O que a primeira entrevista de Fernando Lázaro indica para o 2023 do Corinthians
Fernando Lázaro já tinha dado algumas entrevistas coletivas nos tempos em que foi treinador interino do Corinthians, mas nenhuma delas como a desta quarta-feira. A sala de imprensa do CT Joaquim Grava estava lotada como há tempos não se via para a apresentação do técnico do clube para 2023.
Acompanhado do presidente Duilio Monteiro Alves e do diretor de futebol Roberto de Andrade, o profissional de 41 anos chegou ao local com o sorriso no rosto e assim prosseguiu durante os 45 minutos em que falou os jornalistas, mesmo diante das perguntas mais espinhosas.
– Eu já estou aqui a tempo suficiente para entender onde estou entrando, tanto de Corinthians, quanto de futebol brasileiro e de carreira de treinador. Zero novidade – disse Lázaro, ao ser questionado sobre a pressão por resultados.
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Embora em sua primeira experiência como treinador efetivo, Fernando não é um novato no futebol. Filho de Zé Maria, ídolo do Timão, ele passou quase duas décadas no clube, primeiro como funcionário da área de tecnologia e depois como analista de desempenho.
Além disso, trabalhou com Tite na seleção brasileira e foi auxiliar de Sylvinho em breve passagem pelo Lyon, da França, e também no próprio Corinthians.
Tal bagagem, aliada aos estudos - ele pretende concluir a Licença Pro da CBF nesse ano -, formaram os conceitos de jogo de Fernando Lázaro, alguns deles transmitidos na entrevista dessa quarta. A partir do que disse o técnico, é possível projetar um pouco do que esperar da equipe dele para 2023.
O novo técnico do Corinthians disse não trabalhar "com uma plataforma apenas". Traduzindo: pode fazer variações táticas, algumas delas já treinadas na pré-temporada. As principais devem estar no ataque, que pode ter Yuri Alberto e Róger Guedes lado a lado ou o camisa 10 mais aberto pela esquerda, com um ponta pelo outro lado.
Atrás, a tendência é de manutenção permanente da linha de quatro defensores, como faz Tite, principal referência de Lázaro.
1 de 3 Fernando Lázaro, técnico do Corinthians, em entrevista de apresentação — Foto: Marcelo BragaFernando Lázaro, técnico do Corinthians, em entrevista de apresentação — Foto: Marcelo Braga
Mas como o Corinthians vai se portar? Como Lázaro quer que seu time jogue? Ele explicou:
– A ideia de jogo é construir desde a primeira fase, sem riscos excessivos, construir e propor jogo, avançar com a bola no pé, buscando espaço. Já na organização defensiva, uma marcação desde a saída do adversário, em bloco mais alto, mas estando preparado para outras fases do jogo.
2 de 3 Possível escalação do Corinthians para 2023 — Foto: ge.globoPossível escalação do Corinthians para 2023 — Foto: ge.globo
Com um elenco enxuto e sem a expectativa de muitos reforços, o técnico planeja dar espaço gradativo a jovens da base. Ele e os auxiliares foram assistir presencialmente aos jogos da Copa São Paulo de Juniores e gostaram do que viram. Na entrevista, porém, Fernando evitou tratar promoções e confirmou apenas que utilizará o zagueiro Murillo, de 20 anos.
Tite é uma referência não apenas dentro, mas também fora de campo para o novo técnico corintiano. Coincidência ou não, ele escolheu como assessor de imprensa o mesmo profissional que há anos trabalha com o ex-comandante da Seleção. Tal qual seu "mentor", Lázaro fez questão de citar os nomes dos repórteres a cada resposta.
A expectativa é de mais proximidade com a imprensa e também com o elenco, bem diferente do que aconteceu em 2022 com Vítor Pereira. Embora respeitado e reconhecido pelo sua capacidade, o português não agradava a boa parte do elenco e dos funcionários do clube no tratamento pessoal.
– Não acho que tenho que deixar de ser amigo (de jogadores). A relação existe com hierarquia, mas não necessariamente conflituosa – comentou.
3 de 3 Fernando Lázaro, técnico do Corinthians, durante treino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.CorinthiansFernando Lázaro, técnico do Corinthians, durante treino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians
Segundo Fernando Lázaro, "a ficha começou a cair" sobre a carreira como treinador a partir de 2023, quando ele substituiu interinamente Vagner Mancini. Na época, conquistou duas vitórias em dois jogos. Depois, em 2022, após a queda de Sylvinho, teve quatro vitórias e um empate em cinco partidas.
O técnico sabe que o aproveitamento de 90% não será fácil de manter e que a lua de mel com a Fiel e a diretoria depende de resultados. Se a pressão no Corinthians já é corriqueira, em anos eleitorais, como é 2023, ela fica ainda maior.
Daqui a quatro dias, Fernando Lázaro dará nova entrevista, dessa vez para comentar a estreia do Timão na temporada, diante do Bragantino, às 16h de domingo, pela primeira rodada do Paulistão. Se ele ainda estiver sorridente, a torcida corintiana também estará.
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