e 44 sofridos.

Apesar da época infeliz e da não obtenção dos objetivos, torna-se importante realçar a aquisição por empréstimo de Samuel Essende e a contratação de Diogo Nascimento. Desta forma, o avançado francês, que pertence aos quadros do Caen, marcou 16 golos, até ao momento, em que 15 foram para a Liga Portugal Betclic. No caso do Diogo Nascimento, um jovem médio que tem vindo a ganhar espaço e tornou-se destaque na equipa.

💥️GD Chaves: de José Gomes a Moreno e os problemas técnico-táticos

Na temporada 2022/23 e ao comando técnico de Vítor Campelos, os flavienses atingiram o 7.º lugar. Com a passagem de uma época desportiva o GD Chaves é despromovido para a Liga 2. Desta forma, teve a confirmação da sua descida após ter sido derrotado em casa pelo Famalicão, por 1-0. Neste caso, de uma época para a outra, verificou-se mudanças na constituição do plantel com saídas de nomes importantes, tais como: Juninho, João Teixeira, João Mendes, Bruno Langa.

O início dos trabalhos na época 2023/2024 deram-se sob o comando técnico de José Gomes, que realizou apenas 6 jogos somando também o mesmo número de derrotas. Dentro deste período, o treinador utilizou 3 sistemas de jogo diferentes (1x3x4x3 / 1x4x4x2 / 1x4x2x3x1) obtendo um registo de 5 golos marcados e 18 sofridos.

Posto isto, e após a 5ª Jornada, os flavienses optaram por alterar o comando técnico da equipa, entregando-o assim a Moreno (que havia saído do Vitória SC, dias antes). Desta maneira, o impacto foi imediato, e o GD Chaves conquistou 2 vitórias e 1 empate nos primeiros 3 jogos do novo treinador.

O técnico Moreno implementou o seu sistema de 1x3x4x3, sendo caraterístico no Vitória SC, tentando dentro deste sistema criar uma equipa combativa e comprometida com os objetivos a que se propunha. Desta forma, apresentou um estilo de jogo bastante vertical e objetivo chegando muitas vezes a recorrer a um jogo mais direto para chegar de forma mais rápida a zonas de finalização. No decorrer do campeonato e com as oportunidades de conseguir a manutenção a tornarem-se escassas, a equipa foi-se envolvendo num ciclo emotivo e precipitado nas suas tomadas de decisão provocando alguma instabilidade na sua forma de jogar, originando assim, erros coletivos e um número elevado de golos sofridos. Ao comando técnico, Moreno realizou 29 jogos pelo GD Chaves alcançando 5 vitórias, 8 empates e 16 derrotas obtendo 23 pontos com um registo de 27 golos marcados e 52 sofridos.

Porém, e à semelhança do Vizela, torna-se importante destacar que o GD Chaves conseguiu sobressair 2 jogadores ao longo da temporada. Primeiramente, Héctor Hernández, com um registo de 14 golos na Liga Portugal Betclic, quase metade do rendimento ofensivo da equipa. E, de seguida, Dário Essugo, que apesar de emprestado pelo Sporting, ofereceu robustez e maior qualidade técnica ao modelo de jogo do GD Chaves, principalmente na zona central do terreno.

Em suma, torna-se importante realçar a capacidade de resiliência e transformação que ambas as equipas terão de deter na próxima temporada para se reinventarem. Neste sentido, a reconstrução do plantel com jogadores de conhecimento de Liga 2, aliando a experiência, juventude e “irreverência”, que conseguiam encaixar no perfil do modelo de jogo do respetivo treinador, mas também que detenham a compreensão do ADN do clube.

Além do mais, a contratação dos treinadores com liderança democrática, para que nos momentos de dificuldade detenha a capacidade e a flexibilidade de os reverter para o lado positivo serão peças fundamentais para a construção de uma verdadeira 💥️EQUIPA. Além disso, a forte comunhão e empatia do treinador e do seu plantel com os adeptos e simpatizantes também serão um fator determinante para encaminharem estas equipas ao sucesso e ao principal objetivo – subida de divisão.

O Vizela encontra-se num dos corações do futebol português, e os seus adeptos fervorosos e leais merecem estar sentados na mesa dos grandes.

O GD Chaves representa uma região, o nosso interior, que sempre nos presenteia com estádio cheio e com um ambiente positivo para o nosso futebol.

Como tal, “Até Já” Vizela e GD Chaves, a 1ª Liga espera-vos em breve!

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