Alterações climáticas e sustentabilidade: o papel fundamental das seguradoras na gestão da crise &

O contencioso de seguros tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos. Claro que, nesta conclusão, cabem vários motivos: contratam-se seguros para tudo, até para um telemóvel, logo, se há mais apólices, também haverá mais participações; o💥️ consumidor é cada vez mais atento e conhecedor dos seus direitos; as seguradoras mantêm a tradição de, recusando num primeiro momento a responsabilidade, não fazerem acordo fora dos tribunais. Mas pretendo, nestes parágrafos, centrar-me num motivo mais abrangente e que tem vindo e virá a mudar o paradigma do setor: as alterações climáticas.

Quem trabalha na área, tem, com certeza, v💥️erificado o aumento do contencioso relacionado com fenómenos climáticos e meteorológicos: a inundação decorrente da última tempestade que levou o proprietário do imóvel a acionar o seguro; a inundação da estrada que levantou tampas de saneamento, provocou um acidente e levou o condutor a demandar o Município, a entidade responsável pela estrada e, por força da transferência da responsabilidade, as Seguradoras; o empresário agrícola que, por força das altas temperaturas no interior, viu arder os cultivos e os pavilhões de trabalho, pretendendo, portanto, receber a indemnização a suportar pela Seguradora.

São casos concretos e reais com que nos deparamos todos os dias. 💥️A relação entre este setor do Direito e a ciência é, nos dias de hoje, inegável.

Segundo a Agência Europeia do Ambiente, as perdas económicas anuais na União Europeia (UE), causadas por fenómenos meteorológicos extremos, atingiram 💥️um valor recorde de 59 mil milhões de euros em 2023 e de 52 mil milhões de euros no ano seguinte. Falamos de perdas causadas por grandes inundações, ondas de calor, incêndios e secas.

Ora, as “mesas redondas” sobre o tema têm vindo a passar a mensagem de que as instituições financeiras e seguradoras terão de apoiar as empresas e os singulares a lidar com as consequências das alterações climáticas. 💥️As apólices não poderão negar a catástrofe, pelo contrário, devem redesenhar-se de forma a aliviar os afetados por tais catástrofes.

Antes disso, porém, 💥️impõe-se a prevenção. E, convenhamos, o setor segurador será dos mais interessados no combate às alterações climáticas e na mitigação do risco.

A Insurance Europe, federação europeia de seguros e resseguros (da qual faz parte a Associação Portuguesa de Seguradores) já af💥️irmou o seu apoio aos objetivos do Acordo de Paris e do Acordo Verde Europeu. Ao mesmo tempo, compromete-se a estar presente nos momentos de crise climática que já não conseguiremos evitar.

Em concreto, propõe às seguradoras:

Que trabalhem a sua c💥️apacidade para assumir e diversificar os riscos em nome dos clientes e lhes fornecer o apoio financeiro de que necessitam para fazer face às consequências das alterações climáticas;Reúnam “conhecimento e experiência em gestão de risco para ajudar os clientes e o setor público a construir uma consciência de risco,💥️ reduzindo a exposição e aumentar a resiliência aos impactos das alterações climáticas, incluindo uma abordagem de “construir melhor” após os eventuais danos ocorridos”;Invistam na transformação da sustentabilidade, 💥️uma vez que são os maiores grupos de investidores institucionais na Europa, com mais de 10 biliões de euros em ativos;Organizem a criação de uma “💥️base de dados europeia ESG para que os investidores tenham acesso de forma eficiente aos dados comparáveis e fiáveis de que necessitam para um investimento sustentável”, entre outras medidas.

Caminhamos, inevitavelmente, 💥️para a discussão de um novo quadro de regulamentação, antecipando-se a necessidade de melhoramento e especialização de apólices que melhor acautelem os segurados face aos fenómenos climáticos que, com maior frequência, se adivinham.

Esperamos, ainda, que este compromisso de investimento, de estudo, de prevenção e de preparação seja real e se mantenha a ser trabalhado pelo setor que, como assume a federação, 💥️reúne as melhores condições financeiras para o efeito, a par do interesse que, como já disse, inegavelmente tem nesta matéria.

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