A Locomotiva descarrilhou...

Comentei neste domingo para o Premiére um dos jogos decisivos da última rodada da primeira fase. Duelo que valia a permanência na elite paulista. Para a anfitriã Ferroviária, bastava uma vitória simples diante da Inter de Limeira para seguir na principal divisão do Estado - um empate só serviria numa improvável combinação de resultados. À visitante, a Inter-SP, bastava o empate - até com derrota o time só cairia noutra improvável combinação de placares. Mesmo em casa, com a Fonte Luminosa recebendo mais de 11 mil torcedores, a Ferroviária de Elano foi incapaz de fazer um golzinho. Terminou 0 a 0 o duelo, e com as vitórias de Ituano e Portuguesa, a Ferroviária, que estava desde 2016 na elite, foi rebaixada de mãos dadas com o São Bento - que perdeu em casa para o Bragantino.

O jogo foi, obviamente, exatamente como eu esperava e previ no comentário inicial, antes de a bola rolar. Apenas um time não podia perder - a Ferroviária, que portanto atacaria todo o tempo mas estaria tensa, pressionada, bola queimando o pé, com medo de um contra-ataque. Apenas a um time o empate servia sem outras combinações - a Inter-SP, que portanto deixaria a bola com a Ferroviária, iria com uma linha de cinco zagueiros, pouco passaria do meio do campo, e além de rebater bolas só se preocuparia especificamente com John Kennedy. E foi exatamente tudo isso que aconteceu em campo.

O time de Elano, como era de se imaginar, começou tenso. Não arriscava, só dava passes com segurança, mas isso tornava seu jogo mais lento, para alegria de Pintado e seus comandados. Nem a notícia do gol do Ituano muito cedo, que acabava com as chances da Ferroviária de se manter na elite com um empate, fez a Ferroviária acelerar. No primeiro tempo inteiro, anfitriã teve uma chance clara apenas. Pela esquerda, John Kenedy escorou a carga do primeiro zagueiro, passou de passagem pelo segundo e, já na área, rolou para o chute de Antônio Gabriel. Que entraria, se o zagueiro João Paulo não se atirasse à frente e desviasse a escanteio.

No segundo tempo, a entrada de Matheus Lucas até deu um pouco de trabalho aos zagueiros da Inter - ele é forte, escora bem a zaga e entrou com muita força. Mas não era uma construção ofensiva, era um abafa só, tanto que o goleiro Léo Vieira só trabalhou dando socos nas bolas que vinham pelo alto. Por pelo menos duas vezes em contra-ataques, a Inter de Limeira saiu na cara do gol e desperdiçou. Tardiamente, Elano colocou Álvaro e a Ferroviária começou a ter um jogo um pouco mais aproximado - mas com menos tempo para executá-lo.

No início dos acréscimos, a bola do jogo. Em mais uma bola na área, a defesa da Inter teve o único cochilo do jogo. A bola vinha no alto, com um zagueiro na pequena área e quatro da Ferroviária em condições de jogo, de frente para o gol, para apenas empurrar para a rede e se manter na elite. Mas justo ele, o brilhante John Kennedy, num dia muito abaixo do que se espera, na hora de decidir, afobou-se e, de costas, desequilibrado, tocou de cabeça para fora.

A Ferroviária não caiu ontem. Caiu no planejamento de elenco mal, feito, na troca de comando no meio do campeonato, na incapacidade de conseguir mais do que duas escassas vitórias no campeonato... e, pra fechar, caiu porque não conseguiu fazer um golzinho na Inter de Limeira, que é um time apenas muito brioso. Quando um time termina na lanterna, esse dado berra mais do que qualquer comentário. Mas, a despeito da tristeza do momento, a Ferroviária tem uma Série D nacional pela frente, e em 2024 tem o exemplo atual da Ponte Preta, que está fazendo uma bela A2, para se reerguer.

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