Presidente do Atlético-MG inicia último ano de mandato com SAF, Arena e Liga: "O mais desafiador"

São 14 horas diárias de trabalho para poder se dedicar ao cargo de presidente do Atlético-MG. Não faltam decisões a tomar. Em 2023, Sérgio Coelho inicia o último ano de mandato com uma lista respeitosa de desafios e missões. O Galo irá inaugurar o novo estádio - Arena MRV - em março, período em que já pretende se transformar em Sociedade Anônima do Futebol. São duas realidades bem concretas e complexas.

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Na sala da presidência do Atlético, na sede de Lourdes, Sérgio Coelho recebeu o 💥️ge para falar de vários assuntos. O clube lida com a maior dívida do Brasil, depende do auxílio direto dos 4 R's, principalmente para avalizar empréstimos bancários, ao mesmo tempo em que conseguiu aumentar o seu patrimônio líquido.

Ele também está na liderança da Liga Forte Futebol, composta por 25 clubes, e que quer uma nova divisão de direitos de TV do Campeonato Brasileiro. Isso tudo ainda ligado a um lado social da vida pessoal e também do próprio Galo. O relógio de Sérgio Coelho, sempre pontual, sinaliza um tempo de transformações no Atlético.

Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG 1 de 6 Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG

Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG

💥️Queria que o senhor traçasse os desafios e expectativas do terceiro ano de mandato na presidência.

- Talvez seja o ano mais desafiador da nossa gestão. (Mais do que o primeiro?) Sim, porque nós entramos com um trabalho já iniciado pelo Sérgio Sette Câmara, e os 4 R's já faziam parte dentro de uma etapa de 2023. Tivemos os resultados importantes em 2023, o que aumentou muito as receitas do clube. 2022 foi um ano no qual as finanças se apertaram ainda mais. Um dos motivos foi que não tivemos tantas receitas das competições. No ano passado, a gente esperava, no nosso orçamento, vender o Diamond Mall entre março e abril. Não vendeu, e de lá para cá, tivemos que continuar pagando as dívidas, e tivemos que pagar com recursos bancários, via empréstimos. E esse ano, temos aí grandes pautas, além do futebol, que segue sendo o grande foco. Montamos um time para ser campeão, disputar os títulos, temos a pauta da base - já fizemos reestruturação nela, e iremos dar incremento maior. Para se ter ideia, saímos de um investimento de R$ 13 milhões em 2023, para R$ 37 milhões em 2023. Tem a inauguração da Arena MRV, com todas as dificuldades criadas, temos a discussão da Liga, a conclusão da venda do Diamond Mall, e a SAF. São seis pautas importantíssimas, pesadíssimas, isso tudo no último ano de mandato.

💥️Será o último? Digo, o senhor tem pretensão de se candidatar à reeleição no fim do ano?

- Será o meu último de mandato, mas é muito cedo para essa decisão. Temos que pensar como vai se desenrolar o ano, como será a figura do presidente (na configuração da SAF). Sou muito sincero. Eu estou aqui porque havia desejo dos 4 R's em ajudar o Atlético, e eles me convidaram, ao lado do Dr. José Murilo. Se não fosse assim, eu não teria condições de ser presidente do Atlético. E eu acredito em um modelo menos presidencialista, e mais colegiado, um conselho administrativo de três, cinco pessoas, para tomada de decisões. Vamos considerar que chegou o fim do ano. O nosso grupo acha que precisa trocar o presidente, seja pelo motivo que for. Eu não faria a menor objeção, zero! Sou um homem de pouca vaidade com essas coisas.

💥️E como é a rotina de ser presidente do Atlético? Como isso afeta na vida pessoal?

- Não considero grandes mudanças, não. Obviamente, é uma carga maior de trabalho. Mas nas minhas empresas, e nas instituições que tomo conta, eu deleguei mais para pessoas que trabalham comigo. Eu trabalho no mínimo 14 horas por dia, e é suficiente para olhar tudo. Só não consigo deixar de fazer o que tem que ser feito. Se eu não estou dando conta, eu peço ajuda. Temos um grupo de diretores que trabalham muito, competentes e corretíssimas. Ajudam muito na gestão, o que alivia muito o trabalho do presidente. Sou um gestor que delego, acompanho, mas dou autonomia para as pessoas tomarem decisões sem precisar sempre estar dependente de aprovação. Mas veja bem, não é feito "a Deus dará". São tomadas de decisões que passa pelo meu olhar.

💥️O senhor está sempre na sede? No CT?

- Sempre na sede, e na parte da tarde. Na parte da manhã, eu fico no meu escritório, chego cedo. Passo em casa, que é perto, almoço e venho na sede. Se não estiver aqui, vou para a Cidade do Galo, o Labareda, Vila Olímpica, na Arena MRV. Fora outros compromissos. Fazemos reuniões também na MRV. Então, de manhã resolvo minhas coisas, das instituições, e também algumas reuniões do Atlético eu faço do meu escritório pela manhã.

💥️Queria falar de SAF. Por que ela virou o único caminho possível para o Atlético?

- Simples, pelo endividamento do Atlético. Não tem como lidar com isso de outra forma. Quando eu fui ser candidato (no fim de 2023), em reuniões que fiz antes, a informação é que iríamos fechar 2023 com dívida na casa de R$ 800 milhões. Foram as informações recebidas, e era realmente isso. Mas quando o balanço foi fechado, a dívida foi para R$ 1,3 bilhão. O clube instalou o SAP (programa de controle de gastos), e ele foi descobrindo dívidas, e contratos passados, que foram aparecendo. Quando isso entrou no balanço, a dívida foi atualizada para esse valor. São compromissos sérios, com Fifa, com dívida trabalhista, problemas perigosos. Passamos dois anos administrando essas dívidas. As receitas do Atlético são capazes de pagar o custo operacional, do futebol, etc. Hoje, com o time de futebol que temos, caso o Atlético não tivesse nenhuma dívida, ele não precisaria virar SAF, só em caso de querer crescer mais ainda. Mas veja só: temos receitas que pagam o futebol, o administrativo, tudo. Temos receita para isso. Só que o Atlético precisa pagar os juros e o capital das dívidas. Então vamos pensar: se eu tenho que pagar e não tenho o dinheiro, o que preciso fazer? Buscar dinheiro no mercado. E o Atlético tem como pegar (empréstimos)? Tem, de uma maneira: se o Rubens e o Ricardo avalizarem.

💥️O Atlético não teria crédito suficiente para solicitar empréstimos bancários?

- Quem emprestaria ao Atlético, se não tivesse essas pessoas por trás? É o mercado que opera assim. Não é só com o Atlético, é com qualquer clube e empresa, pessoa física. Ou você tem capacidade e prova para o banco, ou então o banco vai falar: 'Se você me der uma garantia imobiliária ou aval...' Caso contrário, não tem negócio. Em dois anos, o que fizemos? Trocamos essas dívidas perigosas, comprometedoras, que poderia inviabilizar o clube, por dívidas bancárias. Pagamos quantos de Fifa? Cento e tantos milhões. Isso inviabiliza o clube, simples desse jeito. E vejo algumas pessoas da imprensa soltando relação de quanto o Atlético deve de banco. Eu respeito a matéria, o jornalista, mas a matéria eu não vejo com bons olhos. A pessoa coloca aquilo ali e não explica.

💥️O que incomoda o senhor seria a falta de contextualização?

- Aquilo que está ali, parece que estamos pegando aquele dinheiro para fazer farra com ele. Tem que contextualizar. O Atlético passou a dever banco por isso e isso. Não vamos esconder nada, é transparente. Nosso balanço hoje é auditado por uma "big five", a BDO. É a quinta maior empresa de auditoria do mundo. Devemos banco? Devemos! São R$ 540 milhões avalizado pelo Rubens (Menin) e pelo Ricardo (Guimarães). Temos aqui R$ 210 milhões emprestados pelo Rubens, sem cobrar juros (contratos de mútuos), que não correção. Devemos o Ricardo Guimarães R$ 150 milhões.

Renato Salvador, Ricardo Guimarães, Rodrigo Caetano, Sérgio Coelho e Rafael Menin na sede do Atlético-MG — Foto: Divulgação Atlético-MG 2 de 6 Renato Salvador, Ricardo Guimarães, Rodrigo Caetano, Sérgio Coelho e Rafael Menin na sede do Atlético-MG — Foto: Divulgação Atlético-MG

Renato Salvador, Ricardo Guimarães, Rodrigo Caetano, Sérgio Coelho e Rafael Menin na sede do Atlético-MG — Foto: Divulgação Atlético-MG

💥️Sobre a dívida do Ricardo Guimarães, foi feito um acordo, com deságio, e o espaço do patrocínio máster da camisa envolvido.

- Foi feito um acordo. Tem uma parte que já era acordo feito, e vamos pagar um valor razoável por mês. Esse outro, fizemos acordo, mas a contabilidade não aceita como pagamento da dívida. Nós passamos os valores do patrocínio máster para o Ricardo, e vamos abatendo a dívida.

💥️O patrocínio máster do Atlético, da Betano, os valores são recebidos e repassados ao Ricardo, correto?

- A gente recebe e paga o Ricardo. É um contrato bem feito. Era uma dívida de R$ 240 milhões, mas no meio do caminho houve acordo que não cumpriu, virou R$ 247 milhões, mas fechamos em pagar R$ 85 milhões. Esses valores estão dentro dos R$ 150 milhões que falei, que são outras dívidas. O total hoje é R$ 150 milhões, sendo pagos por meio desse acordo envolvendo o patrocínio master (de R$ 85 milhões), e uma outra parte que está fora do acordo, que envolve dívidas antigas.

💥️O que o senhor pode falar da SAF? A proposta não vinculante foi feita. Falta assinar a vinculante para ser apreciada pelo Conselho.

- A SAF é um processo no qual o nosso CEO, Bruno Muzzi, trabalha diretamente em cima. Mas eu participo também, claro.

💥️Falaram que o Grupo City teria feito proposta, mas eles buscam um perfil específico de clube. O Atlético busca outro tipo de investidor então, certo?

- São diversos tipos de investidor. O que o Red Bull quer? Achar jovens jogadores para vender. Ele quer resultado dentro de campo? Claro, mas será que é o grande objetivo da SAF? É um clube importante, com bom desempenho, mas se tiver uma grande negociação por algum atleta no meio do campeonato, creio que irá pesar. Tem investidor que quer ter um clube no Brasil, descobrir e exportar os talentos rapidamente. O investidor não vai querer um clube da grandeza do Atlético, para ser um clube laboratório, só de fabricação de jogadores. Isso não vai caminhar. Qual o nosso perfil: um clube grande que precisa ter resultado dentro de campo, protagonismo, torcida apaixonada e engajada no dia a dia, que vai ao campo. Ele irá ganhar dinheiro nesse modelo. O olhar tem que ser: "Ali eu posso investir, ter lucro nas receitas que envolve o futebol como venda de camisas, de ingressos. Mas se for ganhar dinheiro levando talentos para fora e se importar primeiro com isso, vai ter briga e problema". Cada investidor procura o clube ideal, e vice-versa.

💥️O Atlético ainda terá participação na SAF.

- Terá um conselho administrativo, vai ter o voto dele. Vai participar das decisões importantes. É claro que vai. Quem sabe, podemos até continuar na gestão do futebol. Quem sabe!

💥️Isso não estava decidido?

- Estamos acertando as tratativas. Vamos ver.

💥️As etapas da SAF são: proposta não vinculante, depois a vinculante, o acordo de acionistas e a formação do conselho de administração, correto?

- A gente assina uma proposta não vinculante. Nela, qual o objetivo? É já ter as bases principais do contrato negociadas. E dar oportunidade para o investidor faça a diligência no clube. Tudo aquilo que falamos sobre o Atlético, ele vem para conferir as informações. Como temos a chancela da E&Y e da BDO, já temos 90% do caminho adiantado. Elas só chancelam o que é verdade. São etapas acabando de ser concluídas. Estamos acertando a parte de gestão, e outras coisas, para levar ao Conselho, que autoriza a transformação da SAF. É nesse momento que vamos assinar a proposta vinculante. Ou já se faz a proposta vinculante com cláusula de condicionamento de validade via aprovação do conselho. Nós não temos a autonomia de assinar a venda das ações da SAF sem o "ok" do conselho.

💥️O possível investidor veio a Belo Horizonte conhecer o clube?

- São boas impressões. Não posso dar detalhes. É uma pessoa bacana. Ele conhece o Atlético, e muito. Até porque ele tem um staff formado por pessoas brasileiras, conhecem tudo sobre o Atlético, o futebol brasileiro. Há uma equipe dele do Brasil, moram aqui, conhecem e trabalharam no futebol brasileiro.

Presidente Sérgio Coelho, do Atlético-MG — Foto: Lucas Figueiredo/CBF 3 de 6 Presidente Sérgio Coelho, do Atlético-MG — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Presidente Sérgio Coelho, do Atlético-MG — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

💥️O senhor disse em entrevista que o Atlético iria fechar 2022 "muito no vermelho". Poderia explicar?

- Nós temos despesas que, na contabilidade, são grandes. Como os juros altos. Tivemos o aumento da Selic bem considerável, pensando nos juros. Temos também a depreciação de ativos, na categoria de base foi altíssimo, que são saídas de jogadores. No profissional também. Como funciona? Comprei um jogador por R$ 40 milhões, contrato de quatro anos, então são R$ 10 milhões de despesa contábil por ano. Na contabilidade, se eu vender o jogador no terceiro ano por R$ 100 milhões, temos que tirar os R$ 20 milhões de depreciação dos dois primeiros anos, então seriam R$ 80 milhões de lucro. Agora, se chegou nos quatro anos e ele não foi vendido, é tchau, é a depreciação de R$ 40 milhões. Compramos muitos jogadores em 2023. Quando vai ser a depreciação? 2023, 2022, 2023. Isso tem um custo alto. Os valores que recebemos no dia a dia paga o custo operacional do clube. Não inclui aí os juros, a depreciação, e outras coisas mais. Se são despesas contábeis, o resultado é ruim. Mas um lado positivo: o nosso PL (Patrimônio Líquido), para fechar o ano de 2022, será seis vezes maior do que quando iniciamos em 2023, no fechamento de 2023. O PL é o seguinte: você pega todos os ativos que o Atlético tem, todos! São os jogadores, o que tem em caixa, os imóveis, contas a receber. Aí você pega a dívida, com o Rubens Menin, na justiça, com todos os credores. Se eu vender tudo no ativo, eu pago as dívidas e sobra, então o Atlético tem patrimônio. A dívida é alta? É. É a maior do Brasil? É. Mas temos patrimônio líquido positivo.

💥️O Atlético convive com atrasos salariais no elenco, fato inédito na sua gestão. Qual é o impacto disso no desenvolvimento do trabalho?

- O que estamos devendo os jogadores é o 13º salário. Temos que apurar. Mas são os jogadores. O dos funcionários em geral estão em dia. No meu entendimento, o futebol, para você ter resultado, tem algumas coisas vitais: um elenco qualificado, tem que ter uma estrutura de CT num todo (departamento médico, fisiologia, concentração), tem que ter uma comissão técnica muito boa, um diretor de futebol muito bom, e temos o melhor do Brasil, que é meu amigo. E temos que ter salário em dia. São esses. Se uma dessas coisas der errado, não vai funcionar.

Eduardo Coudet entre Rodrigo Caetano e Sérgio Coelho — Foto: Pedro Souza/CAM 4 de 6 Eduardo Coudet entre Rodrigo Caetano e Sérgio Coelho — Foto: Pedro Souza/CAM

Eduardo Coudet entre Rodrigo Caetano e Sérgio Coelho — Foto: Pedro Souza/CAM

💥️O Atlético teve a venda do Diamond aprovada no CADE, mas em um segundo acordo. Como o senhor recebeu essa reviravolta da Multiplan?

- Com decepção. A Multiplan tinha a opção de compra, e isso significa que éramos obrigados a notificá-la, dizendo quais as condições que estávamos fazendo a venda.

💥️O Atlético recebeu uma proposta formal que não era da Multiplan?

- Exato. E encaminhamos a eles. Eles falaram que iriam exercer o direito, confirmaram a compra, e iniciaram as diligências. Tivemos o tempo.

- A gente vê alguns comentários falando que o Atlético não colocou multa, que deveria ter se resguardado. Olha, quando uma parte exerce um direito de preferência de compra, não há multa. Ele comunica que fará a compra, e vamos então trabalhar o instrumental jurídico.

💥️É possível manter o valor dos R$ 170 milhões?

- Sim, o valor tem que ser esse. O que foi aprovado no Conselho foi a venda de R$ 340 milhões. Não vejo possível vender por menos, não.

José Murilo Procópio, vice, e Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG 5 de 6 José Murilo Procópio, vice, e Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG

José Murilo Procópio, vice, e Sérgio Coelho, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Sousa / Atlético-MG

💥️Qual a expectativa de ser o presidente da inauguração da Arena MRV?

- Eu como presidente, e o meu vice, né? Ser presidente e ser vice, nós dois somos um corpo só. É motivo de felicidade para a gente. A gente sabe que a arena merecia o nome de muitas pessoas. Estamos eventualmente na presidência. É um trabalho lá iniciado pelo Daniel, depois o Sérgio, claro que os 4 R's, todos os funcionários. Muitos atleticanos envolvidos, que contribuíram. Eu escuto cada relato, de pessoas que não estão ligados diretamente com o clube, mas que ajudaram muito. A aprovação e desenvolvimento do projeto. É uma saga, foi no peito.

💥️Quando o senhor visita as obras...

- Eu arrepio. Me emociono muito, ao mesmo tempo.

Estádio do Atlético-MG; Arena MRV — Foto: Fred Ribeiro 6 de 6 Estádio do Atlético-MG; Arena MRV — Foto: Fred Ribeiro

Estádio do Atlético-MG; Arena MRV — Foto: Fred Ribeiro

💥️O Ronaldo Fenômeno anunciou rompimento do Cruzeiro com a Minas Arena. Como está a situação do Atlético com o Mineirão?

- O futebol virou um subproduto do Mineirão. Nós estamos pensando como fazer. Estudamos fazer jogos até fora de Minas Gerais, vamos decidir o que for melhor. Mas temos propostas financeiramente boas. Só que precisamos olhar para a torcida, que tem o peso maior do que o lado financeiro. Vamos resolver isso. As imposições que são colocadas, despesas altas de operação de jogos, essa questão de calendário no Mineirão... Jogo de terceira fase da Copa Libertadores, se o Atlético se classificar, não vai jogar no Mineirão. Contra o Carabobo, em 1º de março, será no Mineirão. Mas se o Atlético passar para a terceira fase, o jogo de volta será mando do Galo, e me parece que o jogo é dia 15 de março. Tem um show no dia 18, só que a montagem do show começa dia 13. Nós vamos ter a nossa arena, e não vai demorar cinco dias para montar um show. Vamos virar concorrentes do Mineirão. De inquilino, vamos ser concorrentes. E são dois anos que fazemos críticas, cobramos, que é o gramado. Fizemos de tudo, é impressionante como não conseguem lidar com o gramado. É o pior!

💥️Como está a situação da Liga Forte Futebol?

- Qual é o pensamento dos clubes da LFF? Divisão equilibrada baseada nas melhores ligas. A Premiere League é a melhor do mundo, pela seguinte razão: a diferença equilibrada entre o que ganha mais (da TV), e o que ganha menos. Isso valoriza o campeonato, o produto, e entra mais dinheiro. Lá a diferença é de 1,6 vezes. Aqui a proporção deve ser mais do que 5 vezes. Só com pay-per-view, o time que menos ganhou em 2022, deve ter sido R$ 3 milhões. O Flamengo recebeu, me parece, R$ 180 milhões.

💥️Como a CBF lida com esse movimento?

- Ela está à parte das decisões, e nem é papel dela. O papel dela é aceitar a liga dos 40 clubes. Isso já foi um compromisso assumido pelo presidente - Ednaldo Rodrigues. E ele é um homem de palavra.

💥️Existe um investidor da LFF?

- Sim, tem investidor com dinheiro em cima da mesa, com proposta para os 40 clubes em um cenário, ou para os clubes da LFF.

💥️E se seguir a divisão?

- Estamos fechando com o investidor, o nosso grupo. A partir do momento que outros clubes aderirem à nossa liga, esse valor que ele pagará ao grupo será colocando a parte de cada um, com a divisão pré-estabelecida. Todos os clubes na LFF vão receber mais. Inclusive o Cruzeiro, o Vasco, e o Botafogo.

💥️Então, como entender essa divisão?

- Difícil. O que a gente quer é um equilíbrio. Do outro lado não vejo equilíbrio por essa razão que coloquei (da divisão de cotas de TV). Conversamos com todos os clubes, da Libra também. Estamos tratando com muita maturidade, sobre as ligas, sobre qualquer assunto de interesse do futebol brasileiro. Fizemos negócios com o São Paulo, transferência de jogadores. Não tem problema.

💥️Por tudo que você disse, então haverá duas ligas no futebol brasileiro. Como vai funcionar?

- O ideal é ter uma liga de 40 clubes. É o sonho nosso. Se não conseguirmos, então não será uma liga, é uma associação, ou outro nome nesse sentido. Associação de alguns clubes que irão vender nossas propriedades para um grupo investidor. Se vendesse dos 40, seria muito melhor. Caso contrário, os que são pobres vão ficar mais pobres ainda. O valor da TV para os mais riscos representa 30% da receita anual, ou nem isso. Para os mais pobres, é 80%. Eles vivem disso. O pouco que eles têm, querem diminuir mais ainda. Vão matar esses clubes. E é o bacana da Premiere League, o clube "pequeno" lá tem condições de investir, de competir. Mas fico feliz de termos um grupo grande e importante que pensa dessa forma. Temos reuniões frequentes, e não vamos ceder.

💥️Por fim, queria perguntar como está o pedido do Atlético para o reconhecimento do título de 1937, e da Copa Conmebol

- Vai fazer um ano. Estamos otimistas. Diretores que ele havia pedido pareceres sobre o nosso pedido, que eram o jurídico e o de competições, deram um pareceres positivos. Não recebemos os documentos, mas recebemos essa informação da CBF. É algo complexo. E o da Conmebol, temos o mesmo otimismo.

💥️Da Conmebol depende da aprovação do comitê de clubes?

- No comitê foi aprovado, embora alguns clubes votaram contra. Inclusive clubes que haviam prometido para mim, que votariam a favor, que é o caso do Corinthians e do Palmeiras, eles mudaram de ideia. O Flamengo foi contra e eles o acompanharam. Na votação, acho que deu 12x4 nos votos, e alguns pediram um tempo para pensar. E precisa de um parecer favorável do comitê executivo, presidido pelo Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol. Iria acontecer um dia antes da final da Libertadores. Mas não aconteceu. Estamos no aguardo.

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