Bi da Copinha, Paulo Victor detalha trabalho no Palmeiras e revela: "Abel é uma inspiração"

Paixão pelo o que faz, mentalidade de conquistas, trabalho com a base, cabeça fria e coração quente. Não, desta vez não estamos falando de Abel Ferreira, mas sim de Paulo Victor Gomes, o PV, técnico do sub-20 do Palmeiras e bicampeão da Copa São Paulo.

Em entrevista ao podcast ge Palmeiras, na última quinta-feira, o treinador de 34 anos enalteceu a atual conquista da Copinha, a formação do clube, os destaques do time e falou também sobre seu futuro como técnico.

– O Abel é uma inspiração para mim e todos os treinadores da base do Palmeiras pela forma como conduz o dia a dia, seus atletas e sua equipe de trabalho. O Abel tem dado grandes exemplos, e cabe a nós seguirmos implementando essa filosofia de trabalho na base, para que essa transição seja cada vez mais suave, que os atletas tenham essa mesma mentalidade. Que é também o que a gente acredita – disse PV.

💥️ge: a ansiedade externa para ver um jogador da base subir ao profissional pode ser prejudicial?
Paulo Victor:
– Temos que lidar com muita tranquilidade e naturalidade. É um tema que tratamos quase diariamente. Eu falo que expectativa gera ainda mais responsabilidade. Responsabilidade deles em conduzir a carreira da melhor forma possível, entregar o melhor possível, em estar preparado para o momento que tiverem oportunidade, no tempo certo. A expectativa da torcida vai acontecer, é natural. Mas eles estão muito equilibrados para esperar o momento certo. Quando acontecer, eles vão entregar. Estão preparados e lidam muito bem com a expectativa.

Paulo Victor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras 1 de 3 Paulo Victor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras

Paulo Victor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras

💥️Qual o tamanho de um bicampeonato da Copinha?
– Um dos motivos da minha tomada de decisão em retornar ao Palmeiras... Eu estava na seleção brasileira pós-ciclo olímpico, conquista em Tóquio... Era ganhar a Copinha pelo clube. Mexia muito comigo. Era um título inédito, em um clube que tenho muita identificação, me projetou nacionalmente, e eu tinha isso muito forte comigo. Um sentimento forte de poder fazer a diferença na vida dos atletas, de pessoas que eu já havia trabalhado na primeira passagem e reencontrar com elas, para então conseguir, naquele janeiro de 2022, o primeiro título. Conseguimos com muito trabalho, com muita paixão envolvida no dia a dia, colocar na cabeça dos atletas em fazer história, tirando a pressão externa que não tem relevância, blindar tudo aquilo que está dentro. E na sequência do ano, com os outros feitos que tivemos, com Brasileiro e Copa do Brasil.

💥️Qual foi o principal desafio para essa edição?
– Tivemos esse desafio entre novembro e dezembro para montar uma nova equipe. Uma equipe jovem, com mentalidade e sonhos distintos. Atletas como o Henri, fazendo seu último jogo, ontem, pela base. Muitos subindo do 17, muitos em primeiro ano de sub-20. Mas eu acredito muito na mentalidade e força do coletivo, a estrela é a equipe, e procuro vender isso todos os dias para os atletas. Eles compraram muito a ideia. Falei para eles na palestra que mais difícil do que levantar o troféu era formar um grupo com todas essas diferenças, distinções a nível de mentalidade e maturidade. Conseguimos fazer isso em pouco tempo, é um grande mérito da comissão técnica para transformar esse grupo em um grupo vitorioso. É um mérito muito grande do Palmeiras, de forma geral.

💥️Como é gerir uma base que uma geração de jogadores é revelada atrás da outra, como foi com os campeões de 2022 e os de agora?
– Para muita gente é muito complexo, mas tanto eu quanto a comissão técnica temos uma preocupação muito grande com isso. A gente faz uma divisão entre grupos de atleta, para que a gente faça essa gestão individual. Têm uns mais próximos da equipe principal, outros vislumbrando estar lá em pouco tempo, outros um pouco mais distante, então procuramos ter esse cuidado.

– Mas a parceria com a comissão técnica da equipe principal é muito aberta, fluente, um contato diário com todos os membros, especialmente o Vitor Castanheira. Então essa transição do Palmeiras é muito bem-feita. Os que sobem para treinar no profissional, os que participam do grupo de apoio e retornam para jogar no sub-20, têm isso muito claro: é entregar o melhor independentemente do ambiente que esteja inserido, seja profissional ou base. Lidamos com isso com muita naturalidade, mas principalmente por essa transparência e comunicação muito fina entre sub-20 e principal.

Paulo Victor, técnico do sub-20, e sua comissão técnica, bicampeões da Copinha pelo Palmeiras — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras 2 de 3 Paulo Victor, técnico do sub-20, e sua comissão técnica, bicampeões da Copinha pelo Palmeiras — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras

Paulo Victor, técnico do sub-20, e sua comissão técnica, bicampeões da Copinha pelo Palmeiras — Foto: Fábio Menotti/Palmeiras

💥️O próprio Luan Campos, atacante do América-MG que passou pela base palmeirense e atuou na final, é um exemplo disso?
– Até essa questão de comparação entre uma geração e outra, entre os próprios meninos acontece muito. Esses que entraram em campo agora carregaram um peso muito grande. Parece que não, pô, ganhou ano passado, tirou o peso, mas essa comparação entre eles mesmo existe. E a gente conversa abertamente com os atletas e trabalha nesse sentido de fazer o melhor, de pensar no coletivo, do grupo sob o individuo sempre. Procuramos tirar todo o foco dessa comparação para isso.

– Em relação ao Luan, ele sai do clube logo após a nossa chegada no final de 2023. Ele ia entrar no último ano da categoria sub-20, e o Palmeiras se preocupa muito com isso. Se tem um atleta no seu último ano, que não está tendo muito espaço no clube, procuramos oportunizar e não atrasar a vida dele a nível profissional. O Luan tem muita qualidade, fez uma grande temporada e na Copinha não foi diferente. Ontem conseguimos neutralizar ele muito bem com o Edney.

💥️Qual a sensação que fica em você, na comissão técnica, ao conquistar títulos na base e lidar com essa expectativa de ver os jogadores serem promovidos ao profissional ou não?
– A projeção depende de vários fatores. Do contexto atual da equipe, o espaço para que eles possam subir. Existe uma geração que sete jogadores da Copinha estão hoje à disposição da equipe principal. Naturalmente, o espaço para ascensão desses atletas se torna menor a curto prazo. Porém, temos neste grupo que jogou a Copa São Paulo, apenas um jogador que não pode participar de contexto competitivo com o sub-20, que é o Henri. Os demais, todos podem seguir no sub-20, dando todo suporte à equipe principal quando necessário.

– Não escondo de ninguém, ano passado tínhamos uma equipe mais madura, com jogadores mais velhos, em último ano de sub-20. Acho que isso foi nítido. A gente tinha uma equipe que já vinha de um processo competitivo conosco, na reta final do Paulista, em jogos da Série A representando a equipe principal, então o nível de maturidade daquela equipe era infinitamente maior que essa. Essa, para ter noção, jogou o primeiro jogo oficial junto na estreia com a Juazeirense. Cresceu durante a competição, teve muitos ajustes durante, e eu tenho que enaltecer o trabalho da comissão técnica de construir essa equipe, de ela ganhar corpo e chegar na decisão. Óbvio que, tenho certeza, têm atletas que vão figurar na equipe principal durante a temporada. Seja com mais protagonismo, seja no grupo de apoio e suporte. Acho que o trabalho foi entregue e feito no melhor nível possível.

💥️O atacante Kevin, eleito o craque da Copinha, falou que quer fazer história no 💥️Palmeiras💥️. Você acha que o Brasil está perdendo potenciais ídolos locais?
– Eu enxergo e cultivo todos os dias, em conversas individuais ou com o grupo, esse tipo de situação. De fazer uma história no clube, de criar uma história. Isso é muito difícil de se ver hoje tanto para jogadores quanto para treinadores. Vemos uma mudança de clube muito frequente em relação aos atletas, talvez muito precoce até, mas é uma coisa que não controlamos.

– Mas eu acredito muito nesse discurso. O Kevin fala isso do coração, já me falou isso algumas vezes, ele quer crescer dentro do clube, quer fazer história aqui. É um menino que evoluiu muito na temporada. Conviveu com uma concorrência muito forte no setor em 2022, jogou em diferentes posições, fez todas as funções de ataque, e isso colaborou muito para a Copinha que ele fez agora. Jogando como beirada, ele é muito capacitado para situações de dribles e individualidades, situações que vemos cada vez menos no futebol mundial. A gente procura estimular muito essas situações também. Ele atingiu um nível de confiança interessante na competição e foi eleito com muita justiça o melhor jogador.

💥️O 💥️Palmeiras💥️ tem o "Projeto Favela", que leva uma categoria por semana para jogar em comunidades, na várzea, para estimular a liberdade do jogador. Vocês sentem que esse projeto faz diferença?
– Sem dúvida. Esse projeto envolve as categorias sub-10 a sub-14. Inclusive um dos campos do CT de Guarulhos vai virar um terrão. Acredito muito neste projeto porque ele desenvolve muitas coisas. Desenvolve essa liberdade do jogador. Eles vão para o terrão e eles mesmos escolhem o time, jogam em posições diferentes, ditam as regras do jogo. Tem faltado isso nas categorias iniciais. Que é o que tivemos lá atrás, no nosso período de atleta. Tínhamos muito a rua, os campinhos de terra, mais liberdade no dia a dia em um mundo menos violento, menos preocupante para as famílias.

– Muitas vezes, agora, o ambiente nas categorias menores se tornou muito fechado, com muitas regras, e isso não contribui para o desenvolvimento do atleta, na formação de um atleta que tenha mais características de improviso, de habilidade. Acho que o Palmeiras desenvolveu de forma pioneira esse trabalho. Temos visto nas categorias menores, e a partir do sub-15 e 16, os jogadores trazendo muita coisa boa deste projeto.

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Paulo Víctor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Marcos Ribolli 3 de 3 Paulo Víctor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Marcos Ribolli

Paulo Víctor, técnico do sub-20 do Palmeiras, bicampeão da Copinha — Foto: Marcos Ribolli

💥️Qual o futuro de PV como técnico?
– O clube hoje está muito bem servido, tem uma comissão técnica muito consolidada. Eu tenho muita tranquilidade para falar sobre isso. Já tive convites e fiz a opção de permanecer. Mas meu futuro é uma coisa que não controlo. O meu foco hoje é estar aqui, entregar o meu melhor todos os dias. É para isso que eu trabalho e levanto todos os dias, para ser o número um, e é o que vou continuar fazendo. Gasto minhas energias para dar o meu melhor ao clube. É um lugar que me sinto bem, me dá todas as condições, então temos que retribuir com muito trabalho.

💥️Como é sua relação com Abel Ferreira?
– A relação é muito boa. Sempre que pode a gente bate um papo, troca ideias sobre o jogo, sobre nuances táticas, de forma geral que envolve o jogo. O Abel é uma inspiração para mim e todos os treinadores da base do Palmeiras pela forma como conduz o dia a dia, seus atletas, sua equipe de trabalho. O Abel tem dado grandes exemplos, e cabe a nós seguir implementando essa filosofia de trabalho na base, para que essa transição seja cada vez mais suave, os atletas tenham essa mesma mentalidade. Que é também o que a gente acredita. Além do Abel, todos os outros membros da comissão nos relacionamos muito bem, trocamos ideias sobre atletas e jogo. O relacionamento que temos hoje é algo utópico no futebol brasileiro. O link é muito bem-feito, portas sempre abertas, sub-20 trabalhando diariamente na Academia.

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