Torcedor do Paysandu, baiano viaja 2 mil KM para conhecer o clube paraense: "Paixão não se explica"
Até onde você iria para estar perto do seu time de coração? A loucura faz parte da essência do torcedor de futebol, que não mede esforços para acompanhar seu clube. E se a pessoa jamais assistiu uma partida da equipe em casa?
Essa é a história do arqueólogo Moisés Bastos. Natural de Salvador, na Bahia, ele simplesmente deixou os dois grandes times do estado de lado e se apaixonou por um clube distante, de outra região do país. Se engana quem imaginou Flamengo, Corinthians ou Vasco, por exemplo. A paixão dele é o Paysandu.
– Paixão não se explica. Sempre fui ligado a futebol, meu pai é torcedor do Vitória, mas comigo não era paixão, aquele negócio forte, assim como eu sinto pelo Paysandu. Comecei a ver jogos do Paysandu, achava aquela rivalidade entre Bahia e Vitória besta, não sentia nenhuma identidade com nenhum dos dois.
Com a missão de conseguir assistir um jogo do Papão no Estádio da Curuzu, em Belém, Moisés saiu de Lençóis, município baiano, em direção a Belém. Só que a missão foi árdua. Saindo no dia 06 de janeiro, ele teve a ideia repentina e resolveu pegar caronas para chegar ao destino final.
– Deu na telha da noite para o dia. Peguei minha mochila e minha barra. Falei: "O dinheiro está apertado, pra fazer isso vou ter que ir de carona e dormir em qualquer lugar". Acabei acampando em posto de gasolina e cheguei, foram sete dias.
Moisés chegou em Belém na sexta-feira passada, dia 13. Ele conta que o trajeto não foi fácil, com algumas "loucuras" pelo caminho, mas que valeu a pena.
– Tiveram algumas caronas doidas. Quando se pega carona, nos submetemos a coisas que não submeteríamos. Estava em um bagageiro de uma picape e o cara dirigindo que nem doido em estradas malucas, que não eram bem asfaltadas. Em nenhum momento pensei quer era um sacrifício, pensei só no maior, que era conhecer o estádio do meu time.
2 de 4 Moisés na divisa Pará/Maranhão e ao lado a barraca em um posto de combustíveis — Foto: Arquivo pessoalMoisés na divisa Pará/Maranhão e ao lado a barraca em um posto de combustíveis — Foto: Arquivo pessoal
A aventura de Moisés tomou conta das redes sociais. Vários torcedores compartilharam a história do jovem e até se ofereceram em ajudar ele pelo caminho. Houve quem até tentasse pagar passagem para ele chegar de ônibus, mas ele estava decidido em chegar através de caronas.
– Só queria assistir um jogo do Paysandu e voltar. Do nada algumas páginas começaram a repostar essa loucura que eu estava fazendo. Chegaram os torcedores, que ofereceram a casa pra almoçar por onde eu passava e outras ajudas também.
Moisés imaginou que a viagem através de caronas iria durar cerca de 14 dias, no tempo certo de chegar para a estreia do Paysandu no Campeonato Paraense, dia 22 de janeiro. Com isso, já teve tempo de conhecer as instalações do clube.
3 de 4 Moisés ao lado do mascote do Paysandu, o Lobo Mau, e as três taças da Copa Verde — Foto: Paysandu SCMoisés ao lado do mascote do Paysandu, o Lobo Mau, e as três taças da Copa Verde — Foto: Paysandu SC
O torcedor baiano também recebeu o convite para assistir ao jogo-treino do time em Barcarena, nordeste do Pará, no último domingo. Moisés viajou com outros torcedores e pôde ver de perto um pouquinho da paixão dos bicolores.
– Já estive em muitos estádios, em muitos jogos, mas nada se compara com essa energia da torcida do Paysandu. É um acolhimento que eu não esperava ter. Sabia que a torcida era diferenciada, o amor que o paraense tem, mas fui abraçado de uma forma inesperada.
A missão de Moisés está quase concluída. Assistir a um jogo na Curuzu é objetivo e ele está determinado em realizar.
– Geralmente não planejo minhas viagens, como foi essa, de última hora. Minha meta principal é assistir um jogo do Paysandu na Curuzu, poder sentir essa energia. Quero ver como vai ser.
4 de 4 Moisés Bastos ganhou do Paysandu a camisa oficial para a temporada 2023 — Foto: Paysandu SCMoisés Bastos ganhou do Paysandu a camisa oficial para a temporada 2023 — Foto: Paysandu SC
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