Ousadia e saída curta: como joga o Brighton de De Zerbi, sensação do Campeonato Inglês
A escolha de Roberto De Zerbi com substituto de Graham Potter no Brighton causou surpresa.
Com trabalhos de destaque no Sassuolo e no Shakhtar, o italiano foi um nome considerado ousado para o clube. Seu estilo de jogo extremamente ofensivo e por muitas vezes arriscado poderia ser um risco para o pragmatismo que sempre é considerado como receita mais fácil quando um clube luta para ficar no campeonato em que disputa.
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Roberto De Zerbi Shakhtar — Foto: Getty Images
Quatro meses e muitos pontos depois, o Brighton é a surpresa do Campeonato Inglês. Ocupa o oitavo lugar, na frente de investimentos maiores como o Aston Villa e o Leicester. São duas posições acima do Chelsea, escolha de Graham Potter após 40 meses no clube da cidade litorânea.
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Tudo isso com a marca de “De Zerbi ball” que o chairman Tony Bloom apostou assim que o italiano mostrou profundo conhecimento do clube, de seus jogadores e flexibilidade para se adaptar ao futebol inglês após sair da Ucrânia, por conta da guerra. Nem as derrotas, como o 3 a 1 para o City e o 2 a 1 para o Chelsea, abalaram a campanha.
O Brighton joga num 4-2-3-1 como plataforma tática. São apenas números de referência, que se desmancham assim que a bola rola. Apesar de rodar o elenco, alguns jogadores, como os laterais Estupiñán e Veltman, e a dupla de volantes Caicedo e Gross, são fundamentais para o time
A ousadia de De Zerbi começa no goleiro Robert Sanchez. Não é que ele joga com os pés, até porque todo goleiro joga com os pés no futebol hoje. Ele é uma peça fundamental da construção de jogadas da equipe, e junto com os zagueiros Dunk e Colwill, forma um alinhamento de três e joga com passes curtos para envolver a marcação adversária.
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Goleiro faz parte das jogadas ofensivas e troca passes com os zagueiros — Foto: Reprodução
Sanchez sai da área, dribla, toca no aperto e sem aperto.
Ao mesmo tempo, a dupla de volantes se movimenta para o próprio gol. Corre para ocupar o espaço na frente do goleiro e busca a bola lá atrás. Um movimento bem incomum.
Essa saída em “1-2-2” preza por toques curtos e rápidos que nem no Dinamismo do Fluminense acontece. Há uma intenção para tal: De Zerbi não quer que o time troque passes porque é bonito. Ele quer retirar os volantes do adversário de trás e chamá-los para um espaço de campo muito distante da área, o que cria espaço para a chegada do Brighton.
Veja aqui: os dois volantes recuam com os zagueiros (já com o goleiro mais recuado) e quatro adversários, dentre eles os dois meias, saem de trás. Perceba que são dois do Brighton contra quatro do outro lado - uma superioridade numérica.
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Saída curta tem a intenção de atrair adversários para longe do próprio campo — Foto: Reprodução
Aqui fica ainda mais evidente: os meias do Arsenal, adversário no jogo de análise, correm na mesma toada. Eles estão extremamente distantes dos zagueiros, que precisam cobrir um espaço de no mínimo 50 metros, e pior: irão cobrir as chegadas de jogadores habilidosos como Lallana e Trossard.
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Volantes do adversário são "enganados" pela formação tática do Brighton — Foto: Reprodução
A ousada construção que De Zerbi imprime no Brighton é uma forma de criar espaço para que o talento decida. Com os volantes atraindo meias, os laterais Estupiñán e Veltman conseguem ter mais espaço para chegar de trás e pelo meio. O primeiro mostrou todo esse potencial na Copa do Mundo e faz temporada muito regular na Inglaterra.
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Laterais no Brighton apoiam mais pelo centro — Foto: Reprodução
March e Mitoma costumam ficar mais abertos, mas há flexibilidade. O que rege o time é a ideia de tirar a proteção por dentro e criar uma zona de tumulto onde todo mundo chega de surpresa, com o adversário correndo para trás. É onde as jogadas são transformadas em finalização ou gol.
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Chegada na área é potente e termina muitas vezes em gol — Foto: Reprodução
E são muitos gols! Apesar de eliminado da Copa da Liga Inglesa nos pênaltis, após um empate por 0 a 0, o Brighton faz muitos gols: são 20 gols nas últimas 11 partidas, com ao menos uma vitória massacrante: o 4 a 1 sobre o Chelsea, do antigo treinador Graham Potter.
O sonho de disputar a Liga dos Campeões ainda está distante para as pretensões do clube. Mas a Liga Europa na próxima temporada parece estar mais próxima pelo desempenho e volume ofensivo que a equipe mostra.
Fruto da ousadia de um treinador que se recusa a adotar receitas simples e mostra que sair jogando, com qualidade e intenção, é acessível a todos.
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