O dia em que Pelé aceitou levar caneta para rival ganhar relógio de luxo de ex-diretor do Bahia
O tamanho do Rei Pelé para o mundo não pode ser medido apenas pelos recordes e grandes conquistas ao longo da vitoriosa carreira enquanto jogador. Vai muito além e está também nos menores atos, nos detalhes. Como decidir tomar um drible desconcertante para ver um adversário realizar um sonho.
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Foi em 1962, na Fonte Nova, e envolveu Pelé, o ex-meia do Bahia, Mário de Araújo, e Benedito Borges de Mello, o Seu Bené, ex-diretor e vice-presidente do clube baiano responsável pela montagem do time campeão brasileiro em 1959, diante do Santos do Rei. A história é contada por Ricardo Borges Maracajá, neto de Seu Bené, que morreu em 2023, aos 97 anos.
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Seu Bené foi diretor do Bahia e morreu aos 97 anos — Foto: EC Bahia / Divulgação
Ricardo conta que Mário, então campeão em 1959, sonhava em ganhar um Rolex, relógio de luxo que atualmente pode ser vendido por valores milionários e já era famoso na época. Volta e meia o jogador insistia a Seu Bené para ganhar um.
Após uma série de negativas, Seu Bené mudou de ideia com a proximidade de um jogo entre Bahia e Santos, em Salvador. O dirigente ofereceu o seu Rolex de ouro comprado em Paris, porém impôs uma condição: colocar a bola entre as pernas (em bom "baianês", dar uma tabaca) no Rei Pelé.
O desafio foi aceito, o jogo começou, mas Mário só conseguiu a proeza no segundo tempo da partida, para a euforia dos torcedores na Fonte Nova. Ao final do jogo, o jogador tricolor foi então cobrar a promessa e, com justiça, ganhou o tão sonhado relógio. Mas a história não acaba aqui.
Dias depois, com a consciência pesada, Mário voltou a procurar Seu Bené para devolver o relógio e fazer uma confissão. Inconformado em não conseguir dar o drible em Pelé no primeiro tempo, o jogador do Bahia procurou o Rei e apelou que o ajudasse.
- Seu Bené, eu preciso ser honesto com o senhor. Eu só passei a bola por baixo das pernas de Pelé porque ele deixou. Eu disse a ele no intervalo qual o desafio o senhor tinha me dado e implorei que me deixasse dar o drible - descreve Ricardo Maracajá.
Mesmo diante da confissão, Seu Bené manteve a promessa. Mário já tinha feito muito mais que aplicar um drible e ganhar um relógio.
- Você cumpriu o que prometeu, nada paga a alegria de ver a torcida vibrar por tudo aquilo que aconteceu. Você mereceu o relógio.
Além disso, Ricardo Maracajá aproveitou para lembrar, durante conversa com o ge, que sua mãe, Karla Borges, fez um post no Twitter para afirmar que Pelé confirmou a história.
2 de 2 Karla Borges ao lado de Pelé — Foto: Reprodução/redes sociais
Karla Borges ao lado de Pelé — Foto: Reprodução/redes sociais
- Anos mais tarde, conheci Pelé e ele confirmou a história do Rolex! Nunca foi lenda! Meu pai, Benedito Borges, era louco pelo Bahia e não media esforços para alegrar a torcida - afirmou Karla, na rede social.
Ricardo Maracajá também trouxe alguns detalhes do que significava Pelé para o futebol baiano à época.
- A gente lamenta a perda de Pelé, afinal é o o maior ídolo mundial do futebol, fez o Brasil ser conhecido no mundo todo. A camisa 10 é camisa 10 por causa de Pelé, vários dribles e jogadas são por causa de Pelé. Já era referência naquela época, mesmo nos anos 70. Não foi à toa que meu avô lançou esse desafio para Mário. Driblar Pelé, por ser referência, era praticamente impossível, por mais que fosse o camisa 10 do Bahia, o melhor jogador do Bahia. Ninguém acreditava que ele pudesse driblar Pelé. Realmente era muito difícil. Não à toa ele acabou pedindo a Pelé para driblá-lo - explicou Maracajá.
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