Tudo Certo 3 x 1 Tudo Errado

A final da Libertadores de 2023 foi decidida no último lance da prorrogação. Deu Palmeiras, do ali "iniciante" Abel Ferreira, podia ter dado Santos, do consagrado Cuca. Daquele ponto em diante, o Verdão traçou uma reta ascendente, que o levou a empilhar taças nas competições, a ganhar quase tudo no sub-20 e sub-17, e até a que se cogitasse seu técnico português na Seleção Brasileira. É como se o Palmeiras tivesse passado dois anos e meio fazendo tudo certo. E o Santos, que já tinha problemas administrativos, foi se afundando em opções equivocadas, quase caiu duas vezes no Paulista, sua base (que ainda é fértil) deixou de ser usada com sabedoria, a sempre paciente torcida hoje invade o CT para cobrar resultados... como se o clube tivesse passado dois anos e meio fazendo tudo errado. E nem o Rei Pelé, infelizmente, está mais conosco para apontar caminhos. Neste sábado, resumindo esse caminho oposto, Palmeiras e Santos se enfrentaram no Morumbi e o Verdão fez 3 a 1, passando por cima do Peixe.

Mais do que o placar, mais do que a vitória de um Palmeiras que é o time mais bem treinado no país, um retrato do momento do futebol dos dois rivais paulistas foi tirado no lance que originou o primeiro gol do Palmeiras, e do jogo. Bola lançada na direita do ataque do Palmeiras, muito mais ao alcance do zagueiro Eduardo Bauermann, que costuma se impor pela colocação e força física. A disputar com ele, partiu de traz o menino Endrick, 16 anos. O jovem palmeirense queria ganhar a disputa, acreditou que ia ganhar a disputa, goleou Bauermann no foco. E ganhou a disputa, que acabou em escanteio, que acabou no gol palmeirense, etc.

Outro lance sintomático foi o terceiro gol do time de Abel Ferreira. Bola longa de Marcos Rocha para Rony. Mérito do atacante em dominar uma bola difícil. Mas quase a seu lado estava o gigante Messias. Que simplesmente ficou olhando Rony girar e esperar por alguns segundos pela chegava de Giovane. A nova joia do Palmeiras, aliás, trafegou da intermediária até a meia-lua sem ser incomodado, até bater no gol.

Enquanto no Palmeiras há uma fila extremamente bem organizada de jogadores a serem promovidos ao profissional, o Santos dos Meninos da Vila (só para citar casos recentes de craques, Robinho e Neymar) não consegue achar lideranças técnicas e de vestiário para poder dar sequência à revelação de talentos. Felizmente o Peixe tem hoje à frente de seu futebol um profissional do tamanho de Paulo Roberto Falcão para evitar que, por exemplo, um talento como Ivonei (destaque na última Copinha) se queime em meio ao caos do futebol santista.

O modelo do Palmeiras é um exemplo não só para o Santos mas para todos os rivais. O glorioso alvinegro praiano é grande demais para não sair da crise atual. Vai ajudar muito se a torcida tiver paciência. Se entender que o campeonato Paulista deve ser um laboratório para Odair Hellmann dar os ajustes que tornem o Santos minimamente competitivo no Brasileiro. O problema do clube não está no campo, mas nos gabinetes. Enquanto os dirigentes não se entenderem, não se unirem, não buscarem ajuda em profissionais de gabarito em administração, o clube vai continuar patinando no mesmo lugar. Se ficar muito longe para enxergar o Palmeiras, a cartolada santista deveria prestar muita atenção no que está acontecendo no Botafogo (os dois já foram os maiores do Brasil, nos anos 60), no Vasco, no Cruzeiro, no Bahia...

Já o Palmeiras... bem, no momento a preocupação é dar uma boa ampliada no espaço da sala de troféus...

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