Empresa que deu calote no Corinthians é acusada de não pagar time do interior de SP: "Arrebentaram o clube"
O Bandeirante-SP junta os cacos e busca se reconstruir após viver dias de empolgação com a chegada de um patrocinador em 2022.
A Taunsa, empresa do ramo agropecuário, prometeu investir R$ 1,5 milhão no clube durante cinco meses. Um ano depois, o clube não viu um centavo do dinheiro prometido e agora convive com as cobranças de jogadores e fornecedores.
A empresa, que tem Cleidson Augusto Cruz como CEO, é a mesma que deu calote no Corinthians no ano passado. No acordo, ela arcaria o salário milionário do volante Paulinho. Na prática, sem receber nada, o Timão acionou a Justiça e cobra R$ 22 milhões do grupo.
Na disputa da terceira divisão estadual, o Bandeirante procurou a Taunsa na temporada passada pedindo patrocínio da empresa que tinha uma das suas sedes em Araçatuba, cidade cerca de 20 quilômetros distante de Birigui, local onde o clube manda os seus jogos.
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Presidente do Bandeirante e CEO da Taunsa em acordo de patrocínio ao clube — Foto: Divulgação
A proposta inicial, sugerida pelo clube, era de um patrocínio válido por até cinco meses com aporte de R$ 114 mil mensais, valor exato da folha salarial do clube. A resposta supreendeu. A Taunsa se comprometeu a investir R$ 300 mil por mês para ajudar na montagem de um elenco competitvo na busca pelo acesso à Série A2 do Campeonato Paulista.
– Ele (Cleidson) não pagou, sempre segurei a onda desse cara. Esse cara arrebentou o Bandeirante no meio, mudou todo o projeto do Bandeirante. Tínhamos um projeto pés no chão, esse cara veio com um monte de coisa fantasiosa. Nós mudamos todo o projeto na loucura de transformar o clube em empresa, fazer no clube a base, e ele simplesmente arrebentou a gente.
– Estamos trabalhando com muita dificuldade, contraímos dívidas, não sei se é maldade o que ele fez, o que ele pensa. Ele tem culpa porque mudou nossa forma de trabalhar. Não sei o que vou fazer para recuperar o clube depois dessa passagem da Taunsa. O Corinthians é fácil, tem 30 patrocinadores, tira a Taunsa e tem outros 50. O clube pequeno não tem isso. O que mais revolta a gente é ver o cara patrocinando uma corrida de rua em São Paulo. Passar o que passei e ver isso é o fim do mundo – disse Ademir Wellinton de Oliveira, presidente do Bandeirante.
Apesar dos problemas no pagamento dos acordos firmados no futebol, a Taunsa foi a principal patrocinadora do XXV Troféu Cidade de São Paulo, competição de corrida de rua que tradicionalmente é disputada no dia 25 de janeiro e celebra o aniversário de São Paulo.
2 de 5 Cleidson Augusto Cruz, CEO da Taunsa, assina contrato de patrocínio com a Taunsa — Foto: DivulgaçãoCleidson Augusto Cruz, CEO da Taunsa, assina contrato de patrocínio com a Taunsa — Foto: Divulgação
Cleidson, CEO da Taunsa, negociou pessoalmente o patrocínio ao Bandeirante, posando para fotos com a camisa do clube e assinando o contrato, que acabou não sendo cumprido.
Ao todo, a Taunsa se comprometeu a investir R$ 1,5 milhão no Bandeirante. O valor era dividido em R$ 300 mil por cada um dos cinco meses que o clube disputaria a Série A3 do Campeonato Paulista, levando em conta a classificação para a fase final do estadual. Como caiu na primeira fase, encerrando a fase de classificação em nono lugar, o time de Birigui teria o direito a apenas três meses do patrocínio, ou seja, R$ 900 mil.
– Sofri muito psicologicamente, acabei sendo a pessoa que ficou à frente recebendo as cobranças. E o cara dizendo que ia pagar tal dia e todo mundo descendo a marreta nele, mas eu confiava nele. Ouvi muita besteira por causa dele, as pessoas te ofendem e humilham. Ele fez não só um estrago no Bandeirante, mas também na minha vida emocional. Infelizmente não sei o motivo de ter feito isso, era só falar não – revelou o presidente do time do interior paulista.
3 de 5 Presidente do Bandeirante e CEO da Taunsa com contrato de patrocínio — Foto: DivulgaçãoPresidente do Bandeirante e CEO da Taunsa com contrato de patrocínio — Foto: Divulgação
Sem calendário no restante de 2022, o Bandeirante seguiu buscando alternativas de receber o valor devido pela Taunsa e sanar as dívidas com jogadores e fornecedores. Sem sucesso, o clube decidiu negociar a dívida com uma empresa especializada em cobrança por R$ 300 mil. A quantia, no entanto, não foi suficiente para acabar com as pendências financeiras.
Nesta temporada, o Bandeirante retomou a filosofia pés no chão com a montagem de um elenco modesto, com folha salarial na casa dos R$ 100 mil mensais. O time, comandado pelo ex-atacante Paulinho McLaren, ocupa a quinta colocação da Série A3 após cinco rodadas. Foram duas vitórias, dois empates e uma derrota. Os oito melhores classificados avançam para a segunda fase.
4 de 5 Bandeirante exibiu marca da Taunsa na camisa e no estádio Pedro Marin Berbel durante disputa da Série A3 em 2022 — Foto: Alex Bertaglia/Bandeirante ECBandeirante exibiu marca da Taunsa na camisa e no estádio Pedro Marin Berbel durante disputa da Série A3 em 2022 — Foto: Alex Bertaglia/Bandeirante EC
A reportagem do ge procurou a Taunsa para ouvir a versão da empresa, mas até a publicação da reportagem não obteve resposta.
O Corinthians acionou a Taunsa na Justiça, ainda em dezembro de 2022, para tentar receber os cerca de R$ 22 milhões devidos pela empresa em relação a um acordo não cumprido de patrocínio. O Timão obteve uma carta de confissão de dívida do dono da empresa, na qual prometeu arcar com os R$ 18 milhões do patrocínio corrigidos. A promessa era do início da quitação da dívida até o fim de novembro.
A expectativa do Corinthians era utilizar todo o dinheiro proveniente da Taunsa para arcar com os salários do meio-campista Paulinho. Mesmo sem receber da empresa, o clube diz que segue pagando o jogador em dia.
5 de 5 Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, e Cleidson Augusto Cruz, CEO da Taunsa — Foto: Felipe Szpak / Ag. CorinthiansDuilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, e Cleidson Augusto Cruz, CEO da Taunsa — Foto: Felipe Szpak / Ag. Corinthians
Por conta do imprevisto, o Timão suspendeu no início de abril todas as entregas publicitárias da Taunsa, como ações em redes sociais, exposição da marca em placas, entre outras.
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