Bolsa nacional rende pouco, mas continua a superar a concorrência &
A bolsa nacional está longe de ser o mercado com o melhor desempenho do mundo. Nos últimos 50 anos, por exemplo, 💥️as ações portuguesas contabilizaram uma taxa de rendibilidade real média de apenas 0,9% por ano. É muito pouco. No entanto, fica bem acima do desempenho alcançado por outros ativos, como as obrigações do Tesouro e os bilhetes do Tesouro que, no mesmo período, apresentaram perdas reais anuais de 0,5% e 0,8%, respetivamente.
A mesma conclusão é revelada por um estudo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) apresentado na segunda-feira, que tem por base um período de investimento de 25 anos – entre 31 de dezembro de 1996 e 31 de dezembro de 2023 –, o comportamento de vários ativos e instrumentos financeiros e diferentes estratégias de investimento.
As ações revelam-se no ativo mais rentável no longo prazo, desde que esses ganhos não sejam “comidos” pelas comissões de negociação.
De acordo com a CMVM, 💥️15 mil euros aplicados a 31 de dezembro de 1996 numa carteira de títulos que replicasse o índice acionista PSI Geral resultaria num valor acumulado de 53.941,16 euros ao fim de 25 anos, sem considerar comissões e impostos, como resultado de uma taxa de rendibilidade média de 5,25% por ano.
Este retorno nominal de quase 39 mil euros foi 25% superior ao gerado por uma aplicação semelhante em obrigações do Tesouro a 10 anos, 41% acima do oferecido por Certificados de Aforro e mais do dobro do ganho gerado com juros de depósitos a prazo.
Mesmo após a dedução de comissões e impostos, o diferencial dos retornos oferecidos entre estes ativos financeiros não se altera significativamente, mantendo-se o💥️ investimento em ações como a aposta mais rentável para os investidores. O mesmo sucede quando é considerado o efeito da inflação na carteira dos investidores.
Segundo cálculos da CMVM, 15 mil euros aplicados a 31 de dezembro de 1996 numa carteira que replicasse o PSI Geral chegou a 31 de dezembro de 2023 com a total preservação do capital inicialmente investimento acrescido de um ganho real (subtraído pelo efeito da subida da inflação) e já descontado de impostos e comissões de 18.122,98 euros, como resultado de uma taxa de rendibilidade média real de 3,2% por ano. Já os mesmos 15 mil euros aplicados em depósitos a prazo ao longo destes 25 anos traduziram-se em perdas reais de 3.234 euros, correspondente a uma taxa de rendibilidade real média anual de -1% durante este período.
No entanto, não deve ser descurado que, se em vez de uma carteira que replicasse o PSI Geral, fosse apenas considerado as maiores empresas da Euronext Lisboa presentes no índice PSI (outrora PSI 20), o investimento de 15 mil euros a 31 de dezembro de 1996 ter-se-ia traduzido em ganhos de apenas 6.077,78 euros (já considerando os dividendos pagos) — cerca de 0,14% por ano — e ficaria abaixo dos ganhos de 6.552,39 euros oferecidos pelos Certificados de Aforro.
Peso das comissões penalizam fortemente ganhos em bolsa
As simulações da CMVM salientam também que 💥️nem sempre uma estratégia feita apenas de reforços regulares na bolsa portuguesa se revela no plano mais bem-sucedido para os investidores.
Segundo contas da CMVM, uma carteira construída a 31 de dezembro de 1996 que replicasse o PSI Geral através de uma dotação inicial de 600 euros e, durante 25 anos fosse reforçada também com 600 euros por ano, chegaria a 31 de dezembro de 2023 com um montante investido de 15 mil euros que se traduziu num ganho real acumulado de 3.667 euros, o equivalente a apenas 17% dos 18.122,98 euros gerados com um só investimento inicial de 15 mil euros.
Apesar dos momentos de crise nos últimos 25 anos, os mercados de valores mobiliários em Portugal, sobretudo o acionista, apresentaram-se como alternativas viáveis e vantajosas para investimentos de longo prazo.
O fosso ainda seria maior se em vez de um reforço anual fosse adotado uma estratégia de reforços constantes de 50 euros mensais e com uma dotação inicial de também 50 euros. Neste caso, o investimento numa carteira que replicasse o índice PSI Geral teria uma perda líquida real de 394,66 euros, que compara com perdas de 2.203,4 euros de uma aplicação exclusivamente em depósitos a prazo e com ganhos de 1.834,18 euros gerados por Certificados de Aforro com o mesmo método de investimento.
Esta discrepância de resultados é explicada por dois movimentos:
💥️O tempo: Quanto mais cedo for realizado o investimento, mais tempo esse capital tem para crescer e tirar proveito do movimento dos juros compostos, com a carteira a valorizar não apenas sobre o capital inicial mas também e sobretudo sobre os ganhos que for gerando ao longo do tempo.💥️As comissões: As ações revelam-se no ativo mais rentável no longo prazo, desde que esses ganhos não sejam “comidos” pelas comissões de negociação. Isso é particularmente visível quantas mais transações forem realizadas e quanto menor for o montante aplicado de cada vez que se vai ao mercado.O exercício da CMVM teve também em conta a análise do desempenho dos fundos de investimento abertos por classe de risco. As conclusões apontam para que 💥️os fundos da classe 4 (risco elevado) foram os que proporcionaram os maiores retornos líquidos ao longo dos últimos 25 anos. Por exemplo, um investimento regular de 600 euros anuais em fundos da classe 4 resultaria num valor líquido de 26.383,86 euros ao final de 25 anos, superando significativamente outras opções.
O estudo da CMVM conclui que, 💥️apesar dos momentos de crise nos últimos 25 anos, os mercados de valores mobiliários em Portugal, sobretudo o acionista, apresentaram-se como alternativas viáveis e vantajosas para investimentos de longo prazo. Segundo o exercício da CMVM, Investir em ativos sintéticos que replicam o PSI Geral e em fundos abertos de risco elevado teria proporcionado retornos líquidos superiores aos tradicionais depósitos bancários e à dívida pública, como obrigações do Tesouro e Certificados de Aforro.
Estes resultados sublinham a importância de uma estratégia de diversificação e a consideração de produtos financeiros mais dinâmicos para maximizar os retornos de investimento.
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