Maycon explica clima pesado com VP no Corinthians e diz: "Não terá biquinho por o Fernando ser novo"
Maycon olha para 2023 com a esperança de um recomeço após aquele que considera ter sido o pior ano de sua vida. Em 2022 ele teve de sair às pressas da Ucrânia por conta da guerra, foi prejudicado por lesões que o afastaram de jogos importantes do Corinthians e ainda enfrentou problemas extracampo, como o quadro de convulsão de seu filho Zyon, na época com dois anos.
Como símbolo de um novo ciclo, Maycon pediu para iniciar a temporada com um novo número, o 7 que carrega tatuado na perna.
Em entrevista exclusiva ao 💥️ge, o meio-campista explicou a escolha da nova camisa, relembrou das adversidades do último ano e projetou 2023. Também falou sobre a troca no comando do Corinthians e explicou o que mudou com a entrada de Fernando Lázaro no lugar de Vítor Pereira.
💥️Leia também
+ Maycon se diverte com "carrinho de cabeça" de Roni
Segundo ele, com o português, agora no Flamengo, as coisas eram mais "pesadas", não em termos de intensidade de treinos, mas sim de relacionamento. Já o novo treinador, que tem semelhanças com Tite, segundo Maycon, "é bem mais próximo, chama para conversar".
1 de 3 Maycon, do Corinthians, em entrevista exclusiva ao ge — Foto: Marcelo Braga
Maycon, do Corinthians, em entrevista exclusiva ao ge — Foto: Marcelo Braga
Cria do Terrão e hoje com 25 anos, Maycon acumula 135 jogos, dez gols e três títulos pelo Corinthians: dois Paulistas e um Brasileiro. Ele quer aumentar a galeria e sabe que a pressão é grande após três anos sem o clube levantar taças:
– O Corinthians não permite isso!
💥️Confira abaixo a entrevista exclusiva:
💥️ge: você usou diferentes camisas ao longo da sua trajetória no 💥️Corinthians💥️. Por que a escolha da 7 para este ano?
– Eu gosto muito da 7 pelo que meu pai sempre me falou dela. Na época que você está na base, sempre quer ser o 10, esses números mais emblemáticos, e meu pai sempre achou interessante eu pegar a 7. É um número que me marca bastante, sempre tive boas atuações, principalmente na base, que foi onde eu atuei mais. A 8 é importante para mim no Corinthians, um número que gosto bastante. Todos são emblemáticos.
– O 22 é importante, fiz a minha estreia e meu primeiro gol. Com a 30 começo a me firmar no Corinthians realmente, aquele gol no Palmeiras com um a menos, um jogo importante. A 8 pelos títulos... Com a camisa 5 tive um ano difícil, que prefiro esquecer por todas as coisas que vivi, não só no Corinthians, foi um ano pessoalmente difícil. Espero com a 7 ter boa sorte, lembro também do meu pai. Isso me deixa feliz.
💥️Você tem o número 7 tatuado na panturrilha. Por quê?
–💥️ No Shakhtar eu usei a 7 nos últimos meses. Eu gostava havia muito tempo. No meu melhor momento no Shakhtar eu usava a 7. Quando voltei para o Corinthians, esse número estava com o Luan, se não me engano, depois o Yuri pegou. Quando teve essa oportunidade, pedi permissão para usar. É um número que eu gosto.
Maycon, do Corinthians, tem número 7 tatuado na perna esquerda — Foto: Marcelo Braga
💥️Em 2022 vimos você emocionado em três momentos. Primeiro no aeroporto, ao chegar da Ucrânia ao Brasil. Depois, naquela entrevista ao voltar a jogar, após dois meses parado por lesão. E, por fim, na derrota na final da Copa do Brasil. Qual balanço faz dessa última temporada?
–💥️ É difícil a gente agradecer, mas eu agradeci bastante, tudo tem um propósito na vida. Eu sou um cara de muita fé e tenho que acreditar que tudo tem um propósito. Foi um ano realmente difícil, o mais difícil da minha vida por todas as circunstâncias que eu passei e minha família passou, tanto pessoal quanto profissional. Foram muitos casos de dificuldade, que fazem parte da vida de todo mundo. Todo mundo tem um, dois, dez anos difíceis. Não quer dizer que eu tenha uma vida difícil, mas foi um ano atípico para mim, que levo como aprendizado. Passei por tantas coisas e inicio 2023 bem, com saúde e vou trabalhar muito para que seja um ano infinitamente melhor do que o ano passado.
💥️Mas em relação à torcida não houve cobranças, certo? O quanto dessa exigência é interna?
–💥️ O torcedor teve um carinho e uma paciência grande comigo, é claro que eles querem ver os melhores jogadores em campo. Infelizmente, o Corinthians teve grandes perdas nos momentos importantes dos campeonatos, e isso a gente lamenta muito aqui. Eu me cobro, sei que poderia ter rendido mais, sem as lesões poderia ter ido mais longe, feito campeonatos melhores. Por vários motivos, ano passado não consegui. Tenho consciência e hoje trabalho para que eu possa mostrar o melhor potencial que o Maycon pode, melhor jogador, melhor pessoa, o melhor Maycon este ano.
💥️Em 2017, você foi campeão com um ex-auxiliar de Tite que foi efetivado como técnico. Vê semelhanças em Fábio Carille e Fernando Lázaro?
– Os dois têm a forma de trabalhar parecida com o Tite. Talvez seja o espelho que eles têm, o treinador que mais marcou, é a referência deles talvez. Não tenho essa confirmação, mas pela forma que traz o treino, que trabalha, a forma que lida com o jogador me faz lembrar o Tite. Claro que tem formas, principalmente a nossa formação ele (Lázaro) está mudando. O Carille era mais certo daquilo que ele queria, o Lázaro tenta se adaptar às características dos jogadores.
– A gente não pode comparar um treinador com o outro, mas vejo muito a linha de trabalho do Tite, do grupo mais unido, do ambiente melhor, de merecer vencer... O que o Tite comentava, o Carille comentava, e o Fernando está iniciando o trabalho dessa mesma forma. Torço muito para que dê certo. Assim como com o Carille todo mundo estava com o pé atrás por estar começando, ser uma aposta da diretoria, o Fernando é da mesma forma, ele estuda bastante, tem muito conhecimento do futebol, ele trabalha bastante e merece também.
💥️Os métodos e os tipos de treinamento do Lázaro são parecidos com os do Tite?
– O pessoal fala que o Sylvinho era assim também, eu não peguei o Sylvinho. É uma linha que já vem meio que do Tite. Alguns não trabalharam com o Tite, mas o Renato Augusto, Cássio, Fagner lembram dos trabalhos do Tite. É mais ou menos a mesma ideia, claro que mudam alguns conceitos, não é o Tite que está aqui, é o Fernando. Ele vai implementando coisas que acha interessante, que potencializam o grupo, mas faz lembrança dos treinamentos e de forma tática de se portar em campo que faz lembrar o Tite, o Carille, essa linha que deu certo no Corinthians.
💥️O fato de ele ser um treinador inexperiente acaba por gerar desconfiança em parte da torcida. De alguma forma, os jogadores se sentem com mais responsabilidade de jogar pelo Lázaro, um técnico que vocês gostam?
– É interessante sua pergunta, porque independentemente dos treinadores que estiverem com a gente, quando vestimos a camisa do Corinthians, temos que entrar para vencer. Independentemente de ser clássico ou da competição, o Corinthians carrega isso, não é o treinador que está ou os jogadores que estão. O Vítor Pereira conquistou títulos na Europa, chegou aqui no Corinthians e teve resultados bons e ruins como todos os que passaram aqui. Tite teve resultados bons e ruins, Carille teve resultados bons e ruins, teve algum momento de pressão, e acho que o Fernando vai passar por isso também. Já passou depois da primeira partida, acho que teve um momento de pressão.
– Mas o Fernando é um treinador que trabalha bastante, nós somos um grupo que trabalha bastante, queremos entregar resultado para a torcida, o clube está há um tempo sem ganhar, e o Corinthians não permite isso, temos que lutar para vencer. Paulista, Brasileiro e os campeonatos que vamos disputar são campeonatos difíceis, tem elencos mais preparados que o nosso, mas nosso dia a dia tem que prevalecer nos jogos. É jogo a jogo, passo a passo, a equipe vai crescer nesta temporada. O começo do campeonato vai entregar muito o que vamos fazer na temporada.
💥️O que fazia com que o ambiente no ano passado não fosse tão bom?
– Não é questão de o ambiente estar melhor ou não. O ambiente entre os jogadores sempre foi muito bom, mas a proximidade com os treinadores faz a diferença. Já trabalhei com alguns treinadores e vi alguns mais distantes e outros mais próximos. Tem jogador que prefere treinadores mais distantes, depende do ambiente em que você está. O Vítor tinha a maneira dele de trabalhar e a gente respeitava. Não tem como falar que a gente tinha o mesmo contato que tem com o Fernando, que é bem mais próximo, chama para conversar, vê a forma que você pode trabalhar, evoluir, o Vítor já era mais direto. Cada jogador lida de uma forma.
– Eu nunca tive problema com o Vítor, sempre entendi a maneira dele trabalhar, ele entendeu a minha, falava comigo o que ele achava que precisava e ponto. Cada treinador tem a sua forma de lidar, tem jogadores que aceitam treinadores mais próximos, outros que preferem ele mais distante. Os jogadores que falam do Vítor talvez preferem o Fernando por ele ser mais próximo, não o trabalho em si. Todo treinador e todo jogador quer vencer, não é por ser mais distante ou mais próximo que o jogador vai correr mais. Cada um lida de uma forma, cada treinador tem seu jeito de lidar com o grupo, tem uns que se agradam mais do Fernando, outros se agradam mais do Vítor. A gente respeita todas as opiniões.
3 de 3 Maycon já vestiu várias camisas desde que subiu ao profissional do Corinthians — Foto: Montagem - fotos de Daniel Augusto Jr e Rodrigo Coca/Ag. CorinthiansMaycon já vestiu várias camisas desde que subiu ao profissional do Corinthians — Foto: Montagem - fotos de Daniel Augusto Jr e Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
💥️E com o Vítor o time chegou em uma final, esteve perto de ser campeão...
– O Vítor fez um bom trabalho. Por tudo o que passamos na temporada, conseguimos classificação direta para a Libertadores, chegamos numa final de Copa do Brasil, que é extremamente difícil. Não é o trabalho em si, é a forma que um treinador gosta ou não, mas não faz jogar mais ou menos, correr mais ou menos, é a forma de lidar no dia a dia que pode ser melhor ou não.
💥️Quando jogadores falam que o clima está melhor, muitos torcedores levam para um lado de "camaradagem", de que agora haverá menos cobrança. Mas, pelo que você diz, não tem nada a ver com isso. É possível detalhar o que mudou com a troca do Vítor pelo Fernando Lázaro?
– Eu não gosto de comparar trabalhos, cada treinador tem sua forma de trabalhar. O Vítor trabalhava de uma forma que o grupo entendia ser mais pesada, não de intensidade. Todo mundo vai respeitar o Vítor, respeitou e vai respeitar o Fernando. Se o Fernando precisar tirar as maiores lideranças do grupo ele vai tirar e nós vamos aceitar isso. Há uma hierarquia, o clube pede isso, tem presidente, o diretor de futebol, na parte do campo o treinador é o principal e, se precisar tirar alguém, ele vai tirar.
– O Vítor tinha uma forma de trabalho que alguns jogadores achavam que não era a certa para a gente atingir o nosso melhor nível, e o Fernando vem trazendo ideias que a gente entende que podem aproximar a gente de grandes conquistas ou elevar o nosso nível. Pode dar certo? Pode. Pode dar errado? Também. O Vítor deu certo? Até certo momento, a gente não ganhou com o Vítor. O ambiente ajudou a isso? Não sei o quanto isso foi prejudicial ou não para conseguir o título. Mas o Fernando vai trabalhar da melhor forma para a gente atingir o nosso melhor nível
+ Veja mais notícias do Corinthians
💥️Um dos episódios difíceis que você enfrentou em 2022 foi a saída da Ucrânia por conta da guerra. Você ainda acompanha notícias do país ou prefere até evitar o assunto?
– Eu tenho alguns amigos na Ucrânia, então tento entender como eles estão vivendo. Tenho um grande amigo lá, que me ajudou bastante, ele é um rapaz mais velho, peruano. Temos contato não diário, mas tentamos nos falar sempre que possível. É realmente muito triste, não só por toda a situação, mas a guerra em si é bem triste, pude acompanhar de perto. No mundo de hoje, não consigo encaixar...
– Em momento algum da história a gente consegue encaixar uma guerra, mas nos momentos atuais, pós-pandemia, o mundo se reerguendo depois de um momento bem triste, a gente ter uma guerra que se alastra por tanto tempo... Nos deixa como ser humano muito triste. Ter esses contatos me deixa ainda mais triste. Não tenho como acompanhar tão a fundo, mas vejo lugares que ainda tem conflitos, isso me deixa triste, lugares que frequentei, passei e hoje estão totalmente destruídos.
💥️Médicos do 💥️Corinthians💥️ chegaram a suspeitar que o trauma da guerra foi o motivo das urticárias que apareceram na pele do Júnior Moraes, outro ex-atleta do Shakhtar. Aquela situação te marcou de que forma?
– É claro que nos marca. Eu tive sonhos nos primeiros dias, depois tive essa paz em mim, eu estava em segurança. Triste pelo momento da Ucrânia, não tem como fugir disso, vivi quatro anos, meus filhos começaram a infância lá, tiveram amigos, contatos. É claro que a gente fica triste, mas eu não tive esse quadro de reação. A gente fica triste, isso afeta algumas partes da nossa vida... Mas o Júnior estava muito envolvido com a situação da nossa saída, pegou um pouco dessa pressão para si, todo mundo estava pressionado, mas como ele foi “a frente”, isso bate mais para ele depois que a gente consegue sair, a poeira baixou. Eu fico bem triste, nos abalou nos primeiros meses, mas consegui levar bem essa situação.
🎧 Ouça o podcast ge Corinthians🎧
💥️+ Assista: tudo sobre o 💥️Corinthians💥️ na Globo, sportv e ge
O que você está lendo é [Maycon explica clima pesado com VP no Corinthians e diz: "Não terá biquinho por o Fernando ser novo"].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments