Análise: perdido desde a escalação, Bahia mostra destempero e desequilíbrio contra o Sport
Se a derrota por 3 a 0 para o Fortaleza mostrou as sérias dificuldades do Bahia para enfrentar adversários mais equilibrados, a goleada por 6 a 0 para o Sport, na última quarta-feira, escancarou ainda mais os problemas do Tricolor. E quem tinha dúvidas, agora não tem mais: o Tricolor está muito distante de apresentar um futebol que dê alguma segurança em um ano de retorno à Série A e de disputa de competições de nível mais elevado.
A vulnerabilidade do Esquadrão pode custar a classificação na Copa do Nordeste, uma vez que Bahia é o lanterna do Grupo B com apenas quatro pontos em cinco rodadas, a três do G-4 (faltam apenas três jogos para a conclusão da primeira fase). O saldo negativo é de oito gols.
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Luciano Juba comemora gol em Sport x Bahia — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Para enfrentar o Sport, o técnico Renato Paiva fez quatro mudanças em relação ao time que venceu o Atlético de Alagoinhas, na rodada anterior da Copa do Nordeste. Nenhuma delas deu resultado ou se justificou.
Na lateral esquerda, o jovem Ryan entrou no lugar de Matheus Bahia. No meio de campo, o treinador promoveu a estreia de Cauly e a entrada de um outro jovem, Miqueias, nos lugares de Patrick Verhon (garoto promovido ano passado) e Mugni, respectivamente. No ataque, Everaldo foi o titular da vez em detrimento de Ricardo Goulart.
Vale ressaltar que o treinador também mexeu bastante na equipe para enfrentar o Carcará. Se no início da temporada o Bahia tinha um time titular conhecido pelo torcedor, a história agora é outra. E a impressão passada nas atuações do Tricolor é de que as constantes mudanças enfraqueceram ainda mais o time.
Nesta quarta-feira, o sistema defensivo apresentou o que seria comum ao longo de toda a partida: as falhas na saída de bola. Em menos de cinco minutos, o time já tinha cometido dois grandes vacilos com o zagueiro Raul Gustavo e com o goleiro Marcos Felipe. E o gramado encharcado também não ajudou o time, que ainda assim manteve a estratégia de sair jogando com a bola no chão.
Além disso, a bola em profundidade continuou sendo um ponto vulnerável da defesa tricolor. Em uma dessas jogadas, Raul Gustavo ainda errou o corte de calcanhar, na marca do pênalti, e Marcos Felipe precisou fazer uma excelente defesa para manter o empate.
E tudo piorou aos 14 minutos do primeiro tempo. Ryan tentou fazer jogada individual na frente da área, perdeu a bola para Jorginho e precisou fazer a falta. Como era o último homem da defesa tricolor na jogada, o lateral-esquerdo terminou expulso. Na cobrança da bola parada, Luciano Juba contou com contribuição de Marcos Felipe e abriu o placar.
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Em 17 minutos de primeiro tempo, o Bahia perdia o jogo por 1 a 0 e tinha que correr atrás do placar com um jogador a menos. Para voltar a contar com um lateral-esquerdo no jogo, Renato Paiva promoveu a entrada de Matheus Bahia no lugar de Jacaré. Em desvantagem, o Tricolor ainda teria que jogar com um atacante a menos.
Com sinais de abatimento pela expulsão e gol sofrido, o Bahia passou a ser ainda mais pressionado pelo Sport. O Tricolor também mostrou destempero e levou cartões amarelos em sequência após a expulsão: Everaldo, Acevedo, Raul Gustavo e Miqueias.
E não demorou para o Leão da Ilha aumentar a vantagem. Em 23 minutos de jogo, outra falha decisiva: Raul Gustavo colocou o braço na bola dentro da área, o árbitro marcou pênalti, e Juba converteu a cobrança.
2 de 2 Bola bate na mão de Raul Gustavo e é marcado pênalti em Sport x Bahia — Foto: Marlon Costa/Pernambuco PressBola bate na mão de Raul Gustavo e é marcado pênalti em Sport x Bahia — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Com dois gols a seu favor, o Sport diminuiu o ritmo. Foi a vez de o Tricolor dar a largada em busca do ataque, algo que parecia impossível nos primeiros 25 minutos. A desorganização na fase ofensiva, no entanto, foi outro problema na péssima noite do Bahia na Ilha do Retiro.
O terceiro gol do Sport expôs ainda mais a fragilidade defensiva do time comandado por Paiva. Um cruzamento de Luciano Juba encontrou Jorginho, que recebeu a bola entre Raul Gustavo e Matheus Bahia (ambos muito distantes) e ganhou de Marcos Felipe para balançar a rede.
Para o segundo tempo, Renato Paiva tirou o atrapalhado zagueiro Raul Gustavo, que já tinha cartão amarelo, para a entrada de David Duarte, além de Acevedo, que saiu para a entrada Mugni. No setor ofensivo, Biel entrou na vaga de Everaldo. A aposta em um ataque mais leve para superar a inferioridade numérica dentro de campo, porém, não funcionou.
O Sport assustou em rápido avanço ofensivo com direito a drible de Vagner Love em David Duarte e finalização para defesa de Marcos Felipe. No início do lance, Matheus Bahia foi quem cometeu o erro e facilitou o contragolpe adversário.
Na segunda chance do centroavante, desta vez pelo alto, o goleiro tricolor não teve como fazer a defesa, e o quarto gol do clube pernambucano foi marcado. Desta vez, Marcos Victor deu liberdade ao atleta adversário na pequena área.
A dificuldade do Bahia de sustentar suas linhas defensivas para proteger Marcos Felipe ainda rendeu outros dois gols do adversário, que foram anulados pela arbitragem, e um tento legal de Sabino, após cobrança de escanteio, já nos acréscimos. No fim das contas, o revés de 6 a 0 foi muito pouco diante do futebol apresentado pelo Tricolor.
O início de 2023 do Bahia foi animador: após venda de 90% da SAF ao Grupo City, veio a contratação de comissão técnica europeia e os investimentos em reforços milionários.
Em campo, o início até que foi bom, tanto que a classificação no Campeonato Baiano foi relativamente tranquila. Na Copa do Nordeste, porém, o Tricolor só jogou bem na estreia, diante do Sampaio Corrêa, mas o ataque não foi efetivo, e uma falha individual do goleiro Marcos Felipe ocasionou a derrota por 1 a 0.
Desde então, Renato Paiva só conseguiu vencer o Atlético de Alagoinhas, por 2 a 1, depois de realizar inúmeras mudanças no time para a disputa do jogo e de sofrer o segundo tempo inteiro para sustentar o resultado positivo.
O empate contra o Ferroviário, por 2 a 2, em plena Fonte Nova, confirmou que o Tricolor precisava melhorar defensivamente, mas as goleadas para Fortaleza e Sport expuseram que o desequilíbrio não é apenas defensivo - o ataque tem caído de rendimento jogo após jogo.
Paiva se defendeu ao longo da temporada com a afirmação de que o Tricolor criava muitas chances de gol. Ao tentar equilibrar a sua defesa, no entanto, parece que o treinador se perdeu no setor ofensivo. Além disso, os erros lá atrás continuaram a acontecer.
Para se salvar no Nordestão e buscar o G-4 que se garantirá nas quartas de final, o Bahia tem que vencer os três jogos restantes da primeira fase: o clássico Ba-Vi, contra o Vitória, além do Fluminense-PI e do CRB. Antes disso, voltar a jogar de forma equilibrada é fundamental.
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