Juventude desaprendeu a vencer

Comentei nesta terça-feira para o Premiere o duelo entre Juventude e São Luiz, pela segunda rodada do Gauchão 2023. Data em que o anfitrião de Caxias do Sul completaria, não vencendo, incríveis seis meses sem vencer nenhum jogo oficial - marca que o levou de volta à Série B do Brasileirão. Confronto entre um Ju com mais talento e experiência, mas sem um pingo de entrosamento, jogando na intuição porque Celso Roth recebeu pencas de jogadores a prestação desde que chegou ao clube no fim do ano, contra um São Luiz com menos talento, mas com uma engrenagem muito mais azeitada porque manteve a base de 2022, quando chegou a vencer a Copa FGF. Parecia que o Juventude quebraria a triste escrita, mas mostrou que desaprendeu a vencer. Cedeu o empate aos visitantes aos 45 do segundo tempo...

Os dois oponentes haviam empatado também na estreia do Estadual, mas chegavam com expectativa diferentes. O Juventude havia encarado "apenas" o Internacional, no Beira-Rio, ficou duas vezes em vantagem, ou seja, tinha mais motivo de confiança diante de um São Luiz que empatara em casa diante do Ypiranga. Já o São Luiz tinha a cabeça no médio prazo. Chegou a sua sexta temporada na elite gaúcha, e em todas elas não sofreu, fez campanhas que não apontaram nunca para degola. Um responsabilidade a mais para o jovem William Campos, que depois de ganhar a Copa FGF disputa sua primeira divisão principal do Gauchão - ele é filho do falecido Beto Campos, treinador muito respeitado no Rio Grande do Sul.

O primeiro tempo mostrou um São Luiz organizado, dando poucos espaços ao Ju, e tentando levar o empate ao segundo tempo para ali, quem sabe, agredir em um ou outro contra-ataque. O time de Celso Roth tentava ocupar o meio-campo, mas claramente faltava sincronia entre as linhas e entre os homens de meio e de frente. Ainda assim, o Juventude conseguiu duas grandes situações. Na primeira, Daniel Bolt apareceu livre na área, tocou para o gol, mas a zaga aliviou a bola que entraria. E no finzinho, Jean mandou um chute improvável do bico da área que explodiu na trave esquerda.

Celso Roth mandou de o time de volta do intervalo com Vitinho e Echaporã. A ideia era tornar o meio-campo mais ágil e dar ao Ju presença física de área. O resultado levou 39 segundos para ir para o placar. Echaporã abriu na direita, Dani Bolt ergue a bola na cabeça de Rodrigo Rodrigues, que testou para as redes (segundo do ex-atacante do CSA no Gauchão). O São Luiz levou uns dez minutos para se recompor e decidir se aceitava a derrota ou reagia. Optou então por reagir e foi colocando em ação nomes que empurraram o time para a frente, notadamente John Lennon e Maurício (este na reta final da partida).

Surpreendentemente, o Juventude aceitou passivamente a reação do oponente. Começou a perder intensidade na frente, recuou, recuou... até que viu mais uma vitória ir embora por entre seus dedos no finzinho. Com muita consciência, o São Luiz foi fazendo a transição ofensiva, de pé em pé, aos 45 do segundo, até que Laion achou Maurício, no meio. Desmarcado, ele ajeitou o corpo e bateu forte. A bola raspou em Felipe Carvalho, subiu e encobriu Echaporã, morrendo no fundo das redes.

O São Luiz mostrou foco e organização para passar incólume por mais uma temporada do Gauchão. O Juventude pode - e precisa - chegar pelo menos à semifinal, para chegar minimamente com moral na Série B e fazer uma campanha de volta à elite. Mas para que isso aconteça, Celso Roth precisa ensinar seus jogadores a fazerem algo básico no futebol: vencer.

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