"Zé de 5" e "Menino de 8": entenda as mudanças táticas no Palmeiras após saídas de Danilo e Scar

Ainda sem reforços, o Palmeiras vai se adaptando neste começo de temporada a uma nova organização em seu meio de campo. Danilo, que era peça fundamental no esquema de Abel Ferreira, deixou o clube e uma lacuna em sua posição.

E enquanto são debatidas possíveis contratações, o treinador palmeirense é didático ao falar sobre o que mexeu no time.

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– Para ser muito sincero. Pegamos o Zé Rafael e estamos fazendo ele um Danilo. Pegamos o Menino e estamos fazendo ele um Zé, só que do lado contrário. O substituto do Danilo foi o Zé, e o substituto do Zé tem sido o Danilo – explicou após a vitória em cima da Inter de Limeira, na última quinta-feira.

Abel Ferreira no treino do Palmeiras na última semana — Foto: Cesar Greco/Palmeiras 1 de 2 Abel Ferreira no treino do Palmeiras na última semana — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Abel Ferreira no treino do Palmeiras na última semana — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

O 💥️ge analisou com Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, as mudanças deste novo Palmeiras. São duas as principais: a mudança de posicionamento de Zé Rafael e a nova movimentação de Gabriel Menino.

O próprio Menino confidenciou uma conversa com Abel Ferreira, onde o treinador fala que seu time não teria mais "um 5 e um 8, mas, sim, dois 8". O treinador optou por deixar Zé Rafael mais recuado e explicou o motivo.

– Há dois tipos de 5. O 5 caçador, que anda para todo lado, e o 5 de guarda, que sabe ficar posicionado, sabe fazer o triângulo na frente dos zagueiros. E ele, nos últimos anos, o Zé começou a ler muito bem o jogo. Ele sabe quando tem que marcar o espaço e quando tem que marcar o homem. Bendita a hora que decidimos recuar ele um pouquinho – disse Abel na quinta-feira.

– O Zé sabe que tem liberdade para chegar na área quando o jogo pedir ou soltar mais o Menino, que não é tão rigoroso nisso – completou o treinador.

Nesta sexta-feira, na reapresentação do elenco, Zé Rafael falou sobre sua nova função.

– É mais um ano de adaptação para mim com a saída do Danilo. A gente fez alguns testes e está tentando encontrar a melhor solução para o nosso meio de campo. Acho que tenho feito esta função de uma maneira eficiente, me adaptando a esse novo estilo de jogo e desempenhando o meu melhor – disse o meia.

Zé Rafael em ação pelo Palmeiras contra a Inter de Limeira — Foto: Cesar Greco/Palmeiras 2 de 2 Zé Rafael em ação pelo Palmeiras contra a Inter de Limeira — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Zé Rafael em ação pelo Palmeiras contra a Inter de Limeira — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Ofensivamente, a produção do Palmeiras continua sendo boa neste período de reorganização do meio-campo. Contra a Inter de Limeira, o Verdão finalizou 28 vezes. E parte do que explica isso é a "construção 3-2" que Abel Ferreira comenta.

– O Rocha é outro jogador muito inteligente. Uma vez é ele quem ataca a profundidade, outra vez é ele quem vai por dentro, quase como um meia, quando o Menino chega na área. Assim temos uma cobertura por espaço, fazendo uma construção 3-2, com Rocha e Zé – falou o português.

Veja nos dois campinhos abaixo como funciona a construção 3-2. Quase como um pêndulo, variando de acordo com o lado que a bola está. 💥️Abaixo, a situação acontece na direita.

Se fosse do outro lado, Piquerez vira o 2 ao lado de Zé Rafael na saída de bola, e Marcos Rocha se segura mais na direita. E tudo isso dentro do jogo posicional do Palmeiras. Rony neste caso, se espeta na direita esperando uma infiltração na área ou a inversão de jogo.

No campinho abaixo a saída acontece pela esquerda, como foi no gol de Piquerez na quinta-feira. Dudu puxa para a ponta, e o lateral aproveita o espaço no meio para finalizar da entrada da área e marcar.

– Como o Marcos Rocha joga mais por dentro, naquela saída de três com o zagueiros, o Menino tem liberdade para buscar a bola como um lateral e abre espaço para a chegada do Zé. O mesmo acontece pelo lado esquerdo. É uma nova saída de bola para aproveitar mais o potencial desses dois camisas 8 – analisa Leonardo Miranda.

Dono da melhor defesa do Paulistão, o Palmeiras ainda tem ajustes defensivos a serem feitos, como analisou Piquerez e o próprio Abel. Na posição de Danilo, Zé Rafael e Menino se revezam, como analisa Leonardo Miranda:

– Abel dá liberdade para Menino inverter com Zé: enquanto um fica, o outro vai. A regra é sempre se revezarem na função de cobertura (camisa 5) e na função de apoio ao ataque (camisa 8). Por isso Abel fala que o time vem jogando com "dois camisas 8": os dois têm característica de apoio e passe. Para o time não ficar desprotegido, eles se revezam nesse papel: se um vai, o outro fica.

No jogo contra a Inter, a solução foi fixar mais Marcos Rocha atuando quase como um meia.

– Algumas dessas transições (que sofremos) foram de erros não forçados, de passes não forçados. Na segunda etapa corrigimos com o Rocha um pouquinho mais por dentro, dando mais proteção sem a bola e dando liberdade ao Menino chegar na área, como chegou. Quando tínhamos o Rony aberto e o Menino subindo, o Rocha fica por dentro – disse Abel na coletiva.

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Nos contra-ataques sofridos, o Palmeiras depende de bons posicionamentos para evitar a subida do adversário e, além disso, o "sacrifício" dos jogadores.

– Para ganhar jogos, podemos ganhar jogos a qualquer altura, mas para ganhar títulos é preciso do sacrifício de todos, sobretudo dos que jogam mais para frente. Se esses jogadores ajudarem a defender, vamos estar muito mais pertos de ganhar – finalizou o técnico.

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