Teddy Riner treina no Flamengo em meio à paixão pelo Rio e aos planos para o Carnaval
Sobre o tatame do ginásio do Flamengo, na Gávea, todos se reúnem em volta do astro maior. Mas Teddy Riner, com três ouros olímpicos e dez títulos mundiais no currículo, se mostra à vontade em meio aos olhares. Em uma manhã quente no Rio, o francês não se abala nem mesmo com o calor abafado do espaço cheio de gente. O mais vitorioso judoca da história parece em casa. E, de certa maneira, está.
Teddy Riner desembarcou no Rio de Janeiro nesta semana. É o segundo ano consecutivo que vem à cidade para um de seus campings que costuma fazer durante cada temporada. A escolha não é à toa. Na capital carioca, conquistou um ouro olímpico, em 2016, e dois títulos mundiais, em 2007, seu primeiro, e 2013. Um vínculo tão forte que o motivou a buscar seu próprio espaço por aqui.
- Eu tenho um apartamento aqui. Comprei um apartamento porque amo esse país. É em Copacabana. Eu acho que quando você tem uma história particular com um país, uma cidade como o Rio, a gente acaba se apaixonando. E, de repente, eu me deixei tentar. E eu amo, fico feliz de vir com a minha família passar férias e aproveitar o Rio.
1 de 3 Teddy Riner treina no ginásio do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/CRFTeddy Riner treina no ginásio do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/CRF
O judoca nasceu em Guadalupe, pequeno território francês no Caribe, enquanto seus pais passavam férias no lugar. Foi para França ainda com poucos meses de idade, mas hoje vive na ilha onde nasceu. O clima próximo ao de casa e tão distante do frio europeu nessa época do ano o deixa ainda mais à vontade no Rio. Mas não só isso. Durante a passagem, Riner espera aproveitar, também, os dias de Carnaval.
- É a primeira vez que venho durante o Carnaval. Eu vejo, observo a preparação. Não tenho planos, isso está claro, mas tenho amigos aqui que já me disseram: “Vamos conhecer o Carnaval”. Quero muito ver, porque sempre vi as notícias, mas estou aqui e espero viver o carnaval aqui dentro e ver o que tem de diferente do meu país em Guadalupe. Vamos tirar um tempinho. É um prazer estar aqui, um prazer conhecer o Carnaval estando aqui.
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Riner tem planos de buscar uma nova medalha olímpica em 2024. Aos 33 anos, já não é o judoca imbatível do passado. Precisou enfrentar lesões e passou a encarar o sabor amargo da derrota com uma frequência incomum a quem ostentou uma invencibilidade de dez anos. Ainda assim, tem vigor suficiente para sonhar com um novo pódio em Paris.
2 de 3 Teddy Riner se rendeu à paixão pelo Rio e comprou apartamento em Copacabana — Foto: Alexandre Vidal/CRFTeddy Riner se rendeu à paixão pelo Rio e comprou apartamento em Copacabana — Foto: Alexandre Vidal/CRF
- Acho que pra todo atleta, viver as Olimpíadas em casa, é algo extraordinário. E eu vou passar por isso. Eu me deixei tomar pela magia dos Jogos Olímpicos e me perguntei: será que vou conseguir ganhar uma medalha, será que vou ter essa sorte? De todas as formas, estou me preparando para isso. Meu objetivo principal é a medalha de ouro, como sempre foi, e conquistá-la em casa é algo que me fascina. Para mim, é uma maneira de agradecer minha família e meus amigos, todas as pessoas que sempre me acompanharam durante toda a carreira – disse.
O judoca se diz feliz por fazer seu camping no Flamengo. “Já transitei por muitos países e sempre vi essa camisa. Então, sei que é um grande clube”, diz. Os treinos vão até a próxima quinta-feira, quando o judoca viajará de volta para casa. Até lá, também vai buscar absorver o máximo possível de uma arte brasileira: o jiu-jitsu.
- Por que a gente vem aqui atrás do jiu-jitsu brasileiro? Por causa das transições, da luta em pé para a luta no solo, nos permite aprimorar a técnica, ganhar velocidade e vencer mais rápido no chão. O jiu-jitsu brasileiro agrega muita técnica para performar melhor no chão.
A troca de experiências, porém, também vale muito para quem o acompanha. Teddy Riner diz gostar de orientar e conversar com os outros judocas em momentos como esse.
3 de 3 Teddy Riner sonha com medalha nos Jogos de Paris — Foto: Alexandre Vidal/CRFTeddy Riner sonha com medalha nos Jogos de Paris — Foto: Alexandre Vidal/CRF
– Para mim é natural, seja na França ou qualquer lugar que eu treino no mundo. Quando eles me perguntam de detalhes, de questões técnicas, eu passo com prazer. Se eu puder agregar de alguma forma e passar minha experiência, eu faço com muito prazer.
Os campings até Paris não vão se restringir ao Rio. Riner planeja um novo período de treinos em breve no Japão. No ano passado, sofreu uma lesão no tornozelo que o tirou do Mundial do Uzbequistão, em outubro. Agora, tenta voltar ao melhor ritmo.
- Eu me sinto bem, venho de uma lesão que foi muito complicada para mim. Foram quatro meses para me recuperar. Hoje, retomar as competições, continuar a minha preparação no Brasil e depois, em breve, no Japão, é algo incrível. Ter todas essas condições para poder me preparar bem para os Jogos Olímpicos é legal. Fisicamente, eu me sinto bem e isso é essencial. Poder amar ainda o que eu amo, que é o judô, me preparar, treinar, estar feliz ao acordar de manhã. É isso.
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