Copa do Brasil vira "Copa do Mundo" para times menores de olho nas premiações das fases

A Copa do Brasil é a chance de um time ganhar na loteria com a premiação de cerca de R$ 90 milhões. Mas sonhar com o título não é para todos. A partir desta terça-feira, três grupos diferentes de equipes começam a trilhar seus caminhos na 35ª edição da competição.

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Os grupos 1 e 2 têm as equipes de Série A (que não estão na Libertadores) e Série B, com uma pequena parcela que realmente vai lutar pela taça – os que estão na Libertadores entram só na terceira fase. Mas é com as equipes do grupo 3 (das Séries C e D e os que não possuem divisão nacional) que só a participação no torneio já fará uma grande diferença nas contas e no futuro.

– A Copa do Brasil, principalmente para nós do interior, é como uma Copa do Mundo – revelou Alysson Souza, vice-presidente do Marília Atlético Clube, do interior de São Paulo.

O MAC, como é conhecido, lidera a a Série A3 do Paulista, equivalente à terceira divisão estadual. No começo deste século, o clube chegou a ser frequentador assíduo de divisões nacionais, flertando com o acesso à Série A em 2023.

Jogar apenas sua segunda Copa do Brasil é sinônimo de esperança. Na quarta-feira, o Marília recebe o Brusque, clube da Série C, no Abreuzão. A classificação renderá R$ 1,65 milhão aos cofres do clube (garantiu R$ 750 mil só pela participação).

Abreuzão, estádio do Marília, no interior de São Paulo — Foto: Globo 1 de 5 Abreuzão, estádio do Marília, no interior de São Paulo — Foto: Globo

Abreuzão, estádio do Marília, no interior de São Paulo — Foto: Globo

– A participação já é significativa na primeira fase. Mas a passagem do Marília da primeira para a segunda fase representa quase dois anos de orçamento. Na atual situação em que estamos, em um processo de reformulação, uma competição como a Copa do Brasil significa a melhor lavoura para o clube – disse Alysson.

– Tem histórias de clubes que até construíram estádios por ter chegado na quarta fase. Para nós, três fases na competição representa um ressurgimento do clube – afirmou o dirigente.

O Marília é dirigido pelo ex-centroavante Guilherme, nascido na cidade e com passagem marcante pelo Atlético-MG.

– Pode ser uma retomada, pode ser um divisor de água na história do MAC. A gente sabe da dificuldade do jogo, mas pode ser uma partida que vira a “chave”, que faça o Marília retomar, para chegar à primeira divisão do Paulista. Esperamos que o Marília esteja rapidamente nas primeiras divisões nacionais – projetou Guilherme.

Guilherme Alves, ex-jogador e atual técnico do Marília — Foto: Globo 2 de 5 Guilherme Alves, ex-jogador e atual técnico do Marília — Foto: Globo

Guilherme Alves, ex-jogador e atual técnico do Marília — Foto: Globo

Além do MAC, outro clube do grupo 3 do estado de São Paulo é o São Bernardo. O time do ABC Paulista vai jogar sua terceira Copa do Brasil, nove anos depois de sua última participação, em 2014. De lá para cá, tanto a competição nacional quanto o São Bernardo mudaram de patamar.

Na época, o clube não estava em nenhuma divisão nacional. Em 2023, disputará pela primeira vez a Série C, e vive o melhor momento de sua história. O Bernô é dono da segunda melhor campanha do Paulistão na atual temporada, atrás apenas do Palmeiras.

A ascensão esportiva começou em 2023, quando a equipe subiu para a principal divisão do futebol paulista e para a Série D. Dois anos antes, o Grupo Magnum Relógios adquiriu o clube.

– O futebol é um esporte extremamente caro de se fazer. Qualquer arrecadação que venha para o orçamento é de bom grado. Uma classificação na Copa do Brasil já impacta no segundo semestre do São Bernardo – revelou o CEO do clube, Lucas Andrino.

Na estreia desta edição, o São Bernardo recebe o Náutico, da Série C, no próximo dia 1º, no estádio Primeiro de Maio. É mais uma noite capaz de auxiliar em um segundo semestre inteiro, podendo coroar uma temporada histórica.

Lucas Andrino, CEO do São Bernardo — Foto: Globo 3 de 5 Lucas Andrino, CEO do São Bernardo — Foto: Globo

Lucas Andrino, CEO do São Bernardo — Foto: Globo

Em 2022 aconteceu algo parecido com o Mirassol. O time do Oeste Paulista eliminou o Grêmio na primeira fase do torneio e, no segundo semestre, subiu pela primeira vez para a Série B. Mas, nesse caso, o dinheiro da premiação não foi destinado à manutenção e aprimoramento do elenco.

– O nosso orçamento em 2022 já estava pensado, inclusive, para a Série C. O dinheiro da premiação da Copa do Brasil não surtiu um impacto financeiro no clube. Existiu, sim, para os jogadores, que receberam uma bonificação – disse Edson Ermenegildo, presidente do Mirassol.

Se o dinheiro por ter chegado à segunda fase da competição não entrou diretamente no futebol do clube, o Mirassol contou com outro fator que a Copa do Brasil agrega aos times que a disputam: o alcance publicitário.

– O Brasil todo acompanhou a partida contra o Grêmio. A exposição da marca do Mirassol Futebol Clube, e dos patrocinadores que acompanham o clube, com as suas publicidades na camisa, foi muito importante. A diferença de disputar um regional contra clubes paulistas e uma partida contra o Grêmio pela Copa do Brasil é o alcance que isso gera – explicou Ermenegildo.

O patamar do Mirassol, que jogará sua primeira Série B da história em 2023, é muito próximo dos outros clubes de São Paulo que estão na Copa do Brasil e na mesma divisão nacional: Ituano, Botafogo-SP e Ponte Preta.

No caso do Botafogo-SP, o time também estreia no próximo dia 1, contra o Parnahyba, no Piauí. Caso consiga se classificar e avançar na competição, o dinheiro da premiação pode ajudar o clube no decorrer da temporada.

– Passar da primeira fase não representa uma sobra tão significativa aos cofres do Botafogo. Mas a partir da segunda fase, sim, é um orçamento adicional para o clube que pode ajudar e muito a gente investir mais na Série B – disse Adalberto Baptista, presidente do clube.

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Adalberto Baptista, presidente do Conselho Administrativo da Botafogo S/A — Foto: Carlos Trinca/EPTV 4 de 5 Adalberto Baptista, presidente do Conselho Administrativo da Botafogo S/A — Foto: Carlos Trinca/EPTV

Adalberto Baptista, presidente do Conselho Administrativo da Botafogo S/A — Foto: Carlos Trinca/EPTV

Desde que a Copa do Brasil passou a ter equipes que disputam a Libertadores, ficou ainda mais difícil para clubes de orçamento menor vencer a competição como outrora fizeram, casos de Santo André, em 2004, e Paulista, em 2005, exemplos de times de São Paulo.

Se esportivamente a vida dos clubes menores se dificultou nesse processo, hoje um dos principais interesses desses times é o dinheiro que a competição pode gerar e ajudar em outros campeonatos.

– É muito democratico. Na mesma competição você tem um time da A3 do Paulista, você vai ter São Paulo, Flamengo, Palmeiras, os da Série B, do Norte, do Nordeste… É um torneio diferente por essa democracia do futebol – ressaltou o técnico do Marília.

Para o presidente do Botafogo-SP, é a oportunidade de ouro para algumas equipes começarem a figurar em competições nacionais.

– Eu só fui estudar sobre o Parnahyba, ver onde era o estádio, capacidade, depois do sorteio. Têm muitos times que tiveram poucas participações até na própria Série D, e vão para a Copa do Brasil com chances de enfrentar equipes da Série B, como é o nosso caso – disse.

– Todos os grandes disputando, almejando o título. E nós também, sonhando, fase a fase e eliminando o máximo de equipes que a gente conseguir. É uma competição que tem um peso muito grande para o São Bernardo – contou Lucas Andrino, que gere o futebol da equipe do ABC.

A CBF vai distribuir uma premiação recorde na Copa do Brasil 2023. Serão R$ 420 milhões divididos entre a primeira fase até a final. O campeão leva R$ 70 milhões e o vice R$ 30 milhões, sem contar o valor acumulado das outras fases.

Uma mudança significativa foi no critério de premiação aos clubes, que agora passarão a ganhar de acordo com a divisão do Campeonato Brasileiro que disputam. Os clubes sem divisão nacional receberão o mesmo valor do pote dos clubes das Séries C e D 💥️(veja na tabela abaixo).

O campeão da Copa do Brasil acumulará R$ 91,8 milhões se vier desde a primeira fase e fizer parte do grupo 1; R$ R$ 91,35 milhões se fizer parte do grupo dois, ou R$ R$ 90,35 milhões se vier do grupo 3. Se o campeão for uma das 12 equipes que iniciarão a partir da terceira fase, o prêmio acumulado em caso de título será de R$ 88,7 milhões.

Tabela com as cotas de premiação da Copa do Brasil 2023 — Foto: Reprodução 5 de 5 Tabela com as cotas de premiação da Copa do Brasil 2023 — Foto: Reprodução

Tabela com as cotas de premiação da Copa do Brasil 2023 — Foto: Reprodução

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