Vuelta: Rui Costa ainda fez sonhar, mas foi Groves quem venceu na consagração de Kuss - Ciclismo
Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) deu hoje esperanças a Portugal, ao integrar uma fuga de campeões que contrariou as probabilidades na última etapa da Volta a Espanha, na qual o ciclista australiano Kaden Groves confirmou o favoritismo.
Esperava-se que o ciclista da Alpecin-Deceuninck vencesse hoje a 21.ª e última etapa da 78.ª Vuelta, conquistada, como esperado, pelo norte-americano Sepp Kuss (Jumbo-Visma), mas nunca como o fez: Groves lançou-se à aventura na companhia de Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) e Filippo Ganna (INEOS), com os três a alcançarem um grupo no qual seguia Rui Costa e a chegarem à meta em condições de discutir a vitória entre si, já com o pelotão misturado entre os fugitivos.
“Iniciámos esta etapa com a intenção de vencê-la e de manter a camisola verde, mas [ganhar] desde uma fuga não estava nos meus planos”, reconheceu o primeiro australiano a vencer a regularidade na Vuelta, depois de cortar a meta, em Madrid, à frente de Ganna e do alemão Nico Denz (BORA-hansgrohe), também ele vindo da fuga.
O português da Intermarché-Circus-Wanty concluiu a sua melhor grande Volta em anos recentes com um inesperado sexto lugar na última etapa, um posto honroso para quem teve a coragem de contrariar uma expectável chegada ao sprint.
A 26 segundos do primeiro grupo a cortar a meta, que era integrado também por Rui Oliveira (UAE Emirates) e André Carvalho (Cofidis), os outros portugueses que terminaram a etapa nas mesmas 2:24.13 horas do vencedor, chegaram Kuss e os seus companheiros, que, com ele, subiram ao pódio final da Volta a Espanha.
O corredor de 29 anos completou a ‘trilogia’ para a Jumbo-Visma, primeira equipa da história a ganhar as três grandes Voltas na mesma temporada, depois de Jonas Vingegaard triunfar no Tour e Primoz Roglic no Giro. Após abdicarem das suas ambições pessoais em prol do seu fiel gregário, foram, respetivamente, segundo na geral, a 17 segundos, e terceiro, a 1.08 minutos.
O extraordinário domínio da formação neerlandesa, que deixou toda a concorrência a uma distância confortável, permitiu que suceda à Kas-Kaskol, última equipa que tinha ocupado os três lugares do pódio de uma mesma grande Volta, na muito distante Vuelta1966.
A Jumbo-Visma vestiu-se de negro, com listas com as cores das três ‘grandes’, para eternizar o momento histórico, com Dylan van Baarle a ser o encarregado de ‘homenagear’ o colega Nathan van Hooydonck, ainda a recuperar da paragem cardíaca que sofreu na terça-feira e que esteve na origem do acidente de viação que provocou.
A foto de ‘família’ juntou os vencedores de todas as classificações, com Remco Evenepoel a passar o testemunho a Kuss e a ter de ‘contentar-se’ este ano com a camisola da montanha, três etapas e a eleição como ‘supercombativo’, depois do ‘naufrágio’ no Tourmalet, um pouco como Juan Ayuso (UAE Emirates), que falhou o pódio nesta edição – foi quarto no final –, mas levou para casa a classificação da juventude, numa galeria completa por Groves, o mais regular.
Os 101,5 quilómetros entre o Hipódromo da Zarzuela e Madrid foram inicialmente cumpridos a ritmo de passeio, com o camisola vermelha a ter tempo para enviar uma mensagem para Durango, onde nasceu há 29 anos, para dizer aos pais que os amava ou para cumprimentar os motards que acompanharam a prova.
A felicidade de Kuss, que esta temporada cumpriu as três ‘grandes’ (foi 14.º no Giro e 12.º no Tour, após sofrer uma queda aparatosa na 20.ª etapa que o tirou do top 10), era por demais evidente, ou não fosse ele o primeiro norte-americano a vencer uma grande Volta desde que Chris Horner se sagrou campeão da Vuelta2013.
A 21.ª etapa reservava ainda uma fuga de Rui Costa em destaque nesta Vuelta, na qual regressou, uma década depois, às vitórias em etapas em grandes Voltas.
O inevitável Evenepoel, na companhia de Ganna e Groves, atento na defesa da sua camisola de qualquer investida do seu mais direto perseguidor, partiu em busca do grupo de Costa, no qual estavam ainda Nico Denz e Lennard Kämna (BORA-hansgrohe), com a junção a dar-se a seis voltas do final da etapa.
A qualidade dos ciclistas em fuga preocupou o pelotão, com UAE Emirates, nomeadamente João Almeida, DSM-firmenich, Cofidis e EF Education-EasyPost a assumirem o comando da perseguição, sem conseguir baixar a margem abaixo dos 20 segundos durante largos quilómetros.
O ‘pânico’ instalou-se no pelotão, com mais equipas a entrarem ao serviço para tentarem anular a fuga, uma missão impossível dada a categoria dos escapados.
Evenepoel foi o primeiro a lançar o sprint, mas, inevitavelmente, foi Groves, o mais rápido do grupo, a somar a terceira vitória em etapas desta edição, numa jornada em que Almeida e Nelson Oliveira (Movistar) chegaram no grupo de Kuss.
Fechadas as contas da geral, Almeida confirmou o seu percurso invejável em grandes Voltas ao ser nono – ficou no top-10 de todas as cinco grandes Voltas que concluiu. Costa foi 41.º, a quase duas horas de Kuss, com o português da Movistar a ser 53.º, a 2:20.10 horas.
Rui Oliveira foi mesmo o lanterna-vermelha da 78.ª Vuelta, a 4:32.55 horas do norte-americano da Jumbo-Visma, enquanto Carvalho concluiu a sua primeira grande Volta na 134.ª posição, a 4:05.13.
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