Opinião: demissão de Burse 13 dias após diretoria defender trabalho expõe contradições no Vitória

A demissão do técnico João Burse no último domingo, após derrota para o CSA, não deve ter surpreendido muita gente. Talvez ninguém. E não se trata apenas do que o time apresentou (ou não apresentou) dentro de campo. O treinador já estava sob pressão pelo início da temporada. 💥E a atitude da diretoria ao defendê-lo poucos dias antes só reforçou esta sensação.

+ Fábio Mota respalda João Burse no Vitória: "Não são duas partidas que vão acabar com planejamento"

João Burse, técnico do Vitória, em jogo contra o Jacobinense — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação 1 de 2 João Burse, técnico do Vitória, em jogo contra o Jacobinense — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação

João Burse, técnico do Vitória, em jogo contra o Jacobinense — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação

Treze dias atrás, o presidente do clube, Fábio Mota, concedeu uma entrevista coletiva e garantiu que Burse estava prestigiado, expressão muitas vezes usada no futebol - e que quase nunca termina em um trabalho longevo.

Aquela entrevista, no entanto, parecia indicar justamente o contrário: nenhum presidente sai por aí marcando coletiva de imprensa para dizer que o seu funcionário é o ideal para aquele posto. 💥A menos que ele não seja o ideal para aquele posto.

Naquele dia, Mota reconheceu o papel importante de Burse no acesso para a Série B em 2022, pontuou que o time estava em reconstrução e, principalmente, que os jogadores estavam fechados com o treinador. Esse último ponto, fundamental em qualquer equipe, o dirigente fez questão de destacar.

- Burse continua tendo nosso respaldo, nosso respeito. Burse pegou o clube na Série C e trouxe para a B. Trouxe o clube para a Copa da Nordeste. Não são duas partidas que vão acabar o planejamento que a gente fez. 💥️Burse é o treinador do 💥️Vitória💥️ porque a direção confia em Burse. Burse é o treinador porque tem o elenco nas mãos, está fechado com o elenco – disse o presidente do Vitória no dia 23 de janeiro.

💥Ora, 13 dias depois, o que mudou?

Fábio Mota, presidente do Vitória, em entrevista coletiva — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação 2 de 2 Fábio Mota, presidente do Vitória, em entrevista coletiva — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação

Fábio Mota, presidente do Vitória, em entrevista coletiva — Foto: Victor Ferreira / EC Vitória / Divulgação

De lá para cá, o treinador não ganhou reforços - e acabou perdendo jogadores. Principal contratação da temporada, Léo Gamalho se machucou no período e só ficou à disposição neste último jogo, contra o CSA. Outro que se juntou ao departamento médico foi o volante Rodrigo Andrade, cujo rendimento nos primeiros compromissos do ano era o melhor entre os 10 reforços contratados.

Os resultados, apesar de sem grandes evoluções, melhoraram. Até o dia da entrevista coletiva de Fábio Mota, o Vitória tinha rendimento de 44%: dois triunfos, dois empates e duas derrotas. Nos quatro jogos seguintes, aproveitamento de 50%: o time conquistou dois triunfos e perdeu duas dessas partidas.

E aqui vale lembrar que, entre as últimas duas derrotas, estava o clássico contra o Bahia fora de casa. Claro que a partida tem um peso maior, mas era, até ali, o adversário mais difícil que o Rubro-Negro enfrentava e que vive outro momento em sua história. A diretoria, então, esperava que o time que apresentou rendimento abaixo da crítica nos jogos mais fáceis fosse evoluir do dia para a noite em um clássico?

Mas toda essa análise não tem o objetivo de defender o trabalho de Burse ou apontar que o time estava no caminho certo. Há que se reconhecer que o início de temporada do Vitória é muito ruim: nada justifica a vergonhosa 7ª posição no Campeonato Baiano e no grupo A da Copa do Nordeste.

A grande questão é que, se a diretoria toma a iniciativa de respaldar o trabalho do treinador 💥, esta convicção não deveria durar apenas 13 dias ou quatro jogos.

Na verdade, a impressão deixada é de que os 13 dias de espera até a decisão pela demissão teriam sido uma tentativa de deixar perdido na memória o dia daquela entrevista coletiva. Não eram 13 dias de confiança no trabalho que evoluía, mas uma contagem regressiva até que a falta de convicção pudesse ser externada sob menos críticas.

No segundo mês da temporada, o Vitória já entra numa nova ruptura e começa a construir um novo processo. Que, desta vez, a diretoria tenha mais convicção em suas escolhas.

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