Mundial feminino: Ana quer passar a fase de grupos, Tony "ganhar isto tudo" - Mundial Futebol Feminino
Entre a cerca de uma centena de pessoas que se deslocaram ao Mangere Centre Park, lá estavam Ana Fonseca e António Monteiro - Tony para os neozelandeses -, satisfeitos com a possibilidade de verem na terra que é agora a sua casa um ‘pedacinho’ da pátria.
“O meu marido arranjou um emprego aqui e mudámo-nos no final de 2018", contou à agência Lusa Ana Fonseca, em pleno treino das comandadas de Francisco Neto, dizendo que não tem razões de queixa pela forma como foi recebida, porque “as pessoas são acolhedoras”.
A lisboeta sabe que a Nova Zelândia “é longe, é bastante longe de casa”, sendo um local bom para viver, mas diferente: “Parece que parámos um bocadinho no tempo. Vivemos num mundo completamente à parte".
Para matar saudades, existem outros compatriotas, que promovem alguns encontros regulares: “Existe uma comunidade portuguesa aqui. Não somos muitos, mas somos alguns e vamos encher o estádio... possivelmente. Esperemos que sim”, disse.
"Temos [combinado] para os jogos de Hamilton e Auckland. Somos um grupo grande. Para o de Dunedin era mais complicado, porque tínhamos de ir de avião. Não é fácil. Tem uma logística muito grande e várias despesas”, disse, explicando o porquê da ausência na estreia lusa, no domingo, face aos Países Baixos.
Não dá para ir à estreia, mas nos outros jogos lá estará a apoiar a equipa lusa, que significa muito ter na Nova Zelândia: “É espetacular, porque nós estivemos no jogo do apuramento em Hamilton e foi quase como se tivéssemos ganhado o Mundial, porque conseguimos o apuramento. O Estádio estava cheio de portugueses e foi espetacular, uma sensação única”.
Ana Fonseca acredita nas ‘navegadoras’: “Tenho a certeza que elas vão fazer o melhor que conseguirem, mas, obviamente, que estamos à espera que ganhemos e passemos à fase seguinte".
Se Ana diz ‘mata’, o portuense Tony diz ‘esfola’: “Temos um grupo de futebol de homens maravilhosos, agora temos um grupo de mulheres maravilhosas. A gente vai ganhar isto tudo!”, frisou.
António Monteiro, um nome que para os neozelandeses é complicado de dizer, daí o Tony, esteve “muito tempo em Moçambique e depois na África do Sul”.
“Depois, vim para aqui. Já estou aqui há 22 anos. Trouxe a minha família. Agora estou com uma senhora portuguesa que conheci aqui - ela é cantora, fadista", contou à Lusa Tony, no meio de ‘mil desculpas’ por o seu português já não ser o melhor.
O portuense diz que é agradável viver na Nova Zelândia, mas não esquece Portugal.
“É agradável, mas, às vezes, não há as coisas que a gente quer: bacalhau é um bocado difícil, bom chouriço, essa comida portuguesa, vinho verde, aqui não há... São coisas que faltam”, lamentou, não escondendo as saudades.
Engenheiro mecânico, fez um ‘desvio’ no trabalho para vir ver o treino, ou parte dele: “Ver aqui uma seleção portuguesa é o melhor que a gente pode ter".
António Monteiro pode agora ser Tony e estar há muito afastado de Portugal, mas o que sente pelo seu país vem lá de dentro, como explicou quando questionado sobre o significado de ter na Nova Zelândia uma seleção lusa.
“(Significa) Muito... É a pátria, nós somos sempre portugueses, sempre portugueses, e isso nunca sai da alma”, garantiu Tony, batendo no coração.
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