Bahia como rival, título, estátua e quase milésimo gol: relembre as histórias de Pelé em Salvador
O futebol está de luto porque perdeu seu rei. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, faleceu nesta quinta-feira, aos 82 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Alguns capítulos da história do maior atleta do esporte bretão foram escritos na Bahia, onde ele está eterrnizado em forma de estátua, no entorno da Fonte Nova.
1 de 4 Torcedores desejam força a Pelé na arquibancada — Foto: André Durão / geTorcedores desejam força a Pelé na arquibancada — Foto: André Durão / ge
O estádio também eternizou Pelé pelo gol que ele não fez. É isso mesmo. O chute do meio de campo na Copa de 70 não é o único "não gol" marcante do Rei. Um ano antes, ele esteve em uma Fonte Nova lotada para assistir a um milésimo gol que por pouco não aconteceu em Salvador (💥️). O ge relembra essas e outras histórias em homenagem ao Rei do Futebol.
A primeira vez de Pelé na Bahia foi em 1957. Aos 16 anos, um ano antes do primeiro título mundial da Seleção Brasileira, na Copa da Suécia, ele esteve em Salvador com o time do Santos para um amistoso contra o Bahia. O menino que aparece na foto abaixo ainda não era rei, mas já dava mostras de que mudaria a história com a bola nos pés.
2 de 4 Registro de Pelé, aos 16 anos, na primeira vez em que esteve na Bahia — Foto: Walter LessaRegistro de Pelé, aos 16 anos, na primeira vez em que esteve na Bahia — Foto: Walter Lessa
Dois anos depois, na final da Taça da Brasil de 1959, Pelé voltou a encontrar o Bahia, que ficou com o título daquele ano para se tornar o primeiro campeão brasileiro. O Tricolor levou a melhor na primeira partida, disputada em Santos: 3 x 2. No jogo de volta, em Salvador, o Rei entrou em ação, fez gol e comandou a vitória do Peixe por 2 a 0.
Devido ao regulamento da época, o título foi decidido em um terceiro jogo, no Maracanã, onde o Bahia venceu por 3 a 1 um Santos que não teve Pelé. O Rei se recuperava de uma lesão sofrida durante partida com a Seleção Brasileira e desfalcou o Alvinegro, que precisou se contentar com o vice-campeonato.
Mas a história de embates com o Tricolor continuou e o Rei teve suas revanches. Santos e Bahia se reencontraram nas finais de 1961 e 1963, ambas vencidas pelo Peixe. Em 61, o Bahia empatou em 1 a 1 na Fonte Nova, mas foi goleado por 5 a 1 na Vila Belmiro. Pelé fez três.
Na final de 63, o Rei marcou duas vezes no Pacaembu, onde o Alvinegro venceu por 6 a 0, e mais duas vezes na Fonte Nova, em novo triunfo santista: 2 a 0. Naquele 28 de janeiro de 1964, Pelé viveu sua provável melhor lembrança em Salvador, já que levantou o troféu de campeão brasileiro.
Em 1969, já tratado como rei e bicampeão do mundo com a Seleção, Pelé perseguia o milésimo gol da carreira. A história daqueles dias conta que tinha muita gente interessada em sofrer o gol mil, mas esse não foi o roteiro quando o eterno camisa dez esteve em Salvador para mais um embate com o Bahia.
Pelé bem que tentou. Em um lance, acertou a trave. Em outro, driblou defensores e até goleiro, mas viu o zagueiro Nildo Birro-Doido se lançar contra a bola para evitar, em cima da linha, o milésimo gol do Rei. A partida terminou empatada em 1 a 1, sem gol de Pelé, que precisou esperar mais três dias até estufar as redes do Vasco, no Maracanã.
Os tricolores, inclusive, até hoje se orgulham por terem evitado o gol mil em terras soteropolitanas. Recentemente, o perfil oficial do Bahia publicou um vídeo daquela partida e aproveitou para desmentir o mito criado de que Nildo Birro-Doido foi vaiado ao afastar, em cima da linha, um chute de Pelé.
Além do zagueiro Nildo Birro-Doido, o goleiro Jurandir Salvador é outro personagem daquele jogo válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Brasileirão da época. Depois de evitar o gol de Pelé por 90 minutos, ele ficou conhecido como "o goleiro que não quis entrar para a história", como mostra o recorte de jornal na foto abaixo.
- Eu estava disposto a complicar a vida dele. Quando eu entrei em campo, eu falei direto com ele: "Em mim você não faz", lembrou o goleiro, em matéria produzida pelo ge em 2023.
3 de 4 Jurandir exibe recorte de jornal do dia seguinte ao jogo entre Bahia e Santos, em 1969 — Foto: Lafaete Vaz / geJurandir exibe recorte de jornal do dia seguinte ao jogo entre Bahia e Santos, em 1969 — Foto: Lafaete Vaz / ge
O título, os gols e o "não gol" de Pelé na Fonte Nova renderam ao Rei uma estátua no entorno do estádio. Em 1971, Pelé foi eternizado em bronze com a Taça Jules Rimet, conquistada por ele três vezes: 1958, 1962 e 1970. A obra é da artista plástica Lucy Viana Medina.
A estátua ficou na entrada oeste da Fonte Nova durante 36 anos, até ser vandalizada em 2007, após a interdição do estádio. A estátua de Pelé teve os braços cortados e levados junto com a Jules Rimet.
A obra foi restaurada pela artista plástica Márcia Magno, com apoio da Fundação Gregório de Matos, e voltou à Ladeira da Fonte Nova em 2013, quando foi reinaugurada durante um Santos x Bahia.
4 de 4 Antes e depois: em 2007, ação de vândalos deixou o Rei sem braços e taça ( — Foto: Arte/geAntes e depois: em 2007, ação de vândalos deixou o Rei sem braços e taça ( — Foto: Arte/ge
As páginas escritas na Bahia são só uma pequena parte da história protagonizada por Pelé. Longe daqui, o maior jogador de futebol de todos os tempos fez muito mais. Venceu três Copas do Mundo, marcou 1.282 gols, e encatou a todos com lances que vão seguir para sempre no imaginário do torcedor.
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