Análise: Corinthians sente falta de peças e não se encaixa em novo esquema

Fazia dois meses que a Fiel Torcida não via o Corinthians. O reencontro, porém, fez com que a saudade desse lugar à decepção. O Timão fez partida muito ruim na estreia no Campeonato Paulista, e a derrota por 1 a 0 para o Bragantino, fora de casa, saiu até barata pelo que se viu em campo.

Superior desde o início, o time de Bragança só não construiu um placar mais elástico porque pecou nas finalizações e, mais uma vez, Cássio teve atuação inspirada e fez alguns milagres.

Estreando como técnico efetivo, Fernando Lázaro levou a campo o novo esquema tático idealizado por ele para a temporada: 4-4-2, com um losango no meio de campo e sem pontas no ataque.

O desenho tem por finalidade acomodar o que o Corinthians tem de melhor, sobretudo Róger Guedes e Yuri Alberto próximos na frente, de modo que o camisa 10 não precise ficar tão aberto pelo lado esquerdo - o que gerou reclamações por parte do atacante em 2022.

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Fernando Lázaro orienta jogadores do Corinthians em jogo contra o Bragantino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians 1 de 2 Fernando Lázaro orienta jogadores do Corinthians em jogo contra o Bragantino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Fernando Lázaro orienta jogadores do Corinthians em jogo contra o Bragantino — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Porém, os desfalques, o desentrosamento e a falta de ritmo de jogo pesaram, e o Timão não conseguiu se adequar à nova estratégia.

Sem poder contar com Renato Augusto, Lázaro optou por três meio-campistas mais defensivos: 💥️Fausto Vera centralizado, 💥️Maycon mais à esquerda e 💥️Du Queiroz pela direita. 💥️Giuliano ficava à frente, inclusive quando a equipe não tinha a bola - era Róger Guedes quem recuava e fechava o corredor esquerdo.

Na frente, Júnior Moraes voltou a atuar após cinco meses (e teve atuação apagadíssima).

Desenho tático do Corinthians com a bola contra o Bragantino — Foto: ge 2 de 2 Desenho tático do Corinthians com a bola contra o Bragantino — Foto: ge

Desenho tático do Corinthians com a bola contra o Bragantino — Foto: ge

O Corinthians não conseguiu reter a bola e teve enormes dificuldades para se aproximar da área do Bragantino. A transição da defesa para o ataque foi feita de forma lenta e houve muitos erros de passe (70 no total).

A primeira finalização da equipe foi acontecer somente aos 40 minutos, em chute de Róger Guedes sem tanto perigo.

Para piorar, o Timão também se defendeu mal. O Bragantino conseguiu chegar diversas vezes pelos lados, principalmente pelo direito, onde Artur teve liberdade para trabalhar. As duas melhores chances do time casa no primeiro tempo vieram em jogadas aéreas: aos 33, Alerrandro cabeceou firme, e Cássio salvou; já aos 36, Sorriso subiu às costas de Fagner e mandou no travessão.

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Após o intervalo, o Corinthians teve uma leve melhora e conseguiu chutar mais a gol. Três das finalizações vieram dos pés de Du Queiroz, que isolou as duas primeiras e mandou a última nas mãos de Cleiton.

Apesar de ajustes, como Róger Guedes mudando de posição para ter menos obrigações defensivas, a equipe seguiu dando espaço entre as linhas de meio e ataque. Os erros técnicos também prosseguiram.

Após algumas chances desperdiçadas, o Bragantino conseguiu o gol com o melhor jogador em campo: Artur. Cantillo foi desarmado, ficou pedindo falta, e Hurtado teve liberdade para cruzar. Balbuena foi mal para a bola, não conseguiu fazer o corte, e o camisa 7 precisou apenas empurrar para rede.

A carência de opções ficou evidente. Mesmo com o time sem reação, Fernando Lázaro fez apenas três das cinco substituições permitidas. Uma mudança foi por lesão (Cantillo entrou no lugar de Fausto Vera) e as outras duas foram as entradas de Roni e do jovem Wesley, de 17 anos.

Isso significa que o elenco do Corinthians é ruim? Talvez seja insuficiente para as 38 rodadas do Brasileirão ou para lutar em mais de uma frente no segundo semestre, mas o grupo não é tão carente quanto pode parecer.

Além de Yuri Alberto e Renato Augusto, o Timão não contou nesse domingo com Paulinho, Romero, Adson, Matheus Bidu, além de jovens jogadores que estão na seleção sub-20. Com eles, é sim possível sonhar com o título estadual.

Tirar qualquer conclusão depois da primeira partida no ano é precipitado. Com entrosamento e melhor condicionamento físico, a equipe vai crescer ao longo da temporada.

Frustrado, o corintiano pode lembrar que Palmeiras e São Paulo também tropeçaram na estreia e que o Santos, embora tenha vencido, foi dominado em boa parte do jogo contra o Mirassol, na Vila Belmiro.

2023 só está começando e pode reservar bons momentos ao Corinthians desde que haja paciência para Fernando Lázaro trabalhar.

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