Torcedor precisa entender a SAF
O modelo de Sociedada Anônima de Futebol, a tal da SAF não é único, não é uma fórmula matemática. Só entre os nacionais, há quatro diferentes: o do Vasco, o do Botafogo, o do Cruzeiro e o do Bahia. Por isso, e também por ser uma tipo de gestão relativamente novo no Brasil, não é de estranhar que os torcedores não entendam bem com essa banda toca ou, pior, que entendam mal ou confundam as coisas. O tema entrou na pauta dos debates depois que Textor negociou consigo mesmo e levou Jefinho para o Lyon e levou um belíssimo punhado de euros para o Botafogo. A falta de informação levou alguns torcedores alvinegros a ficarem indignados. Sem razão, na minha opinião. Mas eles não se sentiriam tão mal se John Textor se preocupasse em dar satisfação a quem sempre foi a razão de existir do Botafogo - e, de resto, de todos os clubes.
Jeffinho sair do Botafogo não é nenhum problema. Se em vez do Lyon de Textor fosse, por exemplo, o Barcelona a contratá-lo, os alvinegros poderiam lamentar mas aceitariam numa boa - simplesmente porque isso é normal, qualquer europeu vem aqui, abre a mala de euros e leva quem quer. O desvio de foco começa na percepção dos valores. O Botafogo comprou 60% dos direitos do atacante ao Resende por R$ 1,5 milhões. Agora, do total de R$ 55 milhões fatiados, o Alvinegro embolsa R$ 33 milhões - e se Jefinho atingir determinadas metas, o clube brasileiro ainda leva mais R$ 8,2 milhões. É um lucro estratosférico. Mesmo se não se comparar o que se investiu e o que se lucrou, o valor isolado de 33 milhões é mais do que bom para um jogador que fez uma boa temporada, mas que em termos de Europa é uma mera aposta. Nesse sentido, entendo perfeitamente a angústia de um torcedor que há algum tempo não convive com grandes ídolos - assim, quando surge uma promessa há a tendência de supervalorizá-la.
Mas o que realmente está fora da ordem é o torcedor não receber uma explicação didática do mega gestor sobre com as coisas funcionam no futebol do clube agora. Quem manda ali é Textor. Ele pode comprar, vender, doar... ele só não pode é deixar de quitar todas as dívidas do Botafogo em dez anos. Com vários times sob seu comando, ele vai olhar para o interesse de todos. Nas contas dele, Jefinho tem potencial para se valorizar mais na Europa. E o Botafogo precisa se capitalizar. Pronto, troca feita. E ninguém dá palpite.
Mas... seria de bom tom, seria um afago na torcida, seria uma demonstração mais do que merecida de apreço pelos alvinegros, que Textor desse uma entrevista explicando tudo isso, explicando que o Botafogo nunca será satélite de ninguém, que os milhões de euros que chegam serão investidos em algo bom para o clube. Transparência nunca fez mal a ninguém que não tem nada a esconder. Evita ruídos e coloca as coisas nos seus lugares devidos. Se Textor fizer isso o quanto antes, voltará a ser idolatrado e os alvinegros que hoje lhe torcem a cara são capazes até de bater palmas para a saída de Jefinho...
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