Jogos Europeus: Cracóvia2023 com menor brilho deixa incertezas sobre o futuro - Mais modalidades
A terceira edição dos Jogos Europeus terminou hoje em Cracóvia sem disfarçar o decréscimo de brilho de um evento que ainda não ganhou raízes e prestígio suficientes para garantir a sua continuidade.
Depois da faustosa estreia em Baku2015 e de uma mais comedida e realista Minsk2019, Cracóvia2023, realizada em várias cidades da região de Malopolska, mostrou um acontecimento mais ‘frouxo’, sem capacidade para atrair o público e atletas de topo.
Do mesmo modo, influenciou a questão do programa desportivo, com modalidades muito flutuantes entre edições, sem conseguir fixar uma identidade num calendário internacional já demasiado carregado para os principais desportos, facto aproveitado por outros para se tentar mostrar, até para marcar pontos no sonho geral de ganhar estatuto olímpico.
As cerimónias de abertura e de encerramento de Cracóvia2023, claramente menos entusiasmantes do que as suas antecessoras, ilustram a evolução dos Jogos Europeus que, ao contrário do que aconteceu anteriormente, ainda não têm definida a sede para 2027.
Se as duas edições anteriores foram claro exemplo de ‘sportswashing’, com o Azerbaijão e a Bielorrússia a usarem o desporto para validar os seus regimes políticos, mostrando ao mundo enganadora imagem de tolerância e prosperidade, a primeira edição em país democrático levou os Jogos Europeus a demasiados lugares.
As áreas metropolitanas de Baku e Minsk foram autossuficientes em termos de infraestruturas, várias criadas de raiz; agora, nada foi preciso construir, contudo a dispersão das modalidades pelo território terá esfriado a excitação dos polacos, que deixaram boa parte das bancadas vazias e as ruas despidas de entusiasmo, além de certamente não terem proporcionado aos desportistas o evento dos seus sonhos.
Hoje, na cerimónia de encerramento, que não lotou as bancadas, nada surgiu de surpreendente nuns Jogos Europeus que, a avaliar pelos media locais, merecerem mais críticas do que aplausos dos polacos, incrédulos com um investimento superior a 100 milhões de euros, sem que tenha sido necessário construir qualquer infraestrutura.
No que toca à festa, no tradicional desfile das comitivas, coube a Jamila Martins, guarda-redes da equipa feminina de futebol de praia, medalha de bronze, levar a bandeira que o canoísta Fernando Pimenta e a mesatenista Fu Yu transportaram na abertura.
Futebol de praia, canoagem slalom e badminton foram as únicas das 23 modalidades que representaram Portugal presentes em Cracóvia.
De resto, muita música – mais do que é usual -, alguma dança e, no fim, o habitual fogo-de-artifício, ainda assim sem ‘fumo’ quanto à revelação do destino da próxima edição: a 'chama olímpica' aguardará, também, por novidades, que surgirão na assembleia geral dos comités olímpicos europeus, em outubro.
Em Baku2015, Portugal conquistou 10 medalhas e com isso foi 18.º entre as nações europeias, sendo que as 15 de Minsk2019 resultaram na subida ao 17.º posto. As 16 deste ano mostram um aumento matemático, contudo, na classificação das nações, descida de quatro posições para 21.º, numa edição que não contou com a Rússia, clara ganhadora das duas edições passadas, e Bielorrússia, sétima e segunda classificada, respetivamente, devido à guerra na Ucrânia.
No fim, a Alemanha foi a primeira… fora do pódio, que teve como grande vencedora a Itália (100 medalhas, entre 35 de ouro, 26 de prata e 39 de bronze), seguida, a boa distância, da Espanha e da Ucrânia, ambas com 21 títulos.
A terceira edição dos Jogos Europeus terminou hoje em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, incluindo Portugal, que contou com uma delegação com mais de duas centenas de atletas.
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