Pelé tem um estádio, uma camisa e lindas histórias ligadas ao futebol de Alagoas

O rei do futebol morreu na tarde desta quinta, 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos. Permanecem os feitos e a lenda de Pelé. Em Alagoas, por sinal, suas marcas estão nas cidades, no principal estádio de Maceió e na lembrança de quem teve o privilégio de vê-lo em campo.

1 de 9 Pelé na inauguração do Estádio Rei Pelé, ao lado do governador Lamenha Filho (à esq.) — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

Pelé na inauguração do Estádio Rei Pelé, ao lado do governador Lamenha Filho (à esq.) — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

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Nesta tarde, o ge, de luto, traz nesse especial histórias que comprovam os laços do Rei Pelé com o futebol alagoano. O nome do estádio não foi colocado à toa.

O alagoano Dida começou a Copa do Mundo de 1958, na Suécia, entre os titulares da Seleção. Na rodada de abertura, contra a Áustria, ele estava no time de Vicente Feola.

Na segunda partida, diante da Inglaterra, o alagoano ficou no banco. A partir do terceiro jogo, contra a União Soviética, Pelé entrou de vez na equipe e brilhou na conquista do título inédito.

2 de 9 Pelé e o alagoano Dida na Copa de 1958 — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

Pelé e o alagoano Dida na Copa de 1958 — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

Pelé via Dida como uma inspiração. O tempo em que os dois estiveram juntos na Seleção aumentou a admiração do rei do futebol pelo alagoano. Ele era um adolescente ainda. Depois da final, o craque presenteou o alagoano Dida com a famosa camisa azul. 

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Foi exatamente essa camisa 10 que chegou a Alagoas pelas mãos de Dida. Ela ficou exposta durante dez anos no Museu dos Esportes, localizado justamente no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

De 1993 a 2003, a camisa do rei foi a principal peça da coleção do Museu Edvaldo Alves Santa Rosa (o Dida), coordenado pelo jornalista e historiador Lauthenay Perdigão. No entanto, o museu passou por uma séria crise financeira. Paredes mofadas, goteiras e o risco de perder todo o acervo. Por isso, o historiador colocou a camisa à venda na casa de leilões Christie's, em Londres.  

– Eu tive que vender para ver se conseguia melhorar o museu. Falaram que poderíamos conseguir um milhão, ou até mais, e terminou que o museu recebeu R$ 52 mil. Foi o valor que me passaram e eu não podia contestar nem reclamar porque eu não estava lá na Inglaterra - explicou Lauthenay, que morreu em 2023.

3 de 9 Brasil campeão em 1958; Pelé com a camisa azul — Foto: Acervo/ Getty Images

Brasil campeão em 1958; Pelé com a camisa azul — Foto: Acervo/ Getty Images

A primeira apresentação de Pelé em solo alagoano foi registrada no dia 25 de julho de 1965. Depois de ter ganho duas Copas do Mundo, o rei do futebol entrou em campo no Estádio Severiano Gomes Filho, na Pajuçara. Foi num amistoso entre CRB e Santos.

4 de 9 Pelé à dir. no jogo contra o CRB, na Pajuçara — Foto: Arquivo/Museu dos Esportes

Pelé à dir. no jogo contra o CRB, na Pajuçara — Foto: Arquivo/Museu dos Esportes

A capital alagoana fervilhava, e o antigo estádio do Galo ficou pequeno para tanta gente que queria ver o rei. Cerca de três horas antes de a bola rolar, o estádio já começou a receber gente. Ninguém queria deixar de prestigiar a apresentação de Pelé em Alagoas. Em campo, o Santos goleou o CRB por 6 a 0, com dois gols de Pelé.

+ Em 1965, Rei Pelé atuou na Pajuçara

5 de 9 Pelé na inauguração do Estádio Rei Pelé — Foto: Acervo Museu dos Esportes

Pelé na inauguração do Estádio Rei Pelé — Foto: Acervo Museu dos Esportes

O maior palco esportivo de Alagoas foi inaugurado no dia 25 de outubro de 1970. E, como não poderia ser diferente, o grande homenageado marcou presença no amistoso entre Santos e Seleção de Alagoas. Com Pelé em campo, o Peixe goleou por 5 a 0.

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💥️A escolha do nome

Existe uma história que o jornalista Lauthenay Perdigão definia como a mais correta sobre o nome do estádio. Ele contava que em julho de 1970, quando o Brasil ganhou o tricampeonato mundial, foi organizada uma grande festa na Praça dos Martírios, em frente ao Palácio do Governo.

6 de 9 Ingresso para inauguração do Estádio Rei Pelé: nome ainda era Lamenha Filho — Foto: Arquivo / Museu dos Esportes

Ingresso para inauguração do Estádio Rei Pelé: nome ainda era Lamenha Filho — Foto: Arquivo / Museu dos Esportes

Jornalistas que trabalhavam com o governador Lamenha Filho disseram que ele ficou entusiasmado com as comemorações e a conquista.

Como Pelé foi o grande nome da Seleção e estava se despedindo das Copas, o governador retirou o seu nome, que seria dado ao estádio, e colocou o nome de Rei Pelé.

7 de 9 Santos e Seleção Alagoana na inauguração do Estádio Rei Pelé, em 1970 — Foto: Arquivo / Museu dos Esportes

Santos e Seleção Alagoana na inauguração do Estádio Rei Pelé, em 1970 — Foto: Arquivo / Museu dos Esportes

Em 27 de junho de 2010, mais uma vez, Pelé pisou em solo alagoano. Após uma reforma no estádio, o rei do futebol marcou presença em Maceió para participar da reinauguração do Estádio Rei Pelé.

Antes, porém, ele sobrevoou algumas cidades atingidas pela enchente que fez estragos em 22 municípios alagoanos, principalmente na região da zona da mata.

À tarde, Pelé chegou ao estádio e concedeu uma entrevista coletiva. Ele também deixou a marca dos seus pés no hall da fama do estádio.

O árbitro que estava em campo no Maracanã em 19 de novembro de 1969 era alagoano. Manoel Amaro de Lima apitou o famoso pênalti contra o Vasco, a favor do Santos.

O jogo era tenso e estava empatado por 1 a 1. O Vasco abriu o placar, aos 16 minutos do primeiro tempo, com Benetti, e o Santos empatou com gol contra de Renê, aos 10' da segunda etapa.

8 de 9 Árbitro alagoano Manoel Amaro de Lima — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

Árbitro alagoano Manoel Amaro de Lima — Foto: Arquivo Museu dos Esportes

Após um lançamento de Clodoaldo, Pelé dividiu a bola com Fernando dentro da área do Vasco, e o árbitro alagoano marcou a penalidade, aos 33 minutos. Após muita reclamação dos vascaínos, quase 15 minutos depois da marcação, Pelé acertou o pé direito na bola e fez a bola morrer no canto esquerdo de Andrada. Ali, diante de mais de 64 mil torcedores, o rei do futebol atingiu a marca histórica dos mil gols.

Manoel Amaro nasceu em Murici, em 1946, e morreu em 2009, no Recife, aos 62 anos.

9 de 9 Pelé marcou o seu milésimo gol com arbitragem do alagoano Manoel Amaro de Lima — Foto: AFP

Pelé marcou o seu milésimo gol com arbitragem do alagoano Manoel Amaro de Lima — Foto: AFP

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